Como a maioria dos estados do país, São Paulo também viveu as consequências da expansão desordenada do mercado imobiliário nos últimos cinco anos. No interior, um terço dos imóveis lançados em 2013 ainda não foi vendido, segundo um levantamento da corretora Brasil Brokers. Em Campinas, o preço de casas e apartamentos novos subiu apenas 0,5%, bem menos do que a inflação do período (de 6%). Em Santos, o excesso de oferta fez o preço cair 5%. Em alguns bairros da capital, casas e apartamentos novos encalharam - para atrair possíveis compradores para os estandes de vendas, algumas corretoras chegaram a oferecer aparelhos de TV de brinde.
"Houve um descompasso entre oferta e demanda em alguns lugares. Mas, em São Paulo, os ajustes tendem a ser mais rápidos do que no restante do país, porque o mercado é muito maior. Há demanda para praticamente todos os tipos de imóvel, ainda que a procura seja menor do que no passado", diz Antônio Guedes, vice-presidente da incorporadora PDG, que planeja concentrar seus lançamentos neste ano em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. "Temos terrenos e até projetos de empreendimentos em Belém e Salvador, mas vamos esperar um momento melhor para lançar", diz Guedes. Em 2013, só na região metropolitana de São Paulo, foram lançados quase 60 000 imóveis, mais do que a soma das principais capitais do país. Metade disso está localizada na capital, onde estão sendo construídos imóveis de diferentes perfis - mas cujo destaque absoluto é a recente moda dos "apertamentos", aqueles imóveis minúsculos de menos de 40 metros quadrados vendidos (quando são vendidos) pelos olhos da cara. O preço continuará subindo? É impossível saber. Mas, caso seja aprovado, o novo Plano Diretor da cidade poderá ajudar a empurrar o preço para cima. O projeto, que estabelece as diretrizes para as construções e está sendo analisado na Câmara Municipal, prevê, por exemplo, limites de altura para prédios localizados em ruas sem alternativas de transporte público. Isso deverá reduzir a oferta e, assim, elevar o valor médio dos apartamentos.
(texto publicado na revista Exame edição 1065 - ano 48 - nº 9 - 14 de maio de 2014)
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