segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Paulistana Nota Dez: Marcia Dias - Meriane Morselli


Nome: Marcia Dias
Profissão: professora
Atitude transformadora: criou uma associação que ajuda crianças e adolescentes vítimas de abuso e abandono

Histórias de abuso, abandono, maus-tratos e vícios marcam um grupo de crianças e adolescentes que vivem em um casarão na Rua Visconde de Irajá, na Vila Mariana. A residência da Associação Beneficente Santa Fé abriga 22 garotas na faixa de 12 a 19 anos - grávidas ou mães recentes, com os respectivos filhos - que estiveram submetidas a episódios de violência. Instaladas ali, as jovens têm a liberdade de sair para trabalhar, estudar e reconstruir a vida, enquanto seus bebês recebem os cuidados de funcionários. Em contrapartida, as meninas devem colaborar com a limpeza, a arrumação do ambiente e o preparo das cinco refeições diárias.

A história da iniciativa começou em 1993, quando a professora Marcia Dias se juntou a alguns amigos e passou a promover atividades culturais com moradores de rua em uma tenda na Praça da Sé. "Eles não queriam sair de lá, e fomos batalhando até conseguir um lugar fixo", diz ela, hoje presidente da instituição. A Santa Fé possui mais dois endereços no bairro: um funciona como sede e oferece oficinas, a exemplo de teatro e costura, e o outro recebe 22 meninos e meninas de zero a 18 anos que vivem afastados da família. Todos chegam por indicação do conselho tutelar e de varas da infância.

A estrutura, com 62 funcionários, é mantida com orçamento mensal de 250 000 mensais, por meio de um convênio com a prefeitura e de doações. Hoje atende 250 pessoas - além dos que residem nas duas casas, há os que frequentam cursos. Em 21 anos, foram cerca de 1 000 beneficiados. Entre os auxiliados pelo projeto está uma garota que chegou grávida dos 10 para os 11 anos, vítima de abuso. Hoje, aos 14, ela conseguiu se reestruturar para criar o filho, foi reintegrada à família e segue os estudos. "São muitos os casos de sucesso, desde os que estão fazendo faculdade até aqueles que deixaram as drogas", comemora Marcia. "Damos uma base a eles para que superem o trauma e retomem sua vida."



(texto publicado na revista Veja São Paulo de 25 de junho de 2014)




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