quinta-feira, 12 de abril de 2012

As piores dietas de todos os tempos

texto escrito por Cristina Almeida para a revista "Viva Saúde"

Reunimos um grupo de especialistas para saber quais programas de emagrecimento, além de não funcionarem a longo prazo, são um grande perigo para o seu organismo.

Faca de dois gumes. É assim que dietas famosas, como Atkins e tantas outras, pdoem ser definidas. Embora ajudem a movimentar o ponteiro da balança para baixo, a maioria delas coloca a saúde em grande risco. Segundo os especialistas ouvidos na matéria, esse tipo de dieta faz sucesso porque vende a idéia de que perder peso é rápido e não demanda empenho.

Na opinião do cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Instituto de Metabolismo e Nutrição (ImeN), as pessoas insistem nessas fórmulas prontas porque "querem acreditar que uma dieta esdrúxula pode resolver seu problema de peso. Nessa horas, a lei do mínimo esforço prevalece. Entretanto, é preciso entender que não existem milagres."

Para o endocrinologista Márcio Mancini, presidente do departamento  de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), os resultados dessas dietas  milagrosas não compensam, pois a cada nova onda as pessoas ficam mais pesadas: "São raros os pacientes que querem de fato mudar hábitos, o que exige tempo.  Isso explica porque a redução do peso com dietas da moda não se mantém".

A nutricionista funcional Patricia Davidson Haiat afirma: "Diante da possibilidade de vestir uma roupa nova para a festa do próximo fim de semana vale tudo. Mas, como nos contos de fadas, o feitiço vira contra o feiticeiro e o resultado é desastroso".

Os especialistas concordam que a prática dessas dietas podem até levar ao emagrecimento, mas isso acontece só porque há restrição do consumo de alimentos específicos em um determinado espaço de tempo. Contudo, juntamente com a diminuição do peso, o corpo passa a sinalizar deficiências em suas taxas de minerais e vitaminas: "Se uma pessoa tomar só sopa e comer só fruta por uma semana, certamente perderá alguns quilos. O que se segue são tonturas, cansaço, cãibras, instabilidade de humor, dor de cabeça e fraqueza", avisa Patricia. Mas quando a dieta termina e a rotina alimentar se restabelece, todo o peso perdido é readquirido e o processo de emagrecimento fica ainda mais difícil.

Segredo revelado

A realidade dos consultórios revela outros efeitos colaterais: é comum a pessoa que pratica esse tipo de dieta apresentar níveis de colesterol e ácido úrico alterados, resultado do alto consumo de proteínas. Quando o cardápio restringe esse nutriente, desnutrição é a surpresa desagradável no diagnóstico final. Hipertensos podem ver a pressão nas alturas com regimes que liberam o consumo de embutidos. Já nos programas que proibem ou diminuem o consumo de fibras, diarréias e colites são frequentes. À lista das más notícias, soma-se o fato de que a supressão de carboidratos pode desencadear a hipoglicemia.

Para emagrecer com saúde só há  um caminho a seguir, diz Magnoni,  "e ele é o resultado da associação de vários fatores, dieta balanceada, individualizada, fracionada, rica em fibras, pobre em gorduras saturadas, açúcar e sal". E pondera: "Pode até existir restrição calórica, mas ela deve se adequar à necessidade mínima diária, respeitando parâmetros como idade, sexo, peso inicial e altura, além de maiori atividade física".

Patricia acrescenta que a ajuda de um especialista neste processo é muito importante: "Como alguns apresentam maior dificuldade para emagrecer, em razão de distúrbios hormonais, metabólicos ou sensibilidade alimentar, somente o profissional é capaz de planejar uma dieta conforme o gosto e a rotina da pessoa. A reeducação alimentar parte desses princípios, já que deverá ser mantida por toda a vida".

O que a ciência garante

Dietas da moda passam longe de estudos científicos, mas, como a obesidade, é considerada uma epidemia nos EUA, pesquisadores norte-americanos resolveram testar o que realmente funciona. Foi assim que cientistas da Kaiser Permanente Center for Health Research, concluíram que manter um diário alimentar é capaz de dobrar o número de quilos perdidos. Após a análise de 1700 pessoas, a maioria delas obesa, observou-se que anotar tudo o que se come permite a conscientização da quantidade de alimentos consumida diariamente.

Outro estudo realizado pela Universidade de Washington revelou que sábado e domingo são os piores dias para exagerar no consumo de calorias e diminuir a prática de exercícios. A pesquisa mostrou que os deslizes do fim de semana podem levar à aquisição de 4,08 kg ao ano, mesmo para aqueles que não estão acima do peso. A sugestão dos especialistas é usar a balança todos os dias para controlar exageros e compensá-los.

Dieta da sopa

Na teoria: propõe o consumo de apenas caldos de legumes e verduras no almoço e jantar, com a ingestão de líquidos durante os intervalos. A promessa é a perda de 4 kg em uma semana.

Na prática: o cardápio não supre as necessidades de proteínas e nutrientes exigidas pelo organismo e, se praticado por longos períodos, pode acarretar a perda de massa magra (músculos) e não de massa gorda (gordura). Outro agravante é que a dieta pode desencadear desequilíbrios nos níveis de ferro, vitaminas do complexo B, que se manifesta por meio de sonolência, fraqueza, mal-estar e dor de cabeça.

Quem deve evitar: como é muito restritiva, pode causar desnutrição e queda de pressão. Por isso é desaconselhada para todos, principalmente para quem pratica atividade física intensa ou tem pressão baixa.

Dr. Atkins

Na teoria: parte do princípio de que as principais fontes de energia do corpo são os carboidratos e a redução do seu consumo forçaria o corpo a buscar alternativas, como a queima de gorduras. Assim, queijos , carnes e outros alimentos ricos em proteínas estão liberados. Perde-se entre 3 kg e 4 kg na duas primeiras semanas.

Na prática: por ser rica em gorduras ruins  para o organismo, a longo prazo, pode causar problemas cardiovasculares. O cardápio é pobre em fibras, vitaminas e minerais, e não supre a necessidade de carboidratos (no início limitada a 20 g). Tal fato prejudica a prática de atividades físicas, e pode interferir na capacidade de concentração e raciocínio.

Quem deve evitar: como dá preferência às proteínas, é desaconselhada para todos, mas em especial para quem possui problemas cardiovasculares.

Tipo sanguíneo

Na teoria: a elaborada a partir da observação de que cada tipo sanguíneo (O, A, B e AB) possui características digestiva e imunológica comuns.

Na prática: conforme o tipo sanguíneo, a dieta aplica restrições e proibe o consumo de nutrientes essenciais; tais limitações, por si só, levam á perda de peso. Entretanto, alguns grupos são prejudicados pela escassa ingestão de alimentos importantes como frutas (O), laticínios (O), verduras e legumes (A), peixes (A).

Quem deve evitar: pela restrição, o cardápio leva ao desequilíbrio nutricional. É desaconselhada para todos, mas principalmente para diabéticos, cuja dieta diária deve incluir percentuais precisos de carboidrato, gorduras, proteínas, fibras, vitaminas e sais minerais, estes últimos obtidos com o consumo de 2 a 4 porções de frutas diárias e 3 a a 5 porções de hortaliças.

Enzimas

Na teoria: parte do princípio de que cada grupo alimentar deve ser ingerido isoladamente, pois o organismo não possui enzimas capazes de digerir todos os alimentos ao mesmo tempo. Por exemplo, o carboidrato nunca pode ser ingerido com proteína.

Na prática: as evidências clínicas são contrárias á teoria: o corpo depende do consumo de todos os grupos alimentares para funcionar adequadamente. A perda de peso é consequência da restrição imposta, o que é inadequado e leva à perda de líquidos e não de gordura.

Quem deve evitar: como oferece poucas variações de cardápio e conta com as escolhas livres de cada pessoa, a longo prazo, desequilibra o consumo das quantidades mínimas diárias de nutrientes essenciais. Desaconselhada para todos, é proibida para pessoas com anemia ou carências nutricionais.





Para realmente emagrecer, você deve:

- Reeducar-se: dietas muito restritivas devem ser evitadas. O segredo é a reeducação alimentar saudável. Não existem milagres!

- Comer a cada 3-4 horas: fracione as refeições para turbinar o metabolismo e controlar a fome. Nos intervalo das principais refeições, prefira frutas.

- Selecionar os alimentos: prefira carboidratos integrais, ricos em fibras, e modere o consumo de refinados, coma mais frutas, legumes e verduras, pois eles são fontes de vitaminas e minerais e contribuem para o emagrecimento.

- Equilibrar as refeições: reforce o café da manhã e controle a quantidade de alimentos ingeridos à noite. Mastigue bem os alimentos.

- Colorir o prato: quanto mais cheios de cores, mais completa a oferta de nutrientes. O visual e o aroma também auxiliam na mudança de hábitos alimentares.

- Mexer-se: a prática de atividade física deve ser regular e nunca feita em jejum. A alimentação correta antes e depois do treino auxilia na perda de peso efetiva. Aumentar a massa muscular é garantir maior gasto energético em repouso. Por isso musculação é indispensável.

- Hidratar-se: para queimar gorduras, precisamos de água e, além disso, ela ajuda a reduzir o apetite, pois o organismo confunde fome com sede. Atenção: a bebida não pode ser substituída por chás ou refrigerante. O que hidrata as células é água!


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