Surgido em 1949 para substituir os velhos discos de 78 RPM, o LP ainda monarual teve um pouco de dificuldade para convencer os audiófilos da época, tendo entretanto aceitação gradual pelo seu maior tempo de música gravada, menor peso e menor ruído de trilhagem da agulha nos sulcos. Em 1958 com a introdução das gravações estereofônicas, o LP definitivamente conquistou posição de destaque e reinou absolutamente, até meados dos anos 80 quando o CD, surgido em 1982, começou a ocupar o lugar do LP na preferência dos audiófilos.
Em parte, os mesmos argumentos para a introdução do LP, foram utilizados pelos defensores do CD, ou seja, maior tempo de gravações, menor peso e ausência total de ruídos de trilhagem por inexistência de uma agulha trilhando sulcos, a leitura, como todos devem saber é feita pela variação de um feixe de laser sobre covas e interpretada por sistema binário de computador (digital). Exatamente em 1982 os introdutores do CD prometeram e bradaram para o mundo um "sistema de gravação sonora perfeito para sempre". Me lembro de um artigo em uma revista de som da época em nosso país, cujo autor, após ouvir uma demonstração do CD, informou que fora o som mais perfeito que já tinha ouvido em sua vida e que, era o fim daquela agulhinha idiota presa na ponta de um braço estúpido tentando seguir uma trilha pior que uma pista de motocross e ainda por cima, querendo reproduzir música!
Confesso que como audiófilo, nascido e criado ouvindo, inicialmente, discos de 78 ROM e depois LP, me enchi de curiosidade e de esperança com os novos disquinhos. Tão logo surgiram no mercado um amigo audiófilo aqui em Salvador, na Bahia, possuidor de um sistema com configuração high end de alto nível instalado em uma sala bem preparada acusticamente, com tratamento da corrente elétrica, posicionamento correto dos sonofletores, etc., me convidou para uma audição e logo nos primeiros minutos senti que o novo processo não era páreo para a sonoridade superior do LP, mesmo com as vantagens de compacticidade, maior tempo de música, ausência de ruídos, etc., pois apresentava, e ainda apresenta até hoje com menos intensidade, um som quase que desprovido das harmônicas e sobretons que tanto definem o timbre dos instrumentos e da voz humana, é um som realmente limpo de ruído de trilhagem, só que na limpeza, tiraram um pouco da musicalidade inerente a qualquer apresentação musical. Outros audiófilos amigos entretanto, que também ouviram os primeiros Cd's que chegaram em minha cidade, tiveram reações iguais ou contrárias, sendo que muitos se desfizeram de suas coleções de LP e outros ao contrário, passaram a adquiri-los em maior quantidade.
As revistas de áudio de quase todo mundo rasgaram elogios ao novo disco, com a exceção de poucas, notadamente da The Absolut Sound dos Estados Unidos, cujo editor chefe Harry Pearson defende até hoje a supremacia do LP. Aos poucos foram surgindo novas versões de equipamentos digitais, separação do conversor digital-analógico do transporte, conhecimento do jitter (uma espécie de vírus inerente ao processo) e de sua necessidade de erradicação, sistemas monobits e multibits e até mesmo novas gerações de gravadores digitais (já estamos na quinta geração) e até sistemas de filtragens para uma maior aproximação do som analógico (HDCD).
Já se chegou à conclusão de que o standard proposto em 1982 de 44.420 samples e 16 bits é inadequado para se aproximar do realismo de um evento musical, como se conseguiu com o LP, e agora com o surgimento do DVD para filmes com 96.000 samples e 24 bits, a indústria se prepara, na surdina, para o lançamento a qualquer hora de novos discos digitais utilizando a velha plataforma do CD porém com este novo standard. A ideia é a de que, utilizando mais covas do sistema binário para o mesmo tempo no nosso sistema, o fracionamento do som se torne mais estreito e quando lido apresente uma sensação mais próxima do sistema analógico que é contínuo. A propósito vale aqui um comentário irônico do genial diretor técnico da BAT (Balanced Audio Technologies) Victor Khomenko, que faz uma analogia em se cortar uma cobra em 10 pedaços a grosso modo ou cortar a mesma cobra em 20 pedaços bem cortadinhos, no fim, diz ele, restará sempre uma cobra morta! Um audiófilo americano expert em computação, afirmou numa revista de áudio que nem mesmo com um milhão de bits o sistema digital irá se aproximar do analógico, e o mesmo Victor da BAT afirmou em uma entrevista que o futuro dos sistemas de reprodução sonora, baseado nas pesquisas avançadas de várias empresas de porte, será para a surpresa geral - analógico!
Acredito que muitos utilizam hoje o CD, excetuando o sentido prático de utilização e armazenamento e pela avassaladora quantidade e variedade de gravações disponível no mercado, pela quase ausência de gravações de, mais ou menos, 1988 para cá em LP e por não terem tido acesso a um sistema de reprodução analógica de qualidade.
Assim como o violão, que dizem ser o instrumento musical mais fácil de se tocar mal e o mais fácil de se tocar bem, o LP para ser tocado corretamente, exige do audiófilo uma série de conhecimentos e cuidados, que muitos ignoram ou nunca tiveram o cuidado de aprender.
Outra razão para ascensão do CD, e pouco conhecida do público consumidor, é que o LP é de confecção muito mais complexa que os discos digitais, tem muito mais etapas na sua produção, algumas com processo manual de correção e custa consequentemente mais caro, até porque requer muito mais matéria-prima e tem uma embalagem também mais custosa. Pode-se dizer que a confecção do LP é quase toda manual contra a do CD totalmente automatizada.
Se for escrever todos os argumentos pró e contra o LP ou o CD, teria que redigir um imenso tratado, pois muita tinga já foi gasta na mídia especializada a favor de um sistema ou de outro, tentando abreviar, diria apenas que hoje, passados 15 anos após o lançamento do CD, praticamente quase toda a imprensa especializada em quase todas as partes do mundo, está chegando à conclusão que o sistema analógico do LP é superior ao digital do CD, no aspecto mais importante para qualquer audiófilo que se preze, que é o da maior aproximação do som registrado com o som original de um evento musical. O velho e surrado argumento da existência de chiados, clics e pocs na utilização de um LP, enfatiza a falta de cuidados e conhecimentos da maioria das pessoas com relação à escolha, instalação e regulagens de um toca-discos, bem como dos cuidados de utilização, limpeza e estocagem dos LPs.
Um bom toca-discos com um braço de boa qualidade bem montado e regulado com uma cápsula fonocaptora também de qualidade bem instalada e bem regulada, propicia a audição de um LP limpo e sem arranhões com o mínimo ou mesmo isento de ruídos, a par dos melhores equipamentos de reprodução de CD. O som resultante do LP entretanto, é largamente superior por ser um som contínuo e com uma faixa de resposta superior principalmente nos agudos, devido à limitação do CD nos 22 Khz imposta pelo sistema adotado, que mesmo superando nossa capacidade auditiva diminui a existência dos sobretons que tanto ajuda a nossa compreensão dos timbres, e que no LP atinge facilmente os 50 Khz.
Quando se ouve uma gravação do mesmo evento nos dois sistemas gravados separadamente, invariavelmente se nota a maior riqueza harmônica na gravação analógica, maior resposta de transientes, melhor formação de palco, mais transparência, maior presença e definição dos instrumentos e vozes, maior senso holográfico e principalmente um visão perceptória mais fácil do recinto da gravação e de seus seres humanos fazendo música, se movimentando, ou seja, muito mais aproximação do som original do evento. O CD também proporciona quase tudo isto, porém com muitas cortinas interpostas entre nossa audição e o que imaginamos ter sido o evento, por mais esforço que fizermos não conseguimos ouvir a mesma sonoridade e transparência da gravação analógica do LP.
Velhas fábricas de LPs que estavam desativadas estão sendo recuperadas e restauradas para voltarem a produzir, e inclusive com matéria prima hoje da melhor qualidade (graças aos avanços da indústria química) e a utilização quase padrão de discos com 180 à 200 gramas de vinil contra 80 gramas que chegou a se utilizar em passado recente. Muitas empresas estão utilizando equipamentos eletrônicos valvulados na parte de pré e de amplificação, visto que hoje os valvulados estão competindo palmo a palmo com os transistorizados e para muitos audiófilos até os superam em qualidade sônica.
Com a produção do LP chegando em todo o mundo a ridículos 500.000 unidades em 1995, vivemos no ano passado uma produção de 3 milhões de unidades, com o incremento de vendas mensalmente na maioria dos países avançados fazendo prever um aumento considerável neste ano. Etiquetas que haviam abolido os LPs de fabricação como a EMI, Deca, Deutsche Gramophon, CBS (Sony), Verve e outras, voltaram a produzi-los e estão sendo recompensadas pelas vendas em constante aumento, algumas que ainda não voltaram a produzir o LP estão concedendo autorização para fabricantes especializados a reeditar seus sucessos do passado, tanto na área de música clássica, como jazz e pop de qualidade, o que faz a delícia de muitos colecionadores e melômanos, que hoje estão dispondo no mercado de verdadeiras obras-primas gravadas por regentes e solistas da maior qualidade, em reedições primorosas até com o grafismo das capas originais do passado, sendo que a maioria das gravações são consideradas pelos experts como superior às originais devido ao desenvolvimento de técnicas e materiais mais modernos e de qualidade superior.
LPs que muitos colecionadores sonhavam há mais de 20 anos, retornaram agora em reedições soberbas, e estão hoje engrossando as coleções de muitos audiófilos. As etiquetas mais procuradas são: RCA-VictorLivingStereo, CBS, Verve, EMI, Decca, Blue Note, Vanguard, Deutsche Gramophon, Analogue Productions e Mobile Fidelity. Para gládio daqueles que estavam esperando, foi anunciado recentemente o retorno das gravações Mercury Living Presence, com seis títulos a serem produzidos na primeira leva encabeçados pelo excelente HI-FI a La Espagnola, cujo disco original custava mais de seicentos dólares no mercado de usados. Com certeza absoluta, não importando o que lhes empurravam ouvido adentro nestes últimos 15 anos, o som emanado do LP é vastamente superior ao do CD, quem duvidar que faça uma audição dos dois sistemas em seu equipamento, em sua sala, a diferença acentuada dos dois processos será reveladora.
Matéria extraída da revista:
Clube do Audio/do Som Hi Fi. Edição 16-ago/97
Se for escrever todos os argumentos pró e contra o LP ou o CD, teria que redigir um imenso tratado, pois muita tinga já foi gasta na mídia especializada a favor de um sistema ou de outro, tentando abreviar, diria apenas que hoje, passados 15 anos após o lançamento do CD, praticamente quase toda a imprensa especializada em quase todas as partes do mundo, está chegando à conclusão que o sistema analógico do LP é superior ao digital do CD, no aspecto mais importante para qualquer audiófilo que se preze, que é o da maior aproximação do som registrado com o som original de um evento musical. O velho e surrado argumento da existência de chiados, clics e pocs na utilização de um LP, enfatiza a falta de cuidados e conhecimentos da maioria das pessoas com relação à escolha, instalação e regulagens de um toca-discos, bem como dos cuidados de utilização, limpeza e estocagem dos LPs.
Um bom toca-discos com um braço de boa qualidade bem montado e regulado com uma cápsula fonocaptora também de qualidade bem instalada e bem regulada, propicia a audição de um LP limpo e sem arranhões com o mínimo ou mesmo isento de ruídos, a par dos melhores equipamentos de reprodução de CD. O som resultante do LP entretanto, é largamente superior por ser um som contínuo e com uma faixa de resposta superior principalmente nos agudos, devido à limitação do CD nos 22 Khz imposta pelo sistema adotado, que mesmo superando nossa capacidade auditiva diminui a existência dos sobretons que tanto ajuda a nossa compreensão dos timbres, e que no LP atinge facilmente os 50 Khz.
Quando se ouve uma gravação do mesmo evento nos dois sistemas gravados separadamente, invariavelmente se nota a maior riqueza harmônica na gravação analógica, maior resposta de transientes, melhor formação de palco, mais transparência, maior presença e definição dos instrumentos e vozes, maior senso holográfico e principalmente um visão perceptória mais fácil do recinto da gravação e de seus seres humanos fazendo música, se movimentando, ou seja, muito mais aproximação do som original do evento. O CD também proporciona quase tudo isto, porém com muitas cortinas interpostas entre nossa audição e o que imaginamos ter sido o evento, por mais esforço que fizermos não conseguimos ouvir a mesma sonoridade e transparência da gravação analógica do LP.
Velhas fábricas de LPs que estavam desativadas estão sendo recuperadas e restauradas para voltarem a produzir, e inclusive com matéria prima hoje da melhor qualidade (graças aos avanços da indústria química) e a utilização quase padrão de discos com 180 à 200 gramas de vinil contra 80 gramas que chegou a se utilizar em passado recente. Muitas empresas estão utilizando equipamentos eletrônicos valvulados na parte de pré e de amplificação, visto que hoje os valvulados estão competindo palmo a palmo com os transistorizados e para muitos audiófilos até os superam em qualidade sônica.
Com a produção do LP chegando em todo o mundo a ridículos 500.000 unidades em 1995, vivemos no ano passado uma produção de 3 milhões de unidades, com o incremento de vendas mensalmente na maioria dos países avançados fazendo prever um aumento considerável neste ano. Etiquetas que haviam abolido os LPs de fabricação como a EMI, Deca, Deutsche Gramophon, CBS (Sony), Verve e outras, voltaram a produzi-los e estão sendo recompensadas pelas vendas em constante aumento, algumas que ainda não voltaram a produzir o LP estão concedendo autorização para fabricantes especializados a reeditar seus sucessos do passado, tanto na área de música clássica, como jazz e pop de qualidade, o que faz a delícia de muitos colecionadores e melômanos, que hoje estão dispondo no mercado de verdadeiras obras-primas gravadas por regentes e solistas da maior qualidade, em reedições primorosas até com o grafismo das capas originais do passado, sendo que a maioria das gravações são consideradas pelos experts como superior às originais devido ao desenvolvimento de técnicas e materiais mais modernos e de qualidade superior.
LPs que muitos colecionadores sonhavam há mais de 20 anos, retornaram agora em reedições soberbas, e estão hoje engrossando as coleções de muitos audiófilos. As etiquetas mais procuradas são: RCA-VictorLivingStereo, CBS, Verve, EMI, Decca, Blue Note, Vanguard, Deutsche Gramophon, Analogue Productions e Mobile Fidelity. Para gládio daqueles que estavam esperando, foi anunciado recentemente o retorno das gravações Mercury Living Presence, com seis títulos a serem produzidos na primeira leva encabeçados pelo excelente HI-FI a La Espagnola, cujo disco original custava mais de seicentos dólares no mercado de usados. Com certeza absoluta, não importando o que lhes empurravam ouvido adentro nestes últimos 15 anos, o som emanado do LP é vastamente superior ao do CD, quem duvidar que faça uma audição dos dois sistemas em seu equipamento, em sua sala, a diferença acentuada dos dois processos será reveladora.
Matéria extraída da revista:
Clube do Audio/do Som Hi Fi. Edição 16-ago/97
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