A pesquisadora Carina Correa Bastos e colaboradores do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS publicaram, em 2012, na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, um dos poucos estudos que aborda a sexualidade do idoso. Dentre os aspectos apresentados, talvez o mais interessante seja o que afirma que a sociedade atual relega aos mais velhos e abstinência sexual, enquanto manifestações desse tipo são aceitas e permitidas entre os mais jovens. O sexo, segundo a pesquisa, é considerado importante por grande parte dos idosos e que, justamente por isso, deveria ser abordado mais amplamente entre médicos, especialistas e opinião pública.
De acordo com os pesquisadores, grande parte de pessoas acima de sessenta tem interesse por sexo. Os autores do trabalho demonstram que 41,9% do universo de 1.078 idosos privilegiam carinhos e toques como forma de demonstração de sexualidade. São maneiras de manifestar a sexualidade, como o companheirismo e a ternura. A pesquisa aponta ainda que o envelhecimento não impede o desejo sexual. Esse tema parece ser de abordagem problemática até para o próprio idoso, mas deveria ser tratado com naturalidade, pois faz parte da essência do homem e da mulher. Quando vemos um casal de jovens se abraçando e tocando em público, achamos a coisa mais normal do mundo, ao passo que dois velhos abraçados, trocando carícias e beijos, são vistos com restrições e, muitas vezes, alvos de críticas até mesmo por parte de seus contemporâneos.
Esse estigma social tem que ser abolido, pois avós e avôs continuam amando, sentindo desejos e precisam ser aclamados por prolongarem um aspecto da vida tão prazeroso e indispensável a todos os seres vivos. Quem ama cuida. Isso é bom para o indivíduo, mas também para a sociedade. Há que se tratar do assunto abertamente, trazer á baila o lado bom de amar e sentir-se amado, independente da data de nascimento: ser velho não é ser assexuado!
Que todas as gerações ponham isso na cabeça - os moços de hoje serão os velhos de amanhã e passarão por situação idêntica! A pesquisa feita pelo Instituto do Rio Grande do Sul expõe a verdade: não há estagnação do desejo sexual! Já que o Portal Amantes da Vida têm vários leitores que se encontram em faixas etárias mais elevadas, que admitam e assumam suas condições de pessoas sexualmente ativas para garantirmos pesquisas e desenvolvimento científico nesse campo, pois se calarmos nossos desejos, eles não se tornam realidade.
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(texto publicado na revista Leve & Leia nº 102 - ano 6 - junho de 2013)
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