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sábado, 18 de outubro de 2014

Mudar faz bem - Patrícia Affonso


Perder alguns quilos, dar um up na carreira, largar o cigarro, poupar dinheiro para a casa própria... Seja qual for o seu desejo, é hora de parar de adiá-lo e fazer acontecer

Todo mundo tem vontade de transformar algo na sua vida. Até mesmo aquela vizinha, cuja grama é verdinha, imagina como a vida dela poderia ser melhor. O fato é que, independentemente de qual seja a mudança esperada, as ações necessárias para que ela se inicie, em geral, são fáceis de identificar. Por exemplo: para conseguir a tão sonhada promoção é preciso um diferencial, como uma especialização. Mas, então, por que tanta gente fica estacionada, sem avançar na direção do que deseja? Esse é o t ema do novo livro do psiquiatra Flávio Gikovate (SP): Mudar - Caminhos para a Transformação Verdadeira (Ed. MG Editores). Com base em estudos e experiência clínica, Flávio sugere reflexões para nortear os passos de quem quer buscar uma vida com mais realizações. Pronta para começar?

Estabeleça uma meta

Leve em conta se o desejo de se modificar é mesmo autêntico. Pessoas próximas, como familiares e amigos, bem como necessidades e pressões (do trabalho, por exemplo), podem até servir como alerta e incentivo, no entanto, se a pessoa não quiser de fato se transformar, nada acontece!

Abra espaço para os questionamentos e não os ignore. É importante saber porque se deve ir adiante. "Toda mudança tem como ponto de partida uma rigorosa autocrítica e uma avaliação sincera de como somos, dos malefícios que causamos a nós mesmos e a terceiros e de como seríamos mais felizes se nos livrássemos de alguns dos nossos comportamentos. O processo só se concretiza quando a pessoa se conscientiza de que computa grandes perdas por ser do jeito que é", afirma o médico Flávio Gikovate.

Dedique tempo para pensar a respeito do assunto

Enumere num papel os pontos positivos e negativos que serão decorrentes da sua transformação. No geral, as vantagens são mais atraentes e ajudam bastante a encorajar os passos seguintes.

Avalie se o objetivo é mesmo alcançável

Nada mais desestimulante do que ficar lutando e ver que nada acontece. E isso ocorre porque, muitas vezes, queremos modificar algo cujo controle não está nas nossas mãos. O antídoto?

Antes de entrar na batalha, certifique-se de que o seu adversário pode, de fato, ser vencido. "Não convém lutar contra o que em nós foi determinado pela biologia. Não se entristeça o tempo todo com a sua aparência física, com a falta de habilidade para o esporte, com a pouca competência para atividades manuais...", diz o autor.

Mas também nada de seguir adiante com o incômodo

Nesse caso, mudar significa aceitar os fatos e não lutar contra eles. Altere o modo como pensa para aproveitar melhor a vida, ter mais harmonia e serenidade - isso está longe de ser pouca coisa.

Fortaleza a razão

Para o expert Flávio Gikovate, esse é o item que irá ajudá-la a se manter firme em sua decisão de se transformar e não abandonar o barco ao menor sinal de tempestade.

Filtre as influências

Nada mais é do que usar a sua consciência maior, ou seja, formar uma opinião sobre um assunto a partir da sua essência, das coisas em que você acredita de fato. "Se a nossa razão está forte, ela pode se interpor às emoções que perturbam o nosso processo de transformação, tais como a culpa indevida, os medos de diversas naturezas, a vaidade excessiva, a preguiça e até mesmo o amor", pondera o especialista.

Desenvolva uma visão mais verdadeira e justa de si mesma. Você se fortalece quando aceita a sua condição, para de se comparar com os outros e começa a se usar como referência. Tornar-se alguém que está em evolução costuma levar as pessoas a não ter dúvidas de que vale a pena mudar.

Renuncie se for preciso

No dicionário, o significado do verbo mudar é: deslocar, dispor de outro modo, alterar, modificar. Na interpretação do psiquiatra, isso quer dizer que, ao mudar a sua vida, ela não será mais exatamente como você a conhecia. Surgirão novas situações e dificuldades, novos desafios e também benefícios. Esse é o grande trunfo da mudança: fazer a troca de facilidades e prazeres imediatos visando ganhos maiores no futuro. Como um investimento!

Um bom exemplo é o prazer instantâneo que uma pessoa que luta contra a balança sente ao degustar um grande pedaço da sua sobremesa favorita e, em seguida, ainda repete a dose. A felicidade logo dá espaço à culpa, à insatisfação com o corpo, à sensação de que deveria ter maneirado e resistido à tentação.

Compreenda que para mudar é quase inevitável ter que fazer algum esforço

E isso pode gerar desconforto ou descontentamento. O segredo é preparar-se para enfrentar as adversidades sempre vislumbrando um futuro melhor.

Combata os medos

É natural ficar em estado de alerta ao entrar em um terreno desconhecido. Vem à tona o receio de que algo dê errado, fuja do controle...

Considere a insegurança, mas não deixe que ela domine você

É que muitas vezes essa emoção toma proporções exageradas e causa um efeito paralisante: ficamos cautelosas demais e, na dúvida sobre os riscos de seguir adiante, estacionamos e temos que conviver com o problema que queremos sanar.

Não sofra com o medo da felicidade, uma sensação de que algo ruim vai acontecer quando nos vemos frente a frente com conquistas importantes. "É nessa hora que muita gente se autossabota, pensando que o ponto alcançado não é merecido. Ao nos depararmos com um medo irracional como esse, o certo é se munir de coragem e enfrentá-lo, uma vez que ele não corresponde a nada efetivamente ameaçador. Garanto que felicidade não mata!", conclui Flávio Gikovate.



(texto publicado na revista Máxima edição nº 53 - nº 5 - ano 5 - outubro de 2014)
















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