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domingo, 24 de agosto de 2014

Ai, dói tudo! E agora? - Silvia Regina


Se sente dores há mais de três meses, fique alerta: pode ser fibromialgia. A doença não tem cura, mas dá para amenizar o sofrimento

Um dia o ombro dói, no outro é a vez do joelho reclamar. Aí depois é o braço e assim vai. Xiii... Essa dor generalizada pode ser sinal de fibromialgia, problema crônico no qual a dor é doença e não o sinal de outro problema de saúde. O drama maior é que o diagnóstico não é tão fácil, pois não existe um exame específico para descobrir o mal. Então, é preciso contar com a parceria de um médico bem informado e atento aos sintomas. O melhor caminho, portanto, é a informação. Tire agora suas principais dúvidas sobre a doença e não deixe ninguém dizer que o que você tem é frescura, ok?

1) O que é a fibromialgia?

É quando a dor é a própria doença e não um sintoma de algum problema de saúde. Os incômodos e dores aparecem espalhados pelo corpo todo. A pessoa dorme com dor e acorda com dor. Além disso, ela pode ser migratória, ou seja, um dia está de um lado, depois vai para o outro lado. Um dia está no braço, no outro, no cotovelo, e assim vai. Acomete, geralmente, pessoas com mais de 40 anos. Há casos, porém, de adolescentes com fibromialgia. E as principais vítimas somos nós, as mulheres.

2) Quais são as causas?

Ainda não se sabe ao certo o que provoca a fibromialgia. Alguns estudos sugerem que essas pessoas têm uma disfunção no controle da dor, além do fator genético. Se você tem alguém da família com dores pelo corpo, nem precisa ser fibromialgia, você corre mais riscos de desenvolver a doença.

3) Além da dor, há outros sintomas?

As dores espalhadas por todo o corpo, e que se estendem por mais de três meses, é o principal sintoma da fibromialgia. Mas quem sofre com esse mal também tem outras reclamações, como dores de cabeça, dificuldade para dormir, formigamento nas extremidades (como nos dedos das mãos, por exemplo), tontura, memória fraca, dificuldade de raciocínio, rinite, intestino preguiçoso e muito cansaço. Fique atenta se esses sinais duram por um longo período.

4) Como saber que não é uma dor comum?

As dores da fibromialgia duram mais de três meses, acometem várias partes do corpo ao mesmo tempo e se manifestam junto com os outros sintomas listados na questão anterior. Se a dor aparece e vai embora ou não dura tanto tempo, você pode estar com outro problema de saúde que não a fibromialgia.

5) Como é feito o diagnóstico?

Um dos maiores problemas da fibromialgia é chegar ao diagnóstico correto. Isso porque não existe nenhum exame que detecte a doença. Portanto, para saber se você tem fibromialgia, o médico estuda o seu histórico de dor, seus hábitos de vida (como rotinas, postura, ambiente de trabalho, alimentação, qualidade do sono...) e faz uma avaliação física. Um exame de sangue é pedido para afastar a ocorrência de outras doenças, como hipotireoidismo, hipertireoidismo ou hepatite, que possuem alguns sintomas semelhantes.

6) Por que as mulheres sofrem mais?

A fibromialgia afeta 2,5% da população brasileira. Mas são as mulheres as que mais sofrem com o mal. Estimativas mostram que para cada sete mulheres com fibromialgia há apenas um homem sofrendo com as dores generalizadas. Não há uma resposta definitiva, mas sabe-se que as oscilações hormonais de todos os meses e o fato de ter menos músculo que os homens, colaboram para o problema.

7) Que médico deve-se procurar em caso de suspeita da doença?

O diagnóstico pode ser feito por um clínico geral, por um reumatologista, por um neurologista ou por um fisiatra. O importante é procurar ajuda especializada e citar todas as dores que você está sentindo.

8) Como é a reação das pessoas?

Se ainda há muitos médicos que não acreditam na doença, imagine então o que pensam pacientes e as pessoas que convivem com elas. É muito comum o doente negar o diagnóstico. Já os familiares e amigos costumam considerar que as reclamações de tantas dores são pura frescura, deixando quem sofre com o mal angustiado, ansioso e até mesmo deprimido. E aí o quadro de saúde da pessoa fica ainda mais debilitado.

9) É possível tratar apenas com medicamentos?

Além dos medicamentos, a fibromialgia deve ser tratada associando várias terapias com o intuito de melhorar a qualidade de vida do paciente e fazer com que conviva melhor com a dor, já que não tem cura. O arsenal envolve fisioterapia, acupuntura, prática de atividade física e massagens. O acompanhamento psicológico também é indicado. Isso porque é muito comum a pessoa  ficar deprimida por causa das dores intensas e ao deparar com o diagnóstico. Os médicos também orientam os pacientes a prestarem atenção ao ambiente em que vivem. Por exemplo, verificar o colchão e o travesseiro, a postura em que fica ao usar o computador e até a quantidade de horas trabalhadas por dia.

10) Como prevenir as crises?

Comendo e dormindo bem, fazendo exercícios e se afastando, sempre que possível, de situações de estresse. Ao menor sinal de dor sem causa aparente, tente desviar a atenção para outra questão e relaxe.

Depoimento

"Cheguei a ouvir do médico que era frescura"

A professora Joana D'Arc Abrahão, 48 anos, começou a sentir as primeiras dores no braço e ombro em 2007. A situação ficou tão grave que alguns dedos da mão ficaram paralisados e o braço tremia sem parar. E os exames não apontavam nada de diferente. "Cheguei a ouvir do médico que era frescura. Me sentia horrível." Até que ela foi encaminhada ao fisiatra que fez o diagnóstico. "Fiquei mais de um ano sofrendo, mas ouvir o diagnóstico não foi fácil. Precisei fazer nove meses de terapia." Paralelo a isso, tomou remédios e fez fisioterapia, acupuntura e hidroginástica. "Ainda sigo o tratamento. Hoje as dores são toleráveis e consigo viver muito melhor", afirma Joana.




(texto publicado na revista Viva! Mais nº 769 - 27 de junho de 2014)



















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