quarta-feira, 20 de junho de 2018

Minha péssima escolha de amigos - Walcyr Carrasco


Com evidente talento para bons negócios e truques financeiros, eu teria feito fortuna na vida política

Não sei escolher amigos. Diante do noticiário, descubro que amizade, real e verdadeira, é diferente de tudo que eu pensava. Vejam bem. O amigo do Aécio, segundo uma gravação, arruma R$ 2 milhões para ele pagar o advogado. O do Cunha, também segundo uma gravação, entrega uns R$ 500 mil por semana. Um amigo do Lula arruma tríplex, reforma. Sítio também. E ainda paga R$ 200 mil por palestra. Outro, em um vídeo, fala que destinou US$ 70 milhões ou US$ 60 milhões a Lula e outro tanto a Dilma. Os do Geddel enchem um apartamento de malas e caixas de grana. Meus amigos só perguntam se estou bem. Ouvem meus desabafos. Trocam WhatsApp. Muito de vez em quando, pagam um jantar. Mas no próximo a conta é minha. É o que digo, não sei mesmo escolher amigos.

Tive a chance de progredir no caminho do ganho rápido, por meio de amigos. No meu primeiro ano de escola, aos 7, eu estava inocentemente no recreio. Um amigo da classe aproximou-se e me ofereceu um relógio. A princípio eu não queria, mas ele insistiu tanto que comprei pelo equivalente a um pacotinho de balas. Cheguei em casa todo feliz com meu novo relógio, de adulto.

– Comprei!

Meus pais examinaram.

– Esse relógio vale muito mais – disse meu pai.

– Amanhã você leva na escola e entrega para a professora – exigiu mamãe.

Chorei, bati o pé. O relógio era meu! Não teve jeito. No dia seguinte, mamãe o embrulhou em papel de seda. Entreguei. O relógio era roubado! Meu amiguinho acabou saindo da escola. Chorei loucamente enquanto levavam meu precioso relógio. Frustrado, meu primeiro golpe! Poderia ter ido longe, começando tão bem aos 7 anos! Em breve possuiria uma coleção de relógios. Aos 10 talvez já tivesse um sítio em Atibaia!

Mais tarde, tentei desenvolver meu talento, outra vez. Eu passava as férias na casa de meus primos. Certo dia, titio deu 2 cruzeiros a meu primo e 1 para mim. Fiquei ressentido, óbvio. Melhor 2 do que 1, pensei com a lógica elementar de um Geddel. Na tarde seguinte, falei um bom tempo com meu priminho. Provei que a nota de 1 era mais bela que a de 2. Ele trocou! Não houve constrangimento. Meus argumentos eram bons, acredito. Feliz com meus 2 cruzeiros, fui comprar doce na padaria.

Mas meu priminho me delatou! Contou ao pai. Titio premiou a delação com mais dinheiro para ele. E levei uma bronca inesquecível.

– Isso é golpe! – afirmou.

Não tive como me defender, já que sabia perfeitamente a diferença entre 1 e 2. Fiquei sem ganhar mais nada o resto das férias. Logo fiz as pazes com meu primo, claro. Uma delação premiada faz parte da vida, penso com uma lógica bem atual.

Desde então, travei. Admito hoje que foi uma falha na minha educação. Com tão evidente talento para bons negócios e truques financeiros, eu teria feito fortuna na vida política. Estou satisfeito como escritor, não posso me queixar. Mas quanto eu teria hoje, escondido em algum paraíso fiscal? Quem sabe até uma banheira cheia de cédulas, para me banhar como o Tio Patinhas. Mas não. Meus amigos trabalham. Pagam prestações. Compram a crédito. Eu bem poderia ter escolhido outra turma. E daí se fosse dois ou três anos para a Papuda? Aproveitaria o tempo para reler os clássicos.

Só adulto tomei conhecimento dessa categoria de amigos generosos. Mas não na política. Eu trabalhava na extinta TV Manchete. Escrevia uma minissérie, baseada em O guarani, de José de Alencar. Procurávamos índias. Ou seja, moças morenas que aceitassem ficar seminuas para compor a tribo de Peri, o herói. Mais necessária era a nudez que uma grande interpretação. As índias falavam somente algumas frases em um tupi claudicante, escrito por mim mesmo a partir de um dicionário. Tive uma longa conversa com uma candidata muito bonita, morena de olhos verdes. Um delírio de mulher.

– Não importa o salário, quero fazer televisão – disse ela. – Tenho um amigo que me dá tudo. Outro dia me deu um carro zero.

Admirei-me com tanta generosidade. Dos meus amigos, nunca recebi um par de patins! Ao longo da vida, conheci outras moças – e rapazes – que ganhavam apartamentos. Joias e Rolex. Mas isso é bobagem perto de amigo de político. Esses sim são generosos!

Tivesse desenvolvido meu talento, hoje já estaria no mínimo fazendo uma delação premiada. Quem tem o que delatar, tem o que guardar, eis minha lógica. Mas estou aqui, de noite, teclando. Culpa de mamãe, papai e titio, que me fizeram honesto!


(texto publicado na revista Época de 26 de setembro de 2017)

terça-feira, 19 de junho de 2018

Entrevista com Armie Hammer, Timothée Chalamat, Michael Stuhlbarg e Luca Guadagnino (Call me by your name)


O que é "whitewashing" ? - Marcel Nadale


Termo está no centro do polêmico novo filme de Matt Damon

A Grande Muralha, claro, se passa no mais famoso monumento da China. Mas não estranhe se você notar que a palavra mais associada ao filme é um termo em inglês, não em mandarim. O épico vem sendo criticado por promover o "whitewashing": a escalação de brancos em papéis que deveriam pertencer a atores de outras etnias ou a decisão de colocar sempre um personagem branco como herói - mesmo em histórias que se passam em outra cultura ou país. No caso, William Garin (Matt Damon), e uma tropa de elite se posicionam na muralha para impedir o avanço de monstros taotie, da mitologia chinesa. O filme não foi o único a cometer o erro.

O último mestre do ar

A versão live action do desenho Avatar: The Last Airbender escalou um norte-americano, Noah Ringer, como protagonista. Foi um fracasso por vários motivos - entre eles, a campanha de boicote #AangAaintWhite ("Aang Não é Branco")

Peter Pan

Outra adaptação equivocada. Como cereja do bolo, a norte-americana Rooney Mara viveu Tiger Lilly, uma personagem indígena. Mara pediu desculpas depois: "Nunca mais quero estar do lado errado desse debate novamente"

Vigilantes do amanhã

A versão do mangá/anime Ghost in the Shell estreia com um elenco polêmico: só os papéis secundários foram mantidos com atores orientais. Os principais foram para os norte-americanos Scarlett Johansson e Michael Pitt

Doutor Estranho

O Ancião, tradicionalmente retratado como tibetano nas HQs, foi vivido pela inglesa Tilda Swinton. O debate pegou fogo - e forçou a atriz a até revelar e-mails particulares que trocou com a comediante Margaret Cho, de ascendência asiática, sobre o problema.

Sob o mesmo céu

Emma Stone parece filha de havaianos e chineses para você ? Para o diretor e roteirista Cameron Crowe, que criou a personagem Allison Ng, sim. "Aprendi como o problema do 'whitewhasing' é prevalente", desculpou-se a atriz depois.


(texto publicado na revista Mundo Estranho edição 191 - fevereiro de 2017)

Visita ao podólogo dá fim a problemas "crônicos"


Sobre eles, recaem todo o peso do corpo e, dependendo do tanto que são exigidos a resposta é imediata: os pés chegam a latejar de dor e colocá-los sobre o chão é um tormento. Mas nem precisa caminhar muito para sentir o quanto eles são sensíveis. "Problemas recorrentes como calos, unhas encravadas e até bolhas deixam o andar, o bem-estar e a aparência comprometidos", dizem os especialistas. Veja as dicas a seguir:

Unha encravada nunca mais

Ela é um tiquinho de unha, mas incomoda para caramba. A unha encravada caracteriza-se pela curvatura inadequada da unha, que a faz crescer perfurando a pele, o que pode causar, além da dor, outras complicações. "O inchaço acontece quando a derme é atingida, mas quando a perfuração é mais profunda e atinge a epiderme, cujo tecido tem vasos sanguíneos, o  organismo fica exposto a infecções e inflamações", salientam os especialistas. 

O problema pode ter origem genética, pode ser provocado pelo corte incorreto da unha, pelo uso de um calçado inadequado, que tenha o bico fino demais, por exemplo, e até pelo excesso de peso, que pode interferir no formato da unha.

Solução: a causa do problema deve ser identificada para prevenir o drama. Se é o calçado, então ele deve ser aposentado. O corte errado também pode ser corrigido a partir do tratamento uma vez por mês com um podólogo.

Para os casos mais complexos, como formato anatômico genético, existem aparelhos específicos chamados de órtese, semelhantes aos aparelhos ortodônticos, que vão remodelar a curvatura da unha. "Eles necessitam de manutenção mensal e o tempo de tratamento pode variar de alguns dias até seis meses", explicam.

Um dos mais usados é o modelo ômega, que usa dois braquetes (peças) e um fio metálico. O aparelho é colocado somente na unha que precisa ser consertada, em geral usada na do dedão, pois é a única com espaço suficiente - já que são necessários aplicar dois braquetes em sua superfície, que são ligados ao fio, formando uma espécie de mola, que vai tracionar e levantar as laterais da unha. Outro método indicado para a unha do dedão - e que tem o mesmo princípio da ação - é o botton, também usado na ortodontia. A peça tem formato arredondado e, em vez do fio metálico, usa um elástico para forçar a unha a levantar.

A órtese indicada para tratar o problema em todos os dedos chama-se fibra de memória molecular, e é colada sobre as unhas, primeiramente assumindo a curvatura que já existe, mas como atinge vários graus de flexibilidade, vai provocar uma força e trazer a unha para a posição correta.

Abaixo os calos

O excesso de peso ou calçados apertados são os motivos mais comuns para a formação de calos (quando ocorrem em um ponto localizado) e calosidades (quando abrangem uma região extensa). "Essas formações são uma reação do organismo que, para se defender de um atrito contínuo e externo, aumenta o depósito de queratina na pele toda vez que a região é afetada", explicam os especialistas.

O tratamento consiste em se livrar da causa do problema. Dê adeus àquele sapato lindo, se ele for o motivo do incômodo. O podólogo vai debastar cuidadosamente as camadas da região onde houve a queratinização usando aparelhos específicos e, por fim, fazer um lixamento adequado, que não deixe a pele muito fina e vulnerável a ponto de se defender produzindo mais queratina.

"Em casa, nunca corte os calos e calosidades com lâmina, alicate ou tesoura, que só irá acentuar e aumentar o problema", alertam os podólogos. Calos e calosidades também podem aparecer por problemas ortopédicos como o pé chato. Mas, nos casos mais delicados (que envolvem estruturas ósseas), o podólogo deve enviar o caso para um ortopedista.

Bolhas nunca mais

Elas também são uma reação natural do organismo quando a pele dos pés foi muito atritada, pelo uso de um sapato, meia ou outra agressão. O acúmulo de líquido é uma defesa do organismo que, para proteger as estruturas internas, acaba formando um colchão de água na região.

Os especialistas são categóricos ao dizerem que a bolha jamais deve ser perfurada. 'Fazer isso pode abrir a porta para a entrada de fungos e bactérias, que podem gerar uma infecção grave". Nesse caso, o trabalho do podólogo não vai além de higienizar o local com soro fisiológico e fazer um curativo. Mas o profissional vai alertar a pessoa para a gravidade do caso e recomendar que procure um médico.


(texto publicado na revista Leve & Leia nº 152 - ano 11 - junho/julho 2018)

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Otimismo: ele nos trouxe até aqui. Sem ele não avançamos - Adriana Dias Lopes & alli


O otimismo é o vinho tinto das emoções. Uma ou duas taças por dia fazem um bem enorme. Duas garrafas arruínam a pessoa. A diferença de volume da bebida ilustra os dois tipos de otimismo, o racional, uma das conquistas evolutivas mais preciosas da espécie, e o irracional, a fonte de grandes tragédias históricas e fracassos pessoais. A média das mais amplas pesquisas já conduzidas sobre o tema revela que cerca de 80% das pessoas são otimistas. Essa é a parcela da humanidade capaz de enxergar o copo meio cheio. A outra parcela, a minoria, cuja mente vê o mesmo copo meio vazio, tem uma única vantagem sobre a maioria, pois, como diz o ditado, "o pessimista só tem boas surpresas".

O otimista tem más surpresas e é capaz de assimilá-las e transformar o azedume em doce limonada. Do ponto de vista da psicobiologia, o pessimismo é um defeito na fiação cerebral pois a evolução premiou os otimistas com enormes vantagens psicológicas. Afinal, como sair da caverna e disputar a comida com um tigre-dentes-de-sabre sem calcular como positivas suas chances de vencer a fera? Como acordar cedo, trabalhar e ter filhos sem a esperança de que o dia seguinte será melhor que o anterior? Por que investir na criação de uma empresa sem a confiança em que ela vai crescer, gerar empregos, dar lucros e perpetuar o nome de seu fundador? Como se deixar trancar em uma cápsula no topo de um foguete com energia suficiente para iluminar uma metrópole por um mês sem a confiança racional em que as probabilidades de o voo dar certo estão do seu lado ? Os otimistas movem a humanidade. Eles vivem mais e têm maior resistência às doenças. Quando presos a um leito de hospital, são eles que têm a maior chance de cura. Os otimistas ousam mais, poupam mais e aposentam-se mais tarde. Se, como asseguram os filósofos, a consciência da morte torna o pessimismo inerente à condição humana, o instinto vital se alimenta do otimismo para que a ideia da finitude não nos enlouqueça.

Com todo esse poder, o otimismo não passa de uma ilusão. Mas é um erro subestimar as ilusões. Sem elas, a vida é insuportável. Em seu livro The Optimism Bias: a Tour of the Irrationally Positive Brain (em tradução livre, A Propensão para o Otimisimo: um Desvio no Cérebro Irracionalmente Animado), a neurocientista Tali Sharot, da University College London, lembra que "a ilusão mais perigosa é achar-se imune às ilusões". Ela mostra como está superada a arcana contraposição entre a visão rósea do "melhor mundo possível" do alemão Leibniz (1646-1716) e a de seu feroz opositor, o francês Voltaire (1694-1778). Os estudiosos do comportamento humano avançaram muito e puseram fim à explicação simplista de que o otimista é um sonhador descuidado e o pessimista uma pessoa realista, com os pés no chão. Diz Tali Sharot: "O que nos interessa entender agora é o comportamento do otimista racional, a pessoa que projeta uma ilusão realista sobre seu futuro".

As pessoas mais interessantes são os otimistas com os pés bem plantados no chão. São os arquitetos do futuro, que tomam uma ou duas taças diárias do vinho da ousadia. São as personalidades com um olho nas lições do passado e o outro nas questões do presente e nos desafios do futuro. São ao mesmo tempo raízes e asas. Ilusão e realidade.


(texto publicado na revista Veja edição 2305 - ano 46 - nº 4 - 23 de janeiro de 2013)

domingo, 10 de junho de 2018

O mal de ser carente - Sandra Barilli (Sem Tabus)


Como ser irresistível - Pastor Marcelo (Sem Tabus)


O que meu pai e minha mãe têm a ver com os meus relacionamentos amorosos - Elza Carvalho


Desenvolvimento a autoconfiança - Elaine Cruz e Raquel Rochael |Sem Tabus)


A autoestima e o relacionamento interpessoal - Kedma Nascimento (Sem Tabus)


O ciclo da sabotagem emocional - Kedma Nascimento (Sem Tabus)


Dependência emocional - Juliana Nascimento


domingo, 3 de junho de 2018

Saúde quântica - Samira Menezes


Conheça essa abordagem terapêutica que enxerga o autoconhecimento como remédio para problemas físicos e emocionais

Na grande maioria das vezes, visitas a médicos significam duas coisas: algo não está funcionando como deveria com a sua saúde e muito provavelmente, a pedido seu ou por recomendação médica, você sairá da consulta com uma receita de remédio. Seja para aliviar uma dor, para ajudar a dormir, para desinflamar ou para diminuir o colesterol ou a pressão arterial - tem remédio para tudo, mas, como o nome diz, eles remediam. Não vão curar um problema se a pessoa não mudar padrões de repetição, como alimentação ruim, hábitos nada ou pouco saudáveis, pensamentos e sentimentos negativos", observa o terapeuta Wallace Lima, percursos da Saúde Quântica no Brasil e organizador do 4º Simpósio de Saúde Quântica e Qualidade de Vida, realizado entre os dias 30 de outubro a 1º de novembro de 2015, em Brasília (DF).

Considerada uma abordagem terapêutica alternativa contra problemas de saúde e um estilo de vida, a Saúde Quântica se apoia em teorias da física quântica e em conhecimentos de neurologia para promover bem-estar e qualidade de vida, com alimentação orgânica e exercícios que prometem desenvolver a consciência inteerior. No mundo, a Saúde Quântica ficou famosa graças a figuras como Deepak Chopra, médico indiano radicado nos Estados Unidos e autor de livros de auto-ajuda como A Cura Quântica; e como Dr. Amit Goswami, Ph.D. em física quântica e referência mundial em estudos que conciliam ciência e espiritualidade.

"A Saúde Quântica propõe conhecer as causas da enfermidade e não somente tratar os sintomas com medicamentos. Ela dá ferramentas para a pessoa desenvolver a autoconsciência e entender que ela mesma cria a própria realidade. Esse cuidado permite, por exemplo, que se desenvolva uma consciência alimentar, estando atento àquilo que se coloca no prato", explica o terapeuta.

Essa, porém, é apenas uma das faces da Saúde Quântica, que também propõe a consciência emocional, uma vez que as emoções como alegria, tristeza ou estresse, também são capazes de influenciar no bem-estar. Na prática, essa consciência é desenvolvida com diferentes exercícios, como os de respiração, que promete ajudar a pessoa a se desvincular de experiências negativas do passado e viver o presente em harmonia, com atenção ao tipo de pensamentos e de sentimentos.

"O pensamento e os sentimentos geram energia e criam um campo eletromagnético que afeta o corpo tanto para o bem quanto para o mal. Isso significa que através de pensamentos e sentimentos, a pessoa emite um determinado tipo de padrão vibratório que atrai aquilo que está em sintonia com o tipo de vibração. Se a pessoa tem consciência disso, ela pode qualificar os próprios sentimentos e pensamentos para criar um campo vibracional favorável", destaca Wallace.

Vibração energética

Fato: o corpo humano irradia calor e, portanto, energia. Considerando as lições da física quântica, dá pra concluir então que cada corpo tem uma frequência energética e, a partir daí, começa-se a entender por que os especialistas em Saúde Quântica afirmam que sua saúde e seu bem-estar dependem do tipo de energia que o seu corpo emana.

"Na física quântica, toda matéria, todo organismo, como uma célula, é formado por átomos energéticos. Ou seja, nossas células concentram informações e energia, formando uma espécie de 'usina energética' comandada pelo cérebro", explica Anderson Dalosse de Souza, Diretor Editorial da Revista Saúde Quântica.

Para os especialistas em Saúde Quântica, isso significa que, do ponto de vista energético, até um alimento emana um tipo de energia, pois ele também é formado por células. Por isso, um vegetal orgânico e fresco tem uma estrutura compatível com a energia do corpo. Ao contrário dos vegetais com agrotóxicos, que nada mais são do que venenos. "Dessa mesma forma funciona os pensamentos em desarmonia. A pessoa que sofreu traumas ou que está destilando raiva, ressentimento, ódio e outros sentimentos negativos, também afeta seu campo energético de forma negativa", exemplifica Wallace Lima.

O resultado produzido por esse campo vibracional negativo pode aparecer em forma de doenças. "Emoções repetidas têm o potencial de provocar essa desarmonia. Sabe-se que medo crônico afeta os rins. Raiva e ódio prejudicam o fígado; e tristeza, os pulmões", elenca o terapeuta.

Uma chance de cura

Você foi ao médico e descobriu um problema. Grave ou não, nada está perdido para os especialistas em Saúde Quântica. Um problema de saúde, explica Wallace, pode ser a chance de a pessoa evoluir de alguma maneira, pois ela será incentivada a se auto-investigar para tentar descobrir o que exatamente está causando o problema e, assim tentar mudar sua vibração energética.

Uma maneira eficiente para dar um primeiro reset é pela desintoxicação. A química Conceição Trucom, do site Doce Limão, lembra que todas as culturas antigas e orientais, como a chinesa e a indiana, valorizavam a limpeza interior para intensificar "os trabalhos de evolução e o alinhamento com as frequências de sanidade e lucidez".

Segundo ela, ao mesmo tempo em que o paciente limpa o corpo fisicamente, ele deveria agradecer pela doença, em vez de se sentir derrotado ou com raiva por sofrer de algum problema de saúde. "As manifestações físicas são um momento para a autoanálise. É a hora de saber se o que está acontecendo tem origem psicológica, emocional ou física (ou todas) e desfazer este padrão. Trata-se de um momento para refletir e repensar a vida. Por isso, devemos ser gratos a tudo, inclusive àquela parte do corpo que está se sacrificando para anunciar que algo não está bem", observa a química.

Um processo de desintoxicação é simples - muita água mineral, inclusão de suco verde, consumo de alimentos orgânicos, saunas e momentos de meditação ajudam na limpeza do organismo. O difícil, segundo Conceição, é se livrar do papel de vítima e assumir a responsabilidade pelo que acontece com a própria vida. "Quanto maior a resistência ao autoconhecimento, maior a pressão exercida e a intensidade dos sintomas da doença", afirma Conceição, que explica que muitos problemas crônicos começam com expectativas, preconceitos ou outros sentimentos e pensamentos negativos. Se repetidos e não resolvidos, esses sentimentos podem levar para distúrbios funcionais, como intestino preso e coriza, que debilitam o sistema imunológico. A partir daí, o corpo fica suscetível a inflamações ou os distúrbios físicos agudos, como rinite, herpes, furúnculos, hepatite ou gastrite. "Até que esses distúrbios se tornam crônicos e modificam a estrutura dos órgãos, levando a pessoa a problemas como diabetes, câncer e outras doenças", diz a química.

É possível mudar esse mecanismo? Segundo os preceitos da Saúde Quântica, sim. Mas, tanto o processo de autoconsciência quanto a mudança no campo vibracional e, possivelmente, de cura de uma doença são lentos e dependem exclusivamente da pessoa. "Assim como é possível fortalecer os músculos, também é possível treinar o cérebro para criar novos hábitos através de neuropeptídios no cérebro, também conhecidos como moléculas da emoção. Esse treinamento gera uma nova composição química cerebral que, por sua vez, afeta a genética de forma saudável, se o foco da pessoa for a saúde plena", revela Wallace Lima.

Um pouco de física

A Saúde Quântica se baseia nos princípios da física quântica. Criada apelo cientista alemão Max Planck (1858 - 1947), ganhador do Nobel de física de 1918, e utilizada por Albert Einstein para desenvolver sua teoria da relatividade, a física quântica serve para explicar o átomo, a matéria em suas diversas formas, a origem e a evolução do universo, entre outras coisas.

Por lidarem com partículas invisíveis a olho nu, as teorias da física quântica são difíceis e até bizarras para os leigos. Uma das descobertas dessa disciplina é a dos fótons, partículas eletromagnéticas com um tipo de energia específica que serão absorvidas pelo corpo.

Professor na Universidade Federal de Minas Gerais, e autor do livro Quem Tem Medo da Física Quântica?, o físico Ramayana Gazzinelli explica que, sem os conhecimentos da Física Quântica, hoje não seria possível dispor da tecnologia do GPS nem fazer exames de ressonância magnética e muito menos usar o computador.

O cérebro é flexível

Uma das premissas da Saúde Quântica é a de que os pensamentos são capazes de fazer as pessoas adoecerem ou viverem uma saúde plena. O que não é completamente descartado pela neurologia, visto que o sistema nervoso tem capacidade de se reorganizar, dependendo da condição da pessoa - essa flexibilidade do cérebro se chama neuroplasticidade.

Graças a ela, uma criança com problemas visuais, de fala ou de audição, por exemplo, pode se recuperar até não ter nenhuma sequela na idade adulta. Ou então um adulto pode se recuperar em partes ou totalmente após uma lesão cerebral.

Consciência na prática

Para alcançar a autoconsciência do corpo e da mente, e, consequentemente, a saúde plena, os especialistas em Saúde Quântica recomendam terapias alternativas e complementares, como acupuntura, homeopatia e fitoterapia - todas disponíveis inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS).

Outras atividades recomendadas são aquelas que ajudam a pessoa a focar a atenção no momento presente, como meditação, tai chi chuan e yoga. "Quando você vive o presente, o momento do agora, é mais fácil criar uma realidade melhor", explica Wallace. "Se você ficar preso ao passado, você vai criar circunstâncias para reviver algo que já passou. É como dar volta em círculos, ou seja, manter o mesmo ambiente interno para atrair as mesmas coisas externas porque a pessoa está mantendo o mesmo padrão de experiências do passado. Ela pode até estar pensando no futuro, mas com as motivações das experiências do passado", observa o terapeuta.

Segundo ele, o estado contemplativo experimentado em orações ou  técnicas como a meditação ou a coerência cardíaca dá à pessoa a possibilidade de viver o presente, desenvolver a autoconsciência e de observar os próprios pensamentos. "Quando a pessoa pratica exercícios como o da coerência cardíaca, ela fica atenta aos pensamentos que a colocam para baixo ou de auto-sabotagem, e começa a se desvincular deles, entrando assim em um circuito melhor, procurando aquilo que ela quer e não aquilo que ela não quer. Parece óbvio, mas, na nossa cultura de queixa, as pessoas vibram o que elas não querem", ressalta Wallace. "Quantas vezes você já não repetiu frases do tipo 'eu não quero fazer isso', ou 'eu não quero ver aquela pessoa'?", questiona.

Segundo o terapeuta, quanto mais a pessoa repete (mental ou verbalmente) algo que ela não quer que aconteça, mais ela vai atrair aquela situação. "O cérebro não entende o 'não'. Quando a pessoa fica repetindo algo, até mesmo um conceito abstrato, ela cria sincronicidade, que é a resposta do universo ao que o seu campo magnético está atraindo naquele momento". Vale lembrar que o conceito de sincronicidade foi desenvolvido pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, que usava esse termo para definir a coincidência entre eventos psíquicos e físicos.

Um remédio contra essa auto-sabotagem é a meditação, que ainda melhora a concentração, fortalece o sistema imunológico, diminui os processos inflamatórios e melhora a pressão arterial e a saúde cardíaca. "Em estado de meditação, você consegue encontrar a chave para o alinhamento dos pensamentos com os sentimentos. Por isso, nesses estados é aconselhado pensar em uma situação boa que você viveu ou gostaria de viver porque o cérebro não diferencia o que é real do que é imaginação", explica Wallace Lima. "Assim como as células respondem à qualidade do alimento que você ingere, elas também respondem à qualidade dos seus pensamentos e sentimentos", afirma o terapeuta.a

Mas nada disso vai funcionar se você não tiver fé, pois tão importante quanto praticar uma alimentação saudável e pensar positivo é acreditar naquilo que você está fazendo ou pensando.

Exercício de coerência cardíaca

Segundo os preceitos da Saúde Quântica, alinhar os pensamentos com os sentimentos é uma maneira eficiente para alcançar a autoconsciência. Você consegue fazer a comunicação entre coração e o cérebro com um exercício de respiração chamado coerência cardíaca, que pode ser praticado todos os dias por 3 a 5 minutos.

Para praticá-lo sente-se de maneira confortável em um cômodo sem barulho, de forma a facilitar o relaxamento. Em seguida:

- Descruze braços e pernas, feche os olhos e concentre-se apenas nos batimentos cardíacos, respirando lentamente.

- Imagine o ar entrando, passando em volta do coração e saindo lentamente pelo nariz.

- Relembre então uma situação feliz que tenha enchido seu coração de alegria, paz e gratidão, e reviva esse momento, sempre respirando lentamente e com os olhos fechados.


(Texto publicado na Revista dos Vegetarianos nº 110 - ano 10 - dezembro de 2015)

Ortorexia: Nós e a comida


O caso do ovo é exemplar. A Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) recomenda que uma pessoa não coma mais que 30 mg de colesterol por dia. Um ovo contém 185 mg de colesterol, logo não é indicado ultrapassar dois ovos por dia, certo ? Não exatamente. Segundo a diretriz da AHA, o colesterol que você ingere vai direto para a corrente sanguínea, mas não é bem assim que funciona.

O corpo tem uma espécie de termostato, regulado pela genética, pelos hábitos e pelo estresse, que determina o quanto ele produzirá de colesterol por dia. É curioso, mas a dieta quase não tem participação nisso. Não à toa, um estudo de 2013 mostrou que até tr~es ovos por dia, o equivalente a mais de de 550 mg de colesterol, ajudam a perder peso, reduzir inflamações e - pasme - a manter os níveis de colesterol sob controle. Outra pesquisa, essa de 2006, não evidenciou qualquer associação entre consumo de ovos e risco de doenças coronarianas. isso porque, na verdade, o colesterol é um dos nutrientes mais importantes do corpo: está presente em cada célula e participa da produção hormonal.

Isso não quer dizer que você deva comer uma dúzia de ovos por dia, apenas que você deve consumi-los sem medo. O mesmo ocorre com o leite, o café e a bola da vez, o glúten. Se você não tem nenhuma alergia, intolerância ou problema intestinal, não há por que eliminar qualquer ingrediente da dieta. "O corpo precisa de uma variedade de alimentos e não consegue fazer substituições fáceis", diz a nutróloga Maria Del Rosário, da Abran.

Em geral, a ortorexia obedece a um ciclo. No início, vem a preocupação em comer de forma saudável e correta. Depois, o indivíduo começa a restringir alguns alimentos ou grupos alimentares inteiros. Em seguida, a obsessão se instala: a pessoa só pensa em comida o dia inteiro e passa a negar convites ou evitar lugares onde possa cair em tentação. A estudante Anna Júlia Moll passou a rejeitar convites para aniversários, encontros com amigos ou jantares em família. "Sinto que perdi a minha adolescência", desabafa.

No auge do transtorno, porém, Anna sentia-se motivada. "Eu comia de forma saudável e estava perdendo peso. Isso que importava", contou. Ela ia religiosamente na academia e dormia "as oito horas por noite necessárias para o músculo descansar". Seguia dezenas de modelos e blogueiras fitness no Instagram e, quando as restrições alimentares a deixavam triste, olhava a timeline e enchia-se de autoconfiança para continuar na linha.

Os especialistas não têm dúvidas sobre a influência das redes sociais no avanço dos transtornos alimentares. Pelo menos dois estudos mediram o impacto dos perfis fitness na autoimagem e no risco de ortorexia. Um deles, feito por pesquisadores do University College de Londres, revelou uma associação entre o uso intenso do Instagram e o transtorno. A prevalência entre os usuários da rede social foi de 44% contra 1% da população em geral. Em outro estudo, realizado pela universidade australiana Macquarie, 150 estudantes disseram que se comparar com outras mulheres nas redes sociais as deixava infelizes e, ao mesmo tempo, motivadas a fazer dietas loucas.

O fato de estar em sintonia com a cultura tem um efeito negativo no tratamento da ortorexia. "Familiares e amigos demoram a se dar conta. Por isso, o comportamento [de fazer restrições alimentares severas] é tolerado", diz a psiquiatra Miriam Garcia Brunstein, coordenadora do Programa de Transtornos Alimentares em Adultos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. É aí que mora o problema. Poucos contestam alguém que usa como argumento a saúde para justificar as escolhas alimentares. Em determinados grupos, quem come junk food ou alimentos tidos como "não saudáveis" é hostilizado.

Foi o que ocorreu com a blogueira norte-americana Jordan Younger. Jordan alçou fama na internet quando adotou o veganismo como estilo de vida. Em nove meses, ela amealhou 300 mil fãs no seu blog The Blonde Vegan, onde pregava os benefícios da yoga, do mindfulness e da dieta raw e vegana, em que excluía não só alimentos de origem animal como os cozidos. "Comecei a viver em uma bolha de restrição. Totalmente à base de plantas, sem glúten, sem óleo, sem açúcar refinado, sem farinha", declarou. Em junho de 2014, Jordan percebeu que a dieta ultrarrestritiva a estava deixando doente. Foi então que escreveu o texto Por que estou me afastando do veganismo - que acabou se transformando no livro Breaking Vegan (Quebrando o Veganismo, em tradução livre).

Foi o suficiente para sofrer represálias. Um dos leitores raivosos escreveu: "Bem, se todos nós podemos 'fazer o que queremos', eu estarei aí para assar a sua família mais tarde". Jordan se manteve firme na mudança e trocou o nome do blog para The Balanced Blonde (A Loira Equilibrada). "Estou avaliando minha dieta e dizendo adeus aos rótulos", escreveu. "Isso é terrível para mim e estou totalmente fora da zona de conforto depois do veganismo. Mas faço isso para o bem da minha saúde física e mental", contou, falando sobre como se livrou da ortorexia.

Muito além dos nutrientes

Demonizar certos alimentos faz parte do comportamento dos viciados em comida saudável. Carne vermelha, comidas processadas, embutidos, farinhas brancas e açúcar costumam encabeçar a lista proibida. É claro que, em excesso, eles podem fazer (muito) mal - o açúcar, por exemplo, é tão viciante quanto a heroína. Os embutidos, quando consumidos diariamente, podem aumentar em 18% o risco de câncer de cólon. Mas bani-los do cardápio também traz prejuízos nutricionais e emocionais. Isso porque comer não é apenas mastigar um punhado de nutrientes. A comida, bem como a forma como a consumimos - muitas vezes, ao lado de pessoas que amamos -, mexe com o humor, impacta a inteligência e interfere nas relações sociais.

Veja o caso da carne vermelha. Um estudo da Universidade Harvard publicado em 2015 revela que podemos atribuir às doses maciças de proteína animal o fato de sermos seres pensantes hoje. Sua entrada na dieta há 2,6 milhões de anos foi decisiva para o crescimento do cérebro humano. Isso porque frutas e vegetais, apesar de ricos em vitaminas, são pobres em calorias e insuficientes para as altas demandas de energia do cérebro. A outra alternativa seria extrair calorias das raízes. O problema era mastigar um aipim cru - tarefa difícil até para os Australopithecos, parentes dos chimpanzés (o hábito de cozinhar os alimentos só chegou bem mais tarde, 500 mil anos atrás).

Para saber quanto tempo nossos antepassados pouparam ao incluir a carne na dieta, os biólogos Katherine Zink e Daniel Lieberman recrutaram 24 pessoas e deram a elas três tipos de vegeais, como cenouras, inhames e beterrabas, e um tipo de carne vermelha. Tudo cru, é claro. Eles calcularam então a quantidade de energia gasta para mastigar e engolir as amostras inteiras, e descobriram que ingerir a carne exigia entre 39% e 46% menos força do que mascar as raízes.

Logo, uma dieta com um terço de proteína animal "poupou" 2 milhões de mastigações por ano, uma redução da ordem de 13% no esforço e na queima de calorias apenas no jantar. Na prática, essa economia não significava mais horas livres por dia, mas muito mais calorias ingeridas em menos tempo. Resultado: passou a sobrar energia para o desenvolvimento desse órgão altamente complexo que carregamos sobre o pescoço. Zink e Lieberman também acreditam que o fato de não precisarmos mais de dentes afiados para rasgar carcaças de animais silvestres resultou em mandíbulas menores e órgãos de fala mais avançados. Ponto para a carne.

Embora não precisemos mais de um churrasco por dia para alimentar nossos cérebros em desenvolvimento, a carne vermelha, junto com peixes gordos, como o salmão, continua encabeçando a lista dos alimentos que fazem bem para a cuca. "Pessoas que eliminam a carne vermelha podem desenvolver demência por causa da falta da vitamina B12", alerta a nutróloga Maria del Rosário. "Geralmente, medicamentos e problemas intestinais podem prejudicar a absorção de B12, mas estamos detectando isso em ortoréxicos", alerta. "Nossa fisiologia determina que nossa dieta seja variada, e não restritiva", diz a psiquiatra Miriam Brunstein.

As razões são evolutivas. Segundo a neurocientista britânica Nicole Avena, o cérebro humano evoluiu ao longo dos séculos para prestar atenção a sabores novos e diferentes. Primeiro, para identificar alimentos estragados - comer algo ruim podia pôr a vida em risco. Segundo, porque, quanto mais variada é a nossa dieta, maiores são as chances de obter todos os nutrientes de que precisamos. Por causa disso, nosso cérebro se move por novidades gastronômicas - é por isso que perfis de alimentação no Instagram e programas de culinária na TV fazem tanto sucesso. Só o que é diferente e saboroso consegue fazê-lo liberar a dopamina, o neurotransmissor do prazer. Se você comer a mesma coisa todo santo dia, o organismo se acostuma e deixa de se sentir satisfeito e feliz após a refeição.

Depois de passar um ano e meio à base de frango, batata-doce ou arroz integral e brócolis, Anna Júlia sentiu os cabelos e unhas enfraquecerem e parou de menstruar durante quase seis meses. "Hoje não posso nem sentir o cheiro de batata-doce e arroz integral", diz. A restrição compulsória dos laticínios também a fez desenvolver uma intolerância à lactose que não tinha.

Nem o vilão açúcar pode ser banido por completo. Os doces, por exemplo, têm papel relevante não só para o paladar - quem não fica feliz diante de um bolo no meio da tarde? -, mas para estreitar laços sociais: você divide uma torta no aniversário dos amigos ou uma sobremesa no almoço de família. Se corta o açúcar, fica difícil encontrar ocasiões sociais tão afetivas ao compartilhar um brócolis. Antropólogos não têm dúvidas que a comida foi um dos fatores que nos transformaram em animais sociais.

Imagine nossos antepassados há alguns milhões de anos, antes do invento da agricultura. Para não morrer de fome, eles precisavam colher raízes e caçar animais silvestres, duas tarefas difíceis de serem feitas por um homem só. De acordo com os estudos da equipe da antropóloga Susanne Shultz, da Universidade de Oxford, a necessidade de buscar comida foi um dos primeiros estímulos à formação de bandos maiores. Compartilhar a presa também fazia todo o sentido. Ninguém conseguia comer um animal inteiro sozinho e não havia geladeira para guardar os restos para mais tarde. Depois de matar um bicho, era preciso cortá-lo em pedacinhos, fazer fogo e assar a carne antes do ataque de moscas e bactérias. Fazia-se, então, uma fogueira, e essas reuniões em volta das brasas forjaram a linguagem, as crenças e, em última análise, as civilizações. Esse comportamento segue no nosso DNA. Ainda hoje, a comida é o maior (e mais saboroso) pretexto para confraternizar.

Anna Júlia percebeu que era hora de parar com as restrições à mesa quando conheceu o namorado. "Fiquei pensando que ele ia me achar uma chata ao me convidar para ir ao cinema e eu recusar a pipoca", lembrou. "O dia mais difícil foi quando aceitei um convite para ir a um churrasco na casa de amigos dele. Eu sabia que teria de comer batata e carne. Mas a ideia de ser taxada de fútil era pior". No início, Anna sofreu para se livrar do controle total sobre o que ingeria. "Fui e comi churrasco com a consciência pesada. Sonhei a noite inteira com a salada de batata", lembra. Mas o medo de desagradar o namorado funcionou como mola propulsora. No dia da entrevista, uma sexta-feira à tarde, ela estava feliz porque antes do almoço tinha comido um bolo que sua avó tinha preparado. "Comida não é só caloria. É afeto, é emoção", disse, aliviada com a nova fase.


(texto publicado na revista Galileu edição 312 - julho de 2017)

sábado, 2 de junho de 2018

Maus hábitos que nos fazem parecer mais velhas e como evitá-los (Casa Beleza)


Pode ser muito divertido sentar diante do espelho e experimentar vários truques de maquiagem ou tentar novos penteados mudando nosso estilo. No entanto, para permanecer bonita, não há maquiagem que dê jeito sempre: primeiro, é importante pensar em levar uma vida saudável e, em segundo lugar, afastar de vez os maus hábitos.

A alimentação é certamente uma parte fundamental para se manter em forma e jovem, mas há muitos truques para “enganar” a passagem do tempo que muitas vezes também são boas escolhas de vida.

O trabalho, o estresse e os inúmeros compromissos muitas vezes nos levam a negligenciar o nosso bem-estar ou a tentar uma infinidade de cosméticos ineficazes. Nessas condições é difícil brigar contra o tempo.

Então, como podemos parar de repetir alguns erros ou continuar a passar por tratamentos e práticas bizarras que nos fazem parecer mais velhas do que a nossa idade? Vamos ler juntas os 10 maus hábitos que devemos evitar:

1) Usar o cabelo sempre preso

Vamos começar pelo erro mais simples de resolver. Todos nós sabemos que usar rabo de cavalo ou coque é muito cômodo. Principalmente no calor. Mas para evitar que o seu cabelo fique todo arrebentado ou ainda que você danifique o seu couro cabeludo seria muito bom que não abusasse dos elásticos que causam pequenos danos diariamente.

2) Assaltar a geladeira a noite

Depois de uma noite de sábado movimentada, ou durante o fim de semana, pode ser que a fomechegue nas horas mais estranhas. Se alimentar depois da meia noite está longe de ser a melhor coisa para o seu organismo, dependendo do que você comer, pode ser ainda pior. Se você não conseguir evitar, pelo menos escolha um snack saudável, como uma fruta seca ou algumas castanhas. Os nutrientes encontrados na ameixa-seca como cálcio, magnésio e vitamina B6, contribuem para a produção de melatonina. (o hormônio regulador do sono).

3) Secador muito quente

Os cabelos são o nosso cartão de visitas! Por este motivo ter cabelos saudáveis nos faz parecer mais jovens. Muito cuidado com o uso da famosa chapinha e do secador. Tente reduzir o uso desses aparelhos ou pelo menos diminua a temperatura na hora de utilizá-los, isso fará com que seus cabelos se mantenham mais brilhantes e saudáveis a longo prazo.

4) Não usar óculos de Sol

As rugas em torno dos olhos são uma das coisas mais chatas para as mulheres. Não usar óculos de sol é um péssimo hábito que pode não só prejudicar sua visão, principalmente se você tem olhos claros, por isso é indispensável colocar os óculos de sol naqueles dias de muito calor e exposição solar direta. O apertar dos olhos para se proteger da luz, ao longo do tempo, pode lhe presentear com alguns pés de galinha!

5) Não usar protetor solar

Proteger seu corpo do raios solares durante as férias de verão, é um hábito essencial para manter-se jovem e saudável, especialmente se você for muito branquinha. As pessoas de pele mais bronzeada também devem aplicar proteção média todos os dias e para aquelas que têm uma pele muito clara, é aconselhável uma proteção bem alta! É muito importante que você use protetor solar diariamente, tanto no verão, quanto no inverno. Até mesmo o seu creme hidratante deveria conter proteção contra os raios UV, e capriche no rosto diariamente, faça chuva ou faça sol. Não se esqueça que estamos embaixo do buraco da camada de ozônio.

6) Dormir com o rosto no travesseiro

Descansar o suficiente é um dos segredos para manter-se saudável por mais tempo e também respeitar a nossa pele, mas a maneira “como” você dorme é fundamental! Se você normalmente acorda com o rosto todo marcado da fronha é porque tem o hábito de esfregar o rosto no travesseiro durante o sono, para evitar rugas à longo prazo tente dormir de barriga para cima, é uma boa maneira de não acordar com o rosto inchado.

7) A alimentação certa

Dietas muito restritivas podem ter efeitos perceptíveis em nossa pele e cabelos, diminuindo a presença de vitaminas em nosso corpo. Uma alimentação saudável deve ser balanceada. Consultar um profissional ao iniciar uma dieta é a melhor opção para não negligenciarmos a ingestão de vitaminas essenciais para o nosso organismo e lembre-se, nossa pele também é um órgão!

8) Dormir maquiada

Entre os “maus” hábitos, certamente o de não retirar a maquiagem antes de dormir é um dos mais comuns entre as mulheres. A oclusão dos poros acelera o envelhecimento da pele pois faz com que ela não respire suficientemente e não consiga se regenerar à noite. Sempre escolha um removedor de maquiagem com base no seu tipo de pele, retire completamente a maquiagem, passe um creme noturno e deixe com que sua pele absorva durante a noite. O brilho do dia seguinte será um sinal óbvio de que você está fazendo a coisa certa.

9) Caras e bocas na hora de praticar esportes

Você já reparou quantas caretas fazemos enquanto estamos tentando levantar pesos ou fazendo abdominais? Obviamente, o movimento repetitivo dos músculos faciais acaba impactando na pele do seu rosto. Se você é uma malhadora compulsiva, vale a pena tentar relaxar a face enquanto você stressa os glúteos. Concentre-se na respiração para eliminar esse problema.

10) Não parar de fumar

O mais perigoso entre os maus hábitos da lista é certamente o de fumar. Abandonar o vício envolve muitos benefícios e, obviamente, nos mantém mais saudáveis. De fato, além de causar doenças graves, fumar envelhece, contribui para a formação de rugas e diminui o brilho facial. Com muita força de vontade, e um pouco de vaidade você conseguirá parar de fumar e vai perceber o quanto se sentirá bem e mais bonita sem a fumaça do cigarro.

Tenha fé - O sol sempre volta a brilhar - monge Luís Carlos de Mello


Dizem dois provérbios muito populares que "não há mal que dure para sempre" e que "só não há jeito para a morte". Mesmo na hora de deixarmos este mundo há a certeza, para quem tem fé, de que não é o fim, mas o retorno para o mundo celestial. A mesma fé deve sempre alimentar a esperança de dias melhores e até mesmo de cura diante de doenças graves e aparentemente incuráveis. Ditos populares existem aos montes e "a fé é a ultima que morre" é outro que faz muito sentido.

É certo que as pessoas não devem se deixar abater pelos períodos de intenso sofrimento que enfrentam ao longo de sua caminhada. "Todas as tardes, o sol desaparece no horizonte e se ergue novamente, sem falta, depois de umas dez horas de escuridão. Então, não há razão para duvidarmos de que ele se erguerá amanhã, depois de amanhã, e assim por diante", diz o autor e mestre japon~es Ryuho Okawa no livro A Mente Inabalável.

Okawa argumenta que algo semelhante ocorre em nossas vidas. "Depois de qualquer dificuldade ou período de sofrimento, você pode ter certeza de que o sol voltará a brilhar. Quando estiver passando por dificuldades ou for atingido por alguma dor no corpo ou na alma, procure olhar calmamente para si mesmo pela perspectiva de outra pessoa, e considere se alguém mais já enfrentou esse mesmo problema. As pessoas costumam pensar que suas dificuldades são enormes e que não há nada que possam fazer para resolvê-las, mas os problemas, na maioria dos casos, não são únicos. Problemas iguais já ocorreram antes e estão ocorrendo agora. Outras pessoas já passaram por angústias e sofrimentos semelhantes aos seus."

Que pais nunca enfrentaram problemas com seus filhos, que filhos nunca tiveram atritos com seus pais? Quem já não teve uma desilusão amorosa, não perdeu dinheiro em um negócio, ou não sofreu dissabores no trabalho? Ou qual família nunca enfrentou entre seus membros uma grave enfermidade, um acidente? Como se tudo isso não bastasse, encaramos hoje de modo crescente o problema das drogas, de violência, da insegurança, de casamentos desfeitos, de tantos casos de gravidez precoce, de imensas carências materiais em um mundo cada vez mais injusto na repartição de suas riquezas.

São maelas que fazem parte de nosso dia a dia. Causam intenso sofrimento e exigem grande força interior e muita fé para serem superadas. O mais fácil seria desistir, entregar os pontos. É muito fácil sorrir quando tudo está bem. Mas é diante da dor e dos sofrimentos que nossa força interior e nossa fé são testadas. "Se você acredita em Deus quando as coisas vão bem, mas deixa de acreditar quando elas vão mal, sua fé não é autêntica. A fé está no íntimo de cada um. Nada que venha de fora pode destruí-la", afirma o mestre Ryuho Okawa.

Muitas pessoas passam a noite sem dormir, virando-se e revirando-se na cama, angustiadas por preocupações. Se você está passando por isso neste momento, reúna forças, procure ajuda. O que o angustia agora não vai durar para sempre. Tenha certeza de que sairá mais forte se encarar seus problemas, sem se deixar dominar por sentimentos de autopiedade, sem sobrevalorizar seus sofrimentos. É muito importante a maneira como conduz sua vida em tempos de tribulação. Sem desânimo nem tristeza, reconstrua sua força e sua fé inabalável em dias melhores. Como ferro derretido nas mãos do ferreiro, você se purificará e se aproximará mais de Deus. Nunca se entregue à autopiedade; ande por seu próprio caminho com tranquilidade e firmeza. Esse é o caminho para fazer o sol nascer de novo ao amanhecer.

É fundamental nunca se esquecer de que um dos caminhos para ganhar capacidade para enfrentar ou conviver com problemas é a prática da meditação. "Quanto mais você praticar a meditação para a paz interior, maiores serão sua capacidade e sua rapidez para resistir às influências negativas das circunstâncias externas. " (Ryuho Okawa, em O Milagre da Meditação). Alimente sua força interior. Mantenha a fé em Deus, fonte da verdadeira felicidade.


(texto publicado na revista Leve & Leia nº 151 - ano 11 - abril/maio de 2018)

Smettila!: Il demotivatore - Daniele Penna


Você pode identificar a ansiedade exagerada observando alguns dos sintomas - Dra;. Teresa Cristina Jordão


Sintomas emocionais da ansiedade

Constante tensão ou nervosismo
Preocupação exagerada e medo
Sensação de que algo ruim vai acontecer
Problemas de concentração e atenção
Descontrole sobre os pensamentos, principalmente dificuldade em esquecer o motivo que lhe causa tensão
Insônia
Irritabilidade
Agitação dos braços e pernas

Sintomas físicos da ansiedade

Dor ou aperto no peito e aumento da frequência cardíaca
Respiração ofegante ou falta de ar
Sudorese exacerbada
Tremores nas mãos ou em outras partes do corpo
Sensação de fraqueza ou cansaço
Boca seca
Mãos e pés frios ou suados
Náusea
Tensão muscular
Dores de cabeça
Dores abdominais ou diarreia

Se 3 ou mais dos sintomas emocionais ou físicos acima citados estiverem presentes frequentemente nos últimos 6 meses, é importante consultar um psiquiatra ou psicólogo para avaliar e indicar o melhor tratamento, pois você pode estar sofrendo de um Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) que é um distúrbio caracterizado pela "preocupação excessiva ou expectativa apreensiva", de acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).

Os distúrbios de ansiedade podem se manifestar de diferentes maneiras. As mais comuns são:

- Síndrome do Pânico: são crises inesperadas de desespero e medo de que algo ruim aconteça. Geralmente traz uma sensação muito forte de morte. A pessoa que sofre dessas crises, vive numa tensão constante à espera da próxima crise e isto a afasta das atividades rotineiras, prejudicando-a em seu relacionamento interpessoal, no trabalho e diminuindo muito sua qualidade de vida.

- Fobia social: não podemos confundir fobia social com timidez. A timidez é uma característica normal em alguns indivíduos, deixando-os ansiosos diante de algumas situações novas, como apresentar-se em público, conhecer novas pessoas, ingressar em um novo emprego. Porém, para estas pessoas, existe uma tendência de que, aos poucos vá se acostumando com as novas situações e pessoas e que a sua ansiedade diminua. Já na Fobia Social, o indivíduo fica realmente apavorado com a ideia de ir a uma festa ou enfrentar uma nova situação, e evita ao máximo qualquer contato social, causando prejuízos para sua vida.

- Fobias específicas: fobia é um medo exagerado de alguma situação real ou fantasiosa. Este medo geralmente está voltado para um determinado foco e assim, determina o tipo de fobia. Por isso temos diferentes tipos de fobias: claustrofobia que é o medo de lugares fechados ou apertados como elevadores ou aviões; acrofobia que é o medo de altura; glossofobia que é o medo de falar em público; aracnofobia que é o medo exagerado de aranhas; catsaridafobia que é o medo de baratas, dentre outras.

- Transtorno do Estresse Pós-traumático: ocorre devido à pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros. A pessoa recorda-se do fato constantemente e isto lhe traz sintomas emocionais e físicos que interferem em sua rotina. Os sintomas podem se manifestar por meio de pesadelos, de fuga de situações ou lugares, sentimentos negativos como perda de esperança sobre o futuro e sensação de vazio.

Todos os distúrbios acima são extremamente prejudiciais à vida da pessoa e, por isso, devem ser tratados por profissionais experientes no assunto.

Às vezes é necessário lançar mão do tratamento medicamentoso para auxiliar o paciente a equilibrar-se, porém, somente o medicamento não é suficiente, pois, quando o paciente deixar de tomá-lo sem ter tratado as causas primárias do distúrbio, todos os sintomas devem voltar.

Por este motivo, a psicoterapia é essencial para o tratamento dos distúrbios relacionados à ansiedade. Na psicoterapia é possível trabalhar mudanças de comportamentos, crenças, visão do mundo e de como enfrentar as situações adversas, com mais leveza, diminuindo a produção de estresse interno. A Terapia Comportamental Cognitiva vem se apresentando, em pesquisas recentes, como uma terapia muito eficaz para o tratamento dos distúrbios de ansiedade, alterando crenças e mudando comportamentos e pensamentos inadequados que fazem com que os sintomas surjam.

Por meio de técnicas como a psicoeducação, a conceituação cognitiva, a reestruturação cognitiva, o teste de evidências, a análise das vantagens e desvantagens das tomadas de decisões e resolução de problemas, o paciente vai se conscientizando de suas distorções de pensamento e percebendo a realidade de forma diferente, passando a controlar os pensamentos e comportamentos inadequados, deixando de apresentar sintomas relacionados ao distúrbio de ansiedade.

Existem diversas alternativas que podem ser utilizadas para auxiliar no tratamento dos distúrbios de ansiedade, tais como o Mindfulness (academiademindfulness.com.br) que é uma forma de meditação que busca focar no aqui e agora propondo um novo jeito de interagir com qualquer coisa que aconteça na nossa vida de maneira mais consciente, aberta e gentil. Além disso, podem ser utilizadas técnicas de relaxamento e visualização que trazem equilíbrio e tranquilidade para enfrentar as situações adversas. Essas técnicas precisam de um treino específico ou ajuda de um profissional para que se possa aprendê-las. Mas há uma técnica de respiração que pode ser praticada facilmente por todos. Veja a seguir como utilizá-la:

Técnica de respiração

Quando estamos ansiosos, tendemos a manter um padrão de respiração rápida, curta e superficial, estilo "cachorrinho". Este tipo de respiração pode intensificar os  sintomas da ansiedade. Por este motivo, é importante manter uma respiração profunda e lenta. Para facilitar, podemos pensar numa "respiração de 4 tempos", onde você inspira 5 segundos, segura o ar por 5 segundos, expira por 5 segundos e mantém o pulmão vazio de ar por 5 segundos. Você pode praticar esta respiração durante 3 a 5 minutos, várias vezes ao dia, sempre que sentir que está mais ansioso.

"Não menospreze seus sintomas de ansiedade. Você pode estar vivendo como um "elástico esticado" que a qualquer momento pode se romper!"

Dicas para ase manter "zen" mesmo diante de grandes desafios

Evite correrias. Se organize no dia anterior com tudo que irá precisar no dia seguinte, evitando levantar correndo, ficar irritado e de mau humor.

Tome um bom café da manhã, com calma, conseguindo, assim, energia para enfrentar o dia.

Mantenha sua agenda de compromissos em ordem. Faça uma lista de coisas que precisam ser feitas para não ficar preocupado em esquecer algo importante.

Evite pronunciar palavras negativas ou ter pensamentos negativos durante o dia. Além disso, não reclame, pois isso diminuirá seu estresse interno.

Se algo ruim acontecer, não deixe que isto estrague o resto do seu dia, aprenda a apagar o que incomodou e siga em frente com alegria e entusiasmo.

Pratique a respiração em 4 tempos (descrita anteriormente).

Faça atividades ao ar livre, caminhadas para relaxar podem fazer muito bem.

Reserve um tempo na semana para o lazer. Conversar, dar risadas, ir ao cinema, ler um bom livro, enfim, faça coisas que lhe tragam alegria.

Procure dar risadas de você mesmo, inclusive dos seus erros.

Viva o momento presente. O passado já se foi e o futuro ainda não existe. O aqui e agora é a única realidade.

Procure algo que a faça relaxar.

Faça psicoterapia. Nada melhor do que se conhecer e saber lidar com as  situações com mais leveza e coragem.


(texto publicado na revista Leve & Leia - fevereiro - março de 2018)

Respirar calmamente acalma a mente


A prática de tranquilizar a respiração conduz a mente a um estado de calma e serenidade. Respirar calmamente ajuda a criar uma energia serena de pensamento. Com isso, desenvolvemos um grande poder de pacificar nossas emoções. Existem muitas técnicas de respiração. O segredo é descobrir o método com o qual você se sente mais confortável e que funciona melhor para acalmar sua mente e seu corpo.

Esse é o passo inicial para a prática da meditação. Mas, para se alcançar um estado meditativo autêntico é preciso compreender bem a razão pela qual praticamos a meditação: para nos libertar de pensamentos negativos, conseguir a elevação de nossa consciência, obter a união com o divino e vivenciar a felicidade de paz interior.

Há diferentes métodos para dominar a mente e fazer conexão com o divino. Em termos gerais, existem três tipos de meditação. O 1º é a chamada "meditação para a paz interior". É uma maneira de sintonizar as vibrações mentais para que se possa receber a luz divina e saborear a felicidade da paz interior. O 2º é a "meditação para esvaziar a mente", um método de não pensar em nada, com o objetivo de alcançar um estado de relaxamento completo. O 3º é a "prática zen", também com o objetivo de criar um estado de paz interior, mas que tem limitações por dar mais importância à forma e à postura.

Independentemente do estilo de meditação adotado por cada pessoa, ela é essencial para chegarmos a um modo de vida mais feliz.


(texto publicado na revista Leve & Leia - fevereiro - março de 2018)

"Reconhecer que precisamos do outro não é fraqueza; só no amor e na sexualidade essa necessidade não é vista como incapacidade pessoal", afirma psicanalista


"É impossível ser feliz sozinho", já dizia a canção "Chega de Saudade", escrita por Vinicius de Moraes e musicalizada por Tom Jobim. O poeta tinha razão, diz a psicanalista Débora Damasceno, diretora da Escola de Psicanálise de São Paulo. "Não somos capazes de viver sós; a necessidade de viver em grupo faz parte da nossa constituição filogenética", explica. "O ser humano não pode cuidar de si mesmo e prover sua própria proteção e alimento".

Mas e quem afirma que vive só e "muito bem, obrigado"? "A solidão é uma grande ilusão. As pessoas podem viver sem a presença de outra pessoa, mas nunca sem uma estrutura social que a ampare - e isto se traduz nos cuidados e serviços de alguém, muitas vezes pagos para tal", explica a psicanalista. "Ainda que eu não tenha ninguém, eu preciso de uma casa - que foi construída por outras pessoas. Preciso de remédio, que foi desenvolvido por uns e é vendido por outros. Não posso ficar sem o alimento que é cultivado, fabricado e comercializado por pessoas. E de um cuidador para quando eu não tiver mais condições de cuidar de mim. Se eu não tiver tudo isso por troca afetiva, terei por troca financeira, pelo dinheiro".

Infelizmente, na visão de Débora, reconhecer a necessidade do outro é visto como fragilidade. "Só no campo do amor e da sexualidade é que podemos declarar a nossa necessidade do outro sem que isto seja visto como incapacidade pessoal. Não soa como uma fraqueza reconhecer a fragilidade diante da vida, a necessidade do amparo, do cuidado e de ter alguém por perto até mesmo para ficar em paz".

A grande questão é que ainda há pessoas que acham que, se temos dinheiro, não importam os valores que pautam a nossa conduta porque "conseguiremos pagar". "Se uma pessoa diz que teve filhos para ter quem os ampare na velhice, será duramente criticada, afinal, não se pode ter filhos com este fim", ilustra a psicanalista. "No amor e no sexo a troca financeira é tabu, não é bem vista. Pagar por comida, por serviços, por saúde, tudo bem. Mas para relacionar-se com alguém, jamais!".

Apesar da modernidade e da correria do dia a dia, fica evidente que a afetividade ainda conta. É um sentimento que nos permite até mesmo assumir quem de fato somos: seres sociais, que precisam do outro para existir. "Embora não exista fórmula para a felicidade, talvez experimente uma sensação de bem-estar, paz e tranquilidade aqueles que têm consideração pelo outro; gratidão pelo que dele recebe e, principalmente, aceitam essa independência."


(texto publicado na revista Leve & Leia - fevereiro - março de 2018)