sábado, 23 de agosto de 2014

O estresse, como conviver com ele - Prof. Dr. Carlos Laganá de Andrade


Estresse é uma palavra que conhecemos bem, ouvimos e pronunciamos quase que diariamente. Na vida de hoje em que um dia não cabe mais nas 24 horas, ninguém está livre dele. Mas em busca de qualidade de vida, precisamos entender o que acontece com nosso organismo em momentos de estresse para termos uma boa convivência com nós mesmos.

Geralmente o estresse é ocasionado por outros fatores como um acontecimento desgastante que desencadeia uma reação de "estresse" aguda, ou uma alteração marcante na vida do sujeito, que comporta consequências desagradáveis e duradouras e levam a um transtorno de adaptação.

São conhecidas três fases:

Fase de Alarme - acontece de forma bem rápida, quando o indivíduo se orienta e identifica a situação de perigo, preparando o organismo para reagir. Esta reação pode adquirir a forma de uma agressão ou de fuga, sendo ambas as formas compreendidas como mecanismo de adaptação. Alguns dos sintomas comuns desta fase são: aceleração dos batimentos cardíacos, tensão muscular, cefaleias, pressão no peito, mãos e pés frios, sudorese.

Fase de Resistência - caracterizada pela demora da fase de alerta, quando acontece a alteração dos parâmetros de normalidade do corpo. A reação ocorre internamente, concentrada em um órgão - provocando a Síndrome de Adaptação Local (SAL). Os sintomas apresentados são de características psicossocial: medo, ansiedade, isolamento.

Fase de Exaustão - o organismo não resiste ao esforço causado pelo excesso de atividade e pelo gasto de energia. Diante desta exaustão, o órgão do corpo que foi acionado na etapa anterior também não resiste, provocando a doença orgânica.

No nível comportamental, as respostas estruturadas podem assumir a forma de luta, fuga e congelamento. O estilo de vida, aspectos genéticos, condições físicas e psicossociais e o ambiente de trabalho também influenciam no nível de estresse, podendo favorecer uma vida saudável ou o adoecimento físico.

No campo profissional, a constante mobilização de recursos do sujeito para enfrentar as demandas externas do trabalho desencadeia a síndrome de burnout, uma reação extrema e negativa ao estresse. Os sujeitos que sofrem desta síndrome sentem-se consumidos pelo seu trabalho.

O conceito de burnout foi introduzido na Psicologia Organizacional na década de 1970 para descrever uma pessoa decepcionada e exausta devido a expectativas frustradas e exigências do seu ambiente de trabalho. É processo que se instala lenta e gradativamente. As principais características deste quadro são exaustão emocional, desapego ao trabalho e falta de realização pessoal.

Os sintomas físicos são similares aos do estresse, como cefaleia, hipertensão, distúrbios do aparelho digestivo, tensão muscular, problemas respiratórios, gripes, entre outros. Doenças que estavam no estado de latência tendem a se manifestar, como úlceras, diabetes, obesidade, alergias, problemas dermatológicos e impotência sexual.

Considerando que o estresse profissional e a síndrome de burnout surgem na busca do equilíbrio entre as demandas profissionais externas e recursos internos do indivíduo, pode-se pensar que algumas características da estrutura psíquica e da própria vivência do profissional são fatores que potencialmente favorecem ou dificultam a busca deste equilíbrio.

Em busca do equilíbrio

Os esforços despendidos pelos indivíduos para lidar com situações estressantes, crônicas ou agudas, têm se constituído em objeto de estudo da psicologia social. O conjunto das estratégias utilizadas pelos indivíduos para adaptarem-se a circunstâncias adversas é chamado de coping. Trata-se de um instrumento que o sujeito vai construindo no decorrer de sua vida e que tem a função de auxiliá-lo a enfrentar o estresse e, em última instância, a sobreviver.

Através do mecanismo do coping o sujeito consegue fazer a interação com seu ambiente, administrar a situação estressora, avaliar a situação e mobilizar recursos. Dessa forma, as estratégias de coping são importantes recursos para lidar com o estresse, evitar a exaustão e o burnout.




(texto publicado na revista Tudo nº 43 - agosto de 2014)






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