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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Aromaterapia - Valter C. Costa


Não é de hoje que o homem utiliza os aromas como uma forma de equilibrar energias. Nos antigos pergaminhos do Rig Vedas,na Índia, datados de 2.000 a.C., pode-se ler a seguinte frase: "Venha, minha querida planta, e cure este doente para mim".

A palavra Aromaterapia significa basicamente tratamento com perfume (aroma = perfume; terapia = tratamento). Trata-se de um método de cura considerado alternativo e eficaz.

A cura por meio de fragrâncias e perfumes tem sido feita desde a mais remota antiguidade. Nessa época,o sentido do olfato era importante para o homem, pois lhe garantia a sobrevivência. "Muito antes de ter a capacidade de pensar, no nosso cérebro já se desenvolvera o assim chamado sistema límbico, onde também se situa o sentido do olfato", explica Erich keller em Guia Completo de Aromaterapia. "Em algum momento no tempo, o homem lançou galhos, grama seca e plantas em sua fogueira, percebeu os odores que o envolviam, e sentiu seus efeitos: sonolência, vigilância,lassidão e alegria; na maior parte das vezes, alimentou-se de plantas e de frutos e notou que seu corpo reagia de acordo com o que comia (...) A história da cura pelas plantas e ervas teve assim início e com ela também a história da aromaterapia - o tratamento humano por meio do odor de certas essências".

Os chineses, segundo registros históricos, provavelmente foram uma das primeiras civilizações a usar as plantas aromáticas para o bem-estar. Suas práticas envolviam a queima de incenso para ajudar a criar harmonia e equilíbrio.

Nos livros sagrados hindus Rig Vedas (cerca de 2.000 a. C.), por exemplo, pode-se ler a seguinte frase: "Venha, minha querida planta, e cure este doente para mim".

Entre os egípcios, existia a crença de que os perfumes eram presentes dos deuses aos seres humanos. Existem registros de substâncias aromáticas para fins cosméticos e medicinais datados de 3.000 a. C. No processo de mumificação, usavam óleos essenciais como cedro, canela e mirra. Os Papiros Ebers, documento do antigo Egito que contém a descrição de mais de 900 remédios, descreviam os óleos essenciais como "elementos mais caros do que o ouro e a prata".

Na Grécia Antiga, era comum o uso, pelos soldados gregos, de um unguento à base de mirra (rica em componentes cicatrizantes antissépticos) para tratamento de feridas. O grego Hipócrates, o "pai da medicina", praticava fumigações para conseguir benefícios aromáticos e medicinais. O filósofo grego Theofrasto, em sua obra Além dos Perfumes, afirmava que algumas doenças tornavam-se mais agudas pelo uso da inalação de perfumes estranhos à natureza da pessoa, sendo então necessário um perfume equilibrante para a cura.

Com o progresso da civilização,os óleos corporais, águas aromáticas e incensos foram se combinando para curar o corpo, a mente e o espírito. Essências, perfumes e ervas passaram a ser comercializados pelo mundo. Os árabes traziam para o Ocidente, noz moscada, cânfora, sândalo, etc.

O termo "aromaterapia" foi usado pela primeira vez pelo químico francês René-Maurice Gatefossé. Conta-se que acidentalmente descobriu as propriedades de cura de óleos essenciais. Em um de seus experimentos, ao queimar as mãos, para aliviar a dor no momento, lavou-as com óleo essencial de lavanda. Para sua surpresa, a ferida cicatrizou rapidamente e não apresentou bolhas ou qualquer tipo de infecção. Em 1928, ele adotou o termo "aromaterapia" a esse tratamento e divulgou suas pesquisas sobre o tema, em um livro.

Vários cientistas franceses prosseguiram a sua tarefa, entre eles o Dr. Jean Valnet, presidente da Sociedade Francesa de Fitoterapia e Aromaterapia e antigo cirurgião do exército, que utilizou óleos essenciais para tratar queimaduras graves e feridas de guerra.

Marguerite Maury, pioneira da Aromaterapia Holística, desenvolveu uma massagem especial a aplicar óleos essenciais e introduziu o conceito de prescrição individual.

"Atualmente, os óleos aromáticos são encontrados em estado puro nas drogarias, ervanárias e perfumarias naturais, e fazem parte integrante de massagens e banhos. Nas grandes capitais existem lojas que dispõem de um enorme sortimento de óleos aromáticos, óleos para massagens e banhos, águas de cheiro, lamparinas aromatizadoras e defumadores", diz Keller.


TRATAMENTO

Os óleos essenciais são substâncias orgânicas obtidas de flores, folhas, cascas, raízes e frutos, que atuam de forma simples e direta no corpo humano. Eles são considerados pelo aromaterapeuta como o "sangue" e a "alma" de uma planta; possuem propriedades naturais e vitais que não existem em produtos sintéticos. Seus ingredientes ativos agem no corpo por meio da inalação ou da absorção pelos poros da pele. Ao cair na corrente sanguínea, seus benefícios se espalham por todo o corpo.

Os aromas em geral produzem rapidamente um efeito estimulante sobre as pessoas. Por meio do olfato, o aroma atinge a circulação sanguínea através dos pulmões. O óleo essencial também atinge o sistema Nervoso Central, mais especificamente o sistema Límbico, uma espécie de arquivo responsável por nossas emoções, nossos comportamentos e atitudes, nossa memória e humores. Em seguida, a informação chega ao hipotálamo, que a passa para a hipófise. A informação da essência chega então às glândulas, influenciando a atividade imunológica, o batimento cardíaco, a produção de enzimas e hormônios.

Cada essência possui um determinado aroma capaz de tratar diferentes enfermidades. A qualidade da essência é determinada pela pureza, classificação e integridade. A pureza é uma característica importante, pois muitas vezes o óleo essencial pode ser diluído em óleos vegetais, álcool ou outro solvente, muitas vezes não natural e de baixa qualidade, que adultera o seu valor medicinal.

Os óleos essenciais, com raras exceções, não devem ser usados diretamente na pele. Devem ser diluídos em óleos vegetais (amêndoas ou trigo), mel e álcool (essências absolutas). Embora eles possam ser usados sem acompanhamento de um terapeuta especializado é necessário alguns cuidados. Alguns tratamentos, como por exemplo, o homeopático, não podem ser realizados em conjunto com aromas. É preciso ter cautela com o uso em gestantes, crianças, pessoas com pele sensível, com pressão alta ou portadores de epilepsia.

Os aromas podem ser usados em lamparinas aromatizadoras (próprias para ambientes), em banhos e escalda-pés, massagens, inalações, assepsia bucal, gargarejos, compressas. A ingestão de óleos aromáticos deve ser feita com a orientação de um profissional capacitado.

As disposições emocionais também podem ser equilibradas com o uso de essências, pois algumas têm a capacidade de dispersar estresse, tensão, ansiedade, melancolia, depressão, etc.



(texto publicado na revista Sexto Sentido nº 130)



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