A hérnia de disco afeta 5,4 milhões de brasileiros, e 13% das consultas médicas estão relacionadas a dores nas costas, que é um dos maiores motivos de pedidos de afastamento do trabalho. Estudos apontam que oito em cada dez pessoas irá sentir dores nas costas em algum momento. Uma das grandes causas dessa dor é a hérnia de disco. Ela pode ser lombar (na parte inferior da coluna) ou cervical (mais próxima ao pescoço) e costuma causar grande desconforto. No caso de hérnia cervical, a dor começa no pescoço e passa pelo braço, podendo ir até a mão. No caso da hérnia lombar, a dor inicia-se na altura dos glúteos e desce por trás da coxa, podendo chegar até o pé. Além da dor, são comuns queixas de perda de sensibilidade e até mesmo diminuição de força e reflexos. Normalmente a hérnia é causada pelo desgaste natural dos discos intervertebrais. Quando esse disco desgastado se rompe, o interior "vaza", formando a hérnia. Ainda não se sabe o motivo, mas as mulheres costumam sofrer mais dessa patologia.
A boa notícia é que apenas uma pequena parcela entre os pacientes precisa recorrer à cirurgia e, se houve necessidade, já existem técnicas modernas, pouco invasivas e feitas com anestesia local. Na maioria dos casos, os benefícios conseguidos com medicamentos, a realização de atividades físicas orientadas e sessões de fisioterapia ou acupuntura são suficientes para o bem-estar do paciente. Porém, todas essas terapias, bem como bloqueios ou infiltrações, servem para tratar os sintomas da doença, produzindo um alívio temporário, já que a causa da dor, ou seja, a hérnia, continuará existindo. Quando essas opções de tratamento não trazem mais o benefício esperado, é a hora de avaliar com seu médico um tratamento mais definitivo, como a discectomia endoscópica.
Trata-se de um procedimento que retira a hérnia por meio de anestesia local. É uma técnica que utiliza um endoscópio (pequena câmera com 5 milímetros) para ressecar hérnias de disco e protrusões discais. A endoscopia já é amplamente utilizada em outras especialidades, como nas cirurgias de joelho, e os avanços da medicina agora chegaram às patologias da coluna.
Uma das grandes vantagens da discectomia é o uso da anestesia local. Através de uma pequena incisão, de cerca de 5 a 6 milímetros, é introduzida uma câmera de vídeo para ressecção do disco intervertebral lesado, aliviando a compressão dos nervos. Leva em média 30 minutos. O procedimento não altera as estruturas de suporte do disco, sendo essa a grande vantagem em relação às demais técnicas cirúrgicas, pois traz uma recuperação bem mais rápida e indolor, já que a musculatura e as estruturas nervosas são preservadas, evitando fibroses. Além dos benefícios acima, ainda podemos citar como vantagens desse tipo de cirurgia a alta hospitalar poucas horas após o procedimento, sem a necessidade de internação, a baixa agressividade e a menor utilização de analgésicos no pós-procedimento. A reabilitação pode ser iniciada poucos dias após a cirurgia, sendo possível rápido retorno a atividades sem esforços (incluindo a volta ao trabalho). É bom ressaltar que somente uma consulta com um ortopedista especialista em coluna poderá definir a melhor opção para cada caso.
(texto publicado na revista Contigo nº 2028 - 31 de julho de 2014)
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