domingo, 7 de setembro de 2014

Ai, que preguiça! - Marcia de Luca


Em função da pausa escolar de praxe, que neste ano foi alterada por algumas escolas em função da Copa, julho é conhecido como o mês das férias. Lembro disso agora porque resolvi refletir com você sobre o valor do ócio, da preguiça e do lazer para nossa paz de espírito, nosso amor pela vida e nossa criatividade.

Que mundo é esse em que vivemos? Correr, correr, correr... E para quê? Qual é a importância e o real significado da correria desenfreada? Estamos sempre muito conectadas com as coisas do mundo material. Nosso ego tem necessidades como poder, controle e aprovação, e nós nos esforçamos para satisfazê-las. Pior: essas necessidades nunca serão verdadeiramente satisfeitas, porque elas estão ligadas ao mundo de impermanência no qual nos inserimos.

Em vez de repetir comportamentos de rebanho, proponho que você pare e pense: podemos escolher transformar qualquer círculo vicioso em círculo virtuoso. Como já mencionei nesta coluna (mas sempre vale relembrar), o ser humano é formado por três corpos, que, juntos, constituem o chamado corpo quântico. Um deles é o físico, composto de matéria e energia. Ele ocupa tempo e espaço, tem começo, meio e fim e está sujeito às leis de degradação, ou seja, um dia acabará. O segundo é o corpo sutil, que ocupa tempo, mas não espaço, e está atrelado ao físico (quando um acaba, o outro acaba também). Ele engloba nosso intelecto, nossa mente e nosso ego. Como o ego é individualista, precisamos transcendê-lo se quisermos evoluir. Para tanto, é necessário acessarmos mais nosso corpo causal (ou alma), que é infinito e imortal e nos oferece múltiplas possibilidades. Nesse espaço, nós somos divinos, tudo podemos. Nosso potencial maior, nossa inteligência em estado puro, nosso amor, o melhor do nosso foco e da nossa criatividade residem aí.

Quer ter mais contato com esse espaço incrível que existe em você, em mim e em todo mundo? Escolha um canto tranquilo da sua casa, aromatize o ambiente com óleo essencial de lavanda e sente-se confortavelmente, com a coluna ereta e os olhos fechados. Crie, então, em sua tela mental uma visualização dos três corpos. Use sua imaginação.

No dia a dia, vivemos mais nas duas primeiras realidades,  a do corpo físico e a do sutil, e nos esquecemos de que temos esse fértil terceiro campo à nossa disposição. Pois agora imagine que existe uma parede impedindo a luz de passar do corpo causal, de inúmeras potencialidades, para o corpo sutil, do intelecto e do ego. Essa barreira é formada pelos pensamentos que fervilham incessantemente em nossa cabeça e nos fecham. Se aquietarmos nossa mente e diminuirmos o turbilhão, abriremos fendas para a luz penetrar - e, aos poucos, ela se alastrará mais e mais até passar a fazer parte do nosso cotidiano. Viu por que é tão essencial trazer o aquietamento para nossa rotina?

Assim, aproveitar as férias - sejam elas agora ou quando forem - para começar um treinamento com esse objetivo é uma ótima pedida. Não há, afinal, período mais adequado para pisarmos no freio e nos permitirmos não fazer nada. A ideia é simplesmente ser, existir, colocando atenção absoluta e intenção na nossa respiração. Se temos tempo para acessar o silêncio da mente, acabamos nos tornando seres humanos melhores, pois abrimos um canal direto com nosso potencial maior, em todos os sentidos. Experimente, você vai gostar.



(texto publicado na revista Claudia nº 7 - ano 53 - julho de 2014)








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