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terça-feira, 25 de novembro de 2014

As doenças do futuro - André Bernardo


VivaSaúde ouviu médicos de oito diferentes especialidades e descobriu as patologias de maior prevalência em 2020. Comece a se prevenir desde já!

Você já pensou qual deverá ser a doença mais incidente no futuro? Para ter essa previsão, consultamos médicos de oito especialidades e as respostas foram surpreendentes. Ao contrário do que se possa imaginar, não deverá surgir, nos próximos 10 anos, nenhuma patologia nova ou desconhecida. 

Pelo contrário. Segundo a estimativa dos médicos, o estilo de vida pouco (ou nada!) saudável das grandes cidades, que estimula o consumo de alimentos fast-food e desencoraja a prática de atividades físicas, tende a multiplicar o número de casos de doenças bastante conhecidas da população, como obesidade, câncer e artrose. Bem, se as doenças do futuro não devem mudar, as medidas de prevenção também não. Os médicos reiteram as recomendações de sempre: adotar uma alimentação saudável não fumar e praticar exercícios regularmente. Simples, não? Nem tanto. "Não é fácil conscientizar a população. Muitos acreditam que certas doenças só acometem os outros", alerta Marcelo Simão Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para Daniel Herchenhorn, chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Instituto Nacional do Câncer, outra importante arma contra essas doenças são os exames de rotina. "Os tratamentos têm menor impacto em termos de mudanças estatísticas do que o diagnóstico precoce", analisa.

Aids

1981. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, mais conhecida pela sigla Aids, é descrita pela primeira vez. Já no ano seguinte, são confirmados os primeiros casos no Brasil.

2009. O número de pacientes contaminados pelo vírus do HIV, que infecta e destrói os linfócitos (células responsáveis pela defesa do organismo), chega a 35 milhões no mundo. "Infelizmente, os problemas de hoje ainda não estarão solucionados em 2020. E o HIV é um deles", analisa Marcelo Ferreira. "Diagnosticamos novos casos da doença odos os dias", afirma. Quase 30 anos depois, a Aids continua a ser uma doença incurável. Mas a administração de remédios, como o AZT, dificulta a multiplicação do vírus, preserva as células do sistema imunológico, adia o início dos sintomas e, principalmente, aumenta a sobrevida dos pacientes. Outro forte aliado no combate ao HIV é o uso de preservativo.

Artrose

Artrose é daquelas doenças que não podem ser erradicadas. Quem explica o motivo é Nasson Cavanellas, coordenador da Unidade Hospitalar do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO). "A artrose é um processo degenerativo natural, que vem com a idade. O que pode ser feito é controlá-la. Para tanto, devemos diminuir a dor e melhorar a função articular", afirma. A artrose inicia-se, em geral, a partir dos 40 ou 45 anos. Mas há, também, outros fatores de risco, além do envelhecimento. O sobrepeso e o sedentarismo são os mais preocupantes.

Asma

Doença inflamatória crônica, a asma é um mal que, segundo a Organização Mundial da Saúde, já atinge 150 milhões de pessoas em todo o mundo. E este número só tende a crescer. "A população das grandes cidades respira um ar altamente poluído e, infelizmente, não há qualquer perspectiva de melhora neste sentido", avalia Bernardo Henrique Ferraz Maranhão, presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio de Janeiro. Ao contrário de outras doenças, não há como fugir da asma. Mas pode-se mantê-la sob controle com o uso contínuo dos broncodilatadores.

Câncer

Nenhuma outra doença é mais temida do que o cãncer. E com razão. Por ano, ele mata 8 milhões de pessoas em todo o mundo, o que representa 13% do total de óbitos. Existem mais de 100 tipos de cãncer, sendo 90% curáveis, desde que diagnosticados e tratados precocemente. "A expectativa é que, até 2020, o número de casos no Brasil deva subir. Afinal, a população brasileira está envelhecendo e o câncer é uma doença atrelada ao envelhecimento", avalia Daniel Herchenhorn. "Entre as mulheres, o câncer de mama continuará a liderar o ranking. Já entre os homens, o de próstata deve superar o de pulmão, pela redução do tabagismo", analisa Herchenhorn.

Depressão

Ela já compromete o estado físico e emocional de 121 milhões de pessoas e promete ser a doença psiquiátrica de maior prevalência em 2020. Segundo especialistas, fatores genéticos, psicossociais e neuroquímicos contribuem para desencadear o quadro. Mas eventos estressantes, como a morte de parentes, também podem causar depressão. "A depressão tem no estresse um de seus principais gatilhos", afirma Marco Antonio Brasil, psiquiatra do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Hoje, o tratamento inclui psicoterapia e remédios antidepressivos. A melhora ocorre em 70% dos pacientes.

Esteatose hepática

Das doenças que deverão tirar o sono da humanidade no futuro a menos conhecida é a esteatose hepática. Segundo José Augusto Messias, presidente da Sociedade de Gastroenterologia do Rio de Janeiro, trata-se do acúmulo anormal de gordura no fígado. "O mundo enfrenta uma verdadeira epidemia de obesidade decorrente de hábitos alimentares equivocados e altas taxas de sedentarismo", resume Messias. Quanto maior e mais prolongado for o acúmulo de gordura no fígado, maiores serão os riscos de lesão hepática. Se não for tratada a tempo, a esteatose hepática pode evoluir par cirrose hepática.

Doença de Alzheimer

Primeiro, a pessoa sofre perda de memória. Depois, passa a sentir dificuldade para realizar tarefas banais do dia a dia. Por fim, tende a não reconhecer nem mesmo parentes e amigos mais chegados. Doença que cresce com o aumento da estimativa de vida da população, o Alzheimer atinge com mais frequência quem já passou dos 60 anos. Ainda não há consenso sobre suas causas, mas já se sabe que há fatores hormonais e genéticos envolvidos. "Evitar o estresse, não fumar, beber moderadamente, dormir bem e manter o peso sob controle são medidas preventiva", afirma Rubens Gagliardi, vice-presidente da Academia Brasileira de Neurologia.

Obesidade

"Consumimos muito fast-food." O alerta é de Ruth Clapauch, vice-presidente do departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). São vários os riscos que a obesidade pode trazer à saúde. Os principais estão relacionados a infarto, diabetes e hipertensão. De acordo com estimativas de Márcio Mancini, presidente do departamento de Obesidade da SBEM, 15% dos brasileiros são obesos. "Devemos começar a enxergar o paciente obeso como portador de uma doença crônica e não como alguém sem força de vontade", enfatiza Mancini.




(texto publicado na revista VivaSaúde nº 94)















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