Ir até um cômodo da casa e esquecer o que foi fazer, perder a chave do carro com frequência, o celular, desistir rápido quando começa ter que pensar um pouco mais... Mas porque isso acontece???
Nosso cérebro é naturalmente "inteligente e preguiçoso"! Consome cerca de 25% da nossa energia diária e para se preservar usa seus artifícios: descarta informações inúteis (não consolidadas no aprendizado), aprende tarefas e atividades e constrói caminhos padrão (conexões neuronais), procurando com menor esforço esses caminhos prontos sempre que se depara com uma situação problema.
Tudo isso tem sua lógica e lado positivo, mas gera um ônus: pensamentos limitados, baixa criatividade, falta de memorização, perdas cognitivas, aceleração de doenças degenerativas. E é bom saber que podemos fazer diferente!
Nas últimas décadas a Neurociência está descortinando informações sobre o funcionamento do cérebro, antes acessíveis apenas aos pesquisadores e ao meio acadêmico. Vários mitos sobre o funcionamento do cérebro, como sendo uma estrutura predeterminada que surgia passando por poucas mudanças ao longo da vida dão lugar ao conhecimento que o cérebro é mais dinâmico, possui capacidade de criar novas conexões, de autorreparação.
Essas descobertas hoje se desdobram em várias atividades presentes em salas de aula, consultórios terapêuticos e geriátricos, em empresas. É ainda compartilhada ao senso comum, em revistas específicas, de grande circulação, internet.
E ainda há muito a se descobrir. Mas a importância dessas informações aos leigos está na compreensão da dinâmica dessa estrutura, para nos beneficiarmos do que podemos fazer para potencializá-la, preservá-la, modificá-la. Até bem pouco tempo muitos de nós ouvíamos falar em idosos que estavam 'caducando', crianças estranhamente inquietas ou desligadas demais. Hoje, compreendendo mais profundamente a estrutura do cérebro, foi possível entender biologicamente esses comportamentos e investigar sobre medicações, intervenções ou estímulos para uma qualidade de vida melhor. - Nossa grande esperança é o tratamento eficaz e a cura de disfunções que degeneram o cérebro. Melhor ainda será a prevenção!
Poderemos ainda aprender a aprender mais... e melhor! Contraditoriamente, temos hoje uma quantidade enorme de informações que gostaríamos de poder "armazenar e acessar" mais facilmente, na mesma proporção em que recebemos tais informações... Não dá para ler e assimilar tudo o que a gente acha interessante. Nossa mente pratica um descarte quase imediato, se não consolidarmos o entendimento acionando processos sensoriais, cognitivos ou motores simultaneamente.
O processo de aprendizagem, armazenamento e consolidação do conhecimento adquirido caminham paralelos e com complexidades ainda sendo desvendadas.
Há menos de décadas, um trabalho acadêmico significava dias em que uma biblioteca, formando um especialista. Hoje é possível assistir uma aula na NASA, via Skype. É importante nesse universo de muita informação, mas pouco conhecimento e multitarefas, compreendermos nossa mente em franca e constante adaptação. Uma mente que está buscando e aprendendo a lidar com um modelo novo de informações, necessitando de um formato de aprendizado que envolva os estímulos corretos e eficazes para utilizarmos bem todo o potencial que nossos 100 bilhões de neurônios podem produzir!
Serviço: Supera - Ginástica para o Cérebro
(texto publicado na revista Leve & Leia nº 97 - ano 6 - janeiro de 2013)
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