Responsável por estimular a economia verde no Rio de Janeiro, Suzana Kahn vê com esperança o futuro do planeta - desde que cada um faça sua parte
A engenheira Suzana Kahn, 53 anos, é conhecida como a dama brasileira das mudanças climáticas. O título lhe foi dado por Carlos Nobre, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que concentra as pesquisas do tema e do qual Suzana é vice-presidente. A carioca, que é uma das maiores sumidades do país em questões de sustentabilidade, também está à frente da Subsecretaria de Economia Verde do Rio de Janeiro, a primeira pasta do gênero no país. O foco de Suzana, no entanto, vai além de seu estado natal. No mês passado, a divulgação de um relatório inédito sobre as mudanças climáticas no Brasil, com previsões catastróficas, a deixou especialmente apreensiva. Em 50 anos, diz o documento, as temperaturas devem subir até 3ºC. Aumentarão as chuvas no Sul e no Sudeste, enquanto a seca afetará cada vez mais a Amazônia e as áreas de caatinga. Ainda assim, a expert se mantém otimista. "A situação é grave, apesar de evoluir lentamente. Mas repensar nossos valores agora fará diferença", diz. A seguir, ela destaca três atitudes que podem ajudar a reverter tal quadro e salvar o planeta.
Aderir às compras conscientes
"Temos que reavaliar nosso estilo de vida consumista. Para fabricar algo, gastam-se energia e água. No transporte, os veículos jogam gases poluentes na atmosfera...Estamos usando nossos recursos naturais sem repor. Não sabemos até quando poderemos repetir esse padrão, quanto a natureza aguenta. Precisamos entender que a felicidade pode ser encontrada em bens não materiais, como ir a exposições. E isso também impulsiona a economia, não somente as compras."
Cobrar medidas do governo
"Há poucos carros elétricos no país, mas, em alguns estados, eles já são isentos de IPVA. O imposto para veículos abastecidos com gás natural também é diferenciado. Só que essas são medidas tímidas diante da queda dos impostos sobre a compra de carros convencionais promovida pelo governo federal. Saímos perdendo. Agora, estou fazendo um esforço para tornar as compras do meu estado sustentáveis - afinal, é um organismo que consome muito e deve dar o exemplo. A população pode pedir mudanças nesse sentido."
Acreditar nas pequenas ações
"Sabemos que os mais afetados não serão os que mais poluem. Há pequenas ilhas fadadas a desaparecer com o aumento do nível dos mares. As pessoas que moram lá perderão suas casas, igrejas, tudo. E elas pouco podem fazer a respeito, estão na mão dos outros. Então, a solidariedade é essencial no dia a dia. Pensar que só você recicla o lixo ou economiza luz e que não adianta é contraproducente. Cada um precisa fazer a sua parte, porque tem impacto a longo prazo."
(texto publlicado na revista Claudia nº 10 - ano 52 - outubro de 2013)
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