Pages

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Um mal (quase) invisível - Christina Ferreira


Sabe aquela pessoa que é capaz de fazê-lo se sentir péssimo, com apenas poucas horas de convivência? Ela pode ser um dos treze tipos chamados de "Gente Tóxica", título do livro do argentino Bernardo Stamateas que ensina a lidar com personalidades destrutivas.

Quanto mais competitivo o mundo, mais aumenta a possibilidade de lidarmos com "gente tóxica", conceito criado pelo argentino Bernardo Stamateas para designar pessoas invejosas, dissimuladas, que exalam sentimentos ruins, ainda que sorriam para você. No sentido dicionarizado, tóxico é o adjetivo para aquilo que instila veneno, que é nocivo. Em vez de lutar para ser melhor do que as pessoas às quais invejam, eles podem trabalhar para puxá-las para baixo. Estão no trabalho, no grupo de amigos ou na própria família. Basta passar algumas horas perto dessas pessoas para nos sentirmos cansados, incapazes, desestimulados. Mas há como combater os malefícios. Em seu livro, "Gente Tóxica: Como lidar com pessoas difíceis e não ser dominado por elas", editado pela Thomas Nelson Brasil, Stamateas lista treze perfis destrutivos e dá conselhos para você não ser vítima nem agressor. As dicas foram selecionadas a partir da experiência dele como psicólogo, sexólogo e teólogo.

Organizado como um manual, o livro ajuda a descobrir também, se seu próprio comportamento se encaixa nas descrições - já que muitas pessoas não sabem que estão agindo de forma destrutiva e prejudicando a quem amam, por exemplo. Funcionária de uma grande empresa no Rio de Janeiro, Roberta Teixeira foi vítima de uma colega neurótica. "Um dia estava superbem, conversando, brincando. No outro, não dava bom-dia, virava a cara. No começo, eu me perguntava, será que fiz alguma coisa?", conta. Segundo o escritor, pessoas com este perfil objetivam disseminar o mau humor e atribuir a outros a culpa do que lhe acontece. "Queixam-se, lamentam-se, porém deixam tudo igual", resume.

Ao simplificar conceitos psicológicos usando linguagem fácil, Stamateas ajuda a submissos para que se reconheçam e fornece ferramentas para lidar com agressões emocionais. No receituário, há testes, citações e roteiros para quem decide se libertar da má influência. O psicoterapeuta Henrique Rodrigues, conselheiro do Conselho Federal de Psicologia, cita o célebre escritor francês Honoré de Balzac (1799-1850) para mostrar o que leva alguém a maltratar o parceiro. "É muito natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja". Para ele, essas atitudes são resultado de raiva, que é devolvida em insultos, chantagens, manipulação. Valéria Pagnin, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal Fluminense, conta que traços de personalidade e a formação do caráter podem levar a comportamentos agressivos. "Pode ser voluntário, para fazer o outro sofrer, ou ser incontrolável, movido pelo vazio da própria vida", observa. A frequência é que diferencia as ofensas.

No entanto, a equação só se completa se a "vítima" assumir este papel, alertam os especialistas. Motivado pela insegurança, traumas ou pelo ressentimento, aquele que aceita o sofrimento alimenta o insulto alheio. "Quem está nessa posição se torna refém do sofrimento e precisa se libertar, se perdoar das suas próprias culpas para enfrentar o agressor", acredita Rodrigues. O livro "Gente Tóxica" se oferece como antídoto contra pessoas difíceis. Para vítimas e agressores, Stamateas ensina: "Mudar é simples, é só uma decisão que hoje está ao seu alcance."




(texto publicado na revista SimplesMente nº 2 - setembro de 2012)




Nenhum comentário:

Postar um comentário