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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Diário de vida do Hachiko - último capítulo (na vida terrena, é claro)


Completei 15 anos em julho. Eu me lembro até hoje de como começou a minha história junto a essa família. Foi a minha humana mãe quem foi me buscar. A minha humana filha estava ao telefone quando a caixa de papelão na qual fui transportado foi colocado bem na frente dela. Ela continuou a conversa, mas começou imediatamente a me fazer cafuné. Aliás, nunca vi alguém gostar tanto de ficar me alisando, me apertando, enfim, me fazendo carinho. Já havia um outro morador canino na casa, o Fofinho, meu irmão só por parte de mãe, a Juma. Como éramos muito bravos, no início ficávamos acorrentados no quintal, mas depois a minha humana filha decidiu que era melhor nos deixar soltos, o que resultou em um local um tanto enferrujado porque vivíamos marcando território principalmente na escada de ferro. Tanto ela quanto o meu humano pai nunca gostaram de prender os animais. 

Depois que o meu irmão se foi, não quis ficar sozinho no quintal e tratei logo de conquistar o meu espaço. No início passei a dormir na cozinha até conseguir passar a noite no quarto da chefe da matilha, a minha humana mãe. Onde ela ia eu ia atrás, um verdadeiro grude. Toda vez que a mãe protestava, a filha me defendia. Eu sempre fui bravo com a filha, mas era muito engraçado porque me dizia o tempo todo de que me amava mesmo assim. 

Eu não saia para passear, mas depois que fui desencravar uma unha no veterinário, comecei as minhas caminhadas com peitoral e guia. A minha humana filha me levava para passear quase todos os dias. No começo eu nem sabia como fazer, mas depois tomei gosto pela coisa. Para quem ficava preso na corrente e depois ganhou espaço até conseguir dormir no quarto da minha humana mãe, passear então foi uma verdadeira conquista. Mesmo durante as duas internações da minha humana mãe, a minha humana filha nunca deixou de me levar para passear. 

Há alguns dias comecei a não me sentir muito bem e a minha humana filha me levou várias vezes ao veterinário até que fui internado porque já não conseguia comer. As minhas humanas concordaram em fazer de tudo para me salvar, mas entendi que tinha chegado a minha hora. Quando a minha humana filha foi me visitar ela disse baixinho em meu ouvido que se eu quisesse continuar por aqui tudo bem, mas se quisesse partir que ela entenderia. Eu estava prostrado, mas gostaria que ela soubesse que eu entendi a mensagem. 

Gostaria de agradecer a convivência de 15 anos e dizer que amei fazer parte dessa família.


Essa é a pose que as minhas humanas chamam de "fazer bonitinho". O que não faço pela minha humana mãe?



Tomei conta do quarto da minha humana mãe enquanto ela estava internada


Passeando com a minha humana filha


Eu não estou um charme para a Copa do Mundo?


Eu e a minha humana filha durante um de nossos adoráveis passeios


Eu e a minha amada humana mãe 





Olha eu disfarçando (nesse quesito sou igualzinho a minha humana filha)









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