Para manter o organismo num estado de equilíbrio conveniente e para metabolizar e absorver os nutrientes da nossa alimentação, é necessária uma eliminação adequada. Enquanto a parte superior do sistema digestivo - boca, estômago e intestino delgado - é destinada à absorção, a parte inferior - o cólon ou intestino grosso - destina-se à eliminação; este também contém variados micro-organismos, a que chamamos flora intestinal, que são essenciais para uma eliminação adequada.
A insuficiente eliminação dos produtos de excreção do organismo provoca a fermentação e putrefação, conduzindo a variados problemas de saúde. Quando se fazem várias refeições por dia, é impossível não haver resíduos acumulados no cólon sob a forma de partículas alimentares não digeridas ou de produtos finais dos alimentos que foram submetidos a processos digestivos. Os resíduos alimentares também se desenvolvem nas células e tecidos, o que pode tornar-se altamente tóxico se continuarem a fermentar e a apodrecer. O objetivo do cólon, enquanto órgão de eliminação, é acumular material de excreção de todas as partes do organismo e, através da ação peristáltica dos músculos do cólon, remover estes resíduos. Se continuar a acumular, a má disposição, a doença e o desequilíbrio no organismo ocorrem frequentemente.
A obstipação é a principal condição na origem da maior parte dos problemas de saúde. Muitas vezes existe um estado de obstipação quando os movimentos intestinais parecem normais devido a uma acumulação de fezes no cólon. A obstipação implica não apenas a retenção de fezes no intestino, mas também a retenção na primeira metade do cólon (do ceco até o meio do cólon transversal).
A parede desta secção do cólon tem nervos e músculos que criam movimentos ondulatórios conhecidos como peristálticos para impelir o conteúdo do cólon do ceco para o reto para posterior evacuação. Além da formação destas ondas, a primeira metade do cólon extrai todo o material nutritivo que o intestino delgado não tenha conseguido recolher. Este material nutritivo é recolhido pelos vasos sanguíneos que revestem as paredes do cólon e conduzido ao fígado para ser processado. Se as fezes fermentaram no cólon, os elementos nutritivos presentes passam para a corrente sanguínea como produtos poluídos (a que chamaremos de envenenamento do sangue, uma condição em que o sangue contém matérias venenosas, produzidas pelo crescimento de bactérias patogênicas ou causadoras de doença).
A outra função importante da primeira metade do cólon é reunir (a partir das glândulas nas suas paredes) a flora intestinal necessária à lubrificação do cólon. Muita gente acredita que as irrigações do cólon e os clísteres fazem desaparecer a flora intestinal e privam o cólon de lubrificação. Isso não acontece; quando a acumulação de fezes no intestino leva a um bloqueio ou a uma incrustação, não é possível que o revestimento do cólon funcione normalmente, e as glândulas não conseguem produzir a lubrificação necessária. Esta incrustação interfere com a flora intestinal necessária à lubrificação do cólon, à formação de movimentos peristálticos tendentes à evacuação e à absorção de elementos nutritivos a partir do intestino delgado.
A irrigação do cólon é um método que consiste em lançar um jato de água para o cólon de modo que o revestimento fecal fique embebido e saturado a fim de que a sua remoção possa realizar-se gradual e efetivamente. Enquanto o paciente se encontra deitado e descontraído numa marquesa ligada ao equipamento, um operador treinado (muitas vezes uma enfermeira, um médico quiroprático ou naturopata controla o fluxo de água e a expulsão realizada pelo cólon, massageando-o e ajudando na remoção de matéria fecal incrustada. Uma irrigação do cólon requer um período de 30 a 60 minutos; durante esse tempo, 90 a 120 litros de água (à razão de meio a 1 litro de cada vez) são inseridos no cólon através do reto e depois expelidos. Inicialmente, a maioria das pessoas precisa no mínimo de três irrigações (cerca de uma por semana) para libertar o material antigo e deveriam continuar estes tratamentos de dois em dois ou de três em três meses, dependendo do estado do cólon. A limpeza do cólon permite, assim, o máximo de absorção de alimentos. A quantidade certa de glicose é transportada a todas as células do organismo, mantendo o açúcar no sangue a um nível constante.
Muitas doenças e condições de desequilíbrio do organismo estão relacionadas com o bloqueio de matéria fecal no cólon. Uma delas é a diarreia - condição de evacuação frequente e fluída do intestino. Existem vários tipos de diarreia, o mais comum é a diarreia inflamatória causada pela congestão de muco no cólon; outro tipo é a pancreática, devida a uma desordem do pâncreas; há também a diarreia parasítica que é provocada pela presença de parasitas intestinais. Todas elas reagiram favoravelmente aos tratamentos do cólon.
Se estudarmos um diagrama do cólon, verificamos que cada secção do cólon corresponde a outro órgão no organismo. Ao limparmos o cólon, estamos limpando e mantendo em equilíbrio todos os outros órgãos ao mesmo tempo.
Muitas pessoas sofrem de algum tipo de doença ou condição metabólica - hipoglicemia (baixo teor de açúcar no sangue), diabetes, desequilíbrio da tireoide (as condições de peso a mais ou a menos relacionam-se muitas vezes com a tireoide) e as várias doenças a que chamamos de cancro. O metabolismo do organismo depende do hormônio tiroxina para poder funcionar devidamente; o iodo é o ingrediente básico deste hormônio. A capacidade da tireoide de utilizar o iodo é proporcional à falta de toxicidade no cólon. Quando a tireoide não consegue gerar suficiente tiroxina, a pele pode tornar-se opaca, o cabelo seco e quebradiço, o corpo aumenta de peso e há uma perda de vitalidade.
O pâncreas é um dos nossos órgãos mais importantes; está intimamente ligado ao metabolismo do açúcar no sangue e aos processos digestivos. O suco pancreático contém enzimas digestivas e é alcalino na sua reação, estabelecendo assim as condições ideais para o funcionamento da enzimas intestinais no intestino delgado. Mais ou menos no centro do pâncreas há um grupo de glândulas chamado "ilhas de Langerhans", que produzem insulina, o hormônio responsável pela regulação do metabolismo de açúcar e outros hidratos de carbono. Quando o organismo está intoxicado e existe fermentação do cólon, estas glândulas ficam impossibilitadas de produzir a insulina necessária, causando uma tolerância de açúcar por esse mesmo organismo. Quando isto acontece, o volume de açúcar no sangue aumenta e é descarregado nos rins (processo conhecido como diabetes mellitus).
O pâncreas funciona juntamente com o fígado; ele está implicado no metabolismo de proteínas e gorduras. O fígado gera bílis, que é armazenada na vesícula biliar e ajuda a destruir as gorduras presentes no organismo. É também um agente de desintoxicação e um reservatório de sangue. Quando o cólon está intoxicado e contém material fermentado, as toxinas também se estabelecem no fígado. Isto enfraquece o sistema imunitário e o organismo pode desenvolver várias condições de alergia e doenças.
Outra função do fígado é decompor a hemoglobina dos glóbulos vermelhos e armazenar cobre, ferro e outros sais minerais.
A congestão do cólon também leva o sistema linfático a ficar sobrecarregado com material de excreção.
Quando as glândulas linfáticas se encontram no máximo da sua capacidade, aparecem muitas vezes caroços em várias áreas do corpo, como nos seios. Certos problemas de próstata e outras desordens do sistema reprodutor estão também relacionados com bloqueios no cólon.
Para ajudar a eliminação, há vários alimentos que deveriam ser incluídos numa dieta, também jejuns breves, principalmente constituídos por sucos de vegetais, caldos e chás de ervas. O jejum prolongado, todavia, esgota a vitalidade. Mas, como há muitos indivíduos que têm problemas devido a baixas concentrações de açúcar no sangue, a abstinência, um ou dois antes da irrigação do cólon, é suficiente. Os sucos de fruta tendem a tornar o organismo mais ácido e aumentam a quantidade de açúcar de modo que estes devem ser muito pouco usados - talvez um copo de suco de ameixa ou de cereja de manhã. Quanto ao resto, os sucos de vegetais frescos, as sopas de batata e outros vegetais (que ajudam a alcalinizar o sistema) e os chás de ervas fornecem ao organismo as vitaminas e sais minerais de que necessita.
Os alimentos mucilaginosos e as ervas desempenham um importante papel na lubrificação das paredes do cólon e como ajuda a eliminação. Os alimentos mucilaginosos importantes incluem as sementes de linhaça, de chia e de psyllium. Estas devem ser moídas e acrescentadas aos cereais do café da manhã, polvilhadas sobre saladas ou sopas, ou tomadas dissolvidas em água ou em sucos. As ervas que são mucilaginosas e especialmente benéfica para o cólon são o olmo e a consola.
A inclusão de alimentos fermentados numa dieta é também muito importante como auxiliar na eliminação e para promover o crescimento de bactérias intestinais saudáveis. O iogurte e o kefir são alguns desses alimentos. Se alguém for particularmente sensível aos produtos de leite de vaca, poderá comprar iogurte de leite de cabra ou fazê-lo com leite fresco ou em pó. Os iogurtes de sementes e os queijos de sementes fermentados também podem ser feitos com sementes de gergelim, de girassol ou outras. Os alimentos fermentados feitos de soja incluem o missô e o tamari (molho de soja). Contudo, é preciso ter cuidado na ingestão do missô e do tamari, uma vez que têm um elevado teor de sódio. Por isso, não devem ser incluídos numa dieta por mais de uma ou duas vezes por semana. Os missôs branco e amarelo contêm menos sódio. Outros alimentos fermentados incluem a choucrute, o kim chee (uma mistura condimentada de couve e pimenta vermelha usada no orienta) e os queijos fermentados como o Roquefort.
Além da limpeza do cólon, é importante remover periodicamente o excesso de muco do nariz, da garganta e dos pulmões. Há duas espécies de muco - os mucos de lubrificação das mucosas, que são naturais e necessários em qualquer organismo - e os mucos patogênicos que são o resultado da ingestão de certos alimentos líquidos ou sólidos. Estes mucos patogênicos propagam germes, micróbios e bactérias. O leite de vaca e seus derivados são a fonte mais prolífica deste tipo de mucos. A alimentação e digestão deficientes também causam um fluxo acrescido de mucos.
A lavagem nasal ajuda muito - pingar água morna numa narina com a ajuda de um pequeno jarro (chamado "netti pot") deixando-a sair pela outra. Também há vários tubos na Índia que são introduzidos por cada uma das narinas e depois retirados pela garganta. Isto ajuda a libertar o muco na área do nariz e da garganta. Existem ainda processos mais complexos para limpar os brônquios, o estômago e o cólon.
A pele é outro órgão de eliminação muito importante. Muitas toxinas acumulam-se na pele, o que contribui par os vários odores corporais que emitimos. As saunas e os banhos de vapor, especialmente nos meses de inverno, quando normalmente não transpiramos. Constituem excelentes métodos de limpeza da pele. As instalações de sauna, usadas por muitas tribos americanas nativas, são uma ótima forma de limpar tanto a mente como o corpo.
(Do Manual Completo de Medicina Natural de Marcia Starck, Editora Estampa)
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