domingo, 2 de agosto de 2015

O debate do chocolate - E. R. King


Ele é objeto de muitas pesquisas, mas será mesmo um alimento saudável?

Parece que até os cientistas querem uma desculpa para comer mais chocolate, a julgar pela quantidade de benefícios à saúde que, nos últimos tempos, foram associados a esse doce produto. Ele tem sido apontado como razão para tudo, da redução da pressão arterial e do risco de AVCs ao aumento da capacidade cerebral.

Mas por que estudar o chocolate? Por que há indícios de que ele não seja apenas uma guloseima. Seu efeito no corpo humano parece ser especial, explica a Dra. Daniele Piomelli, professora de anatomia e neurobiologia da Escola de Medicina do campus de Irvine da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

"Ele é mais que um alimento e menos que um medicamento", diz ela, pelo menos quando se trata do tipo amargo e não do ao leite (cheio de açúcar) nem do branco (que nem chocolate é). "Há indícios de que o chocolate seja um composto psicoativo com algo mais que o sabor e a textura que apreciamos." Esse efeito é parecido com o do café e do chá, mas ainda não está claro para os cientistas. "É como sse fosse um livro que ainda precisa ser escrito", acrescenta a Dra. Daniele.

É claro que o efeito do chocolate sobre o coração não surpreende quando o doce vem numa caixa em formato de coração das mãos de quem amamos. Mas, afora o efeito romântico, dois estudos recentes constataram que a saúde cardiovascular pode mesmo melhroar com seu consumo regular.

Homens que comem chocolate regularmente mostraram menos probabilidade de AVC, de acordo com pesquisadores suecos que examinaram dados colhidos ao longo de dez anos da vida dos participantes. (O grupo estudou o efeito do chocolate nas mulheres e fez a mesma descoberta: as que o comiam também tinham risco menor de sofrer um AVC.)

Uma equipe italiana verificou que uma substância química do chocolate pode ser a razão da melhora da pressão arterial e da função cognitiva (ou cerebral) nos idosos estudados. O resultado veio depois que os participantes tomaram, durante oito semanas, uma bebida que continha uma substância encontrada no cacau.

Um grupo de cuja função cognitiva ninguém duvida é o dos ganhadores de prêmios Nobel. Um cardiologista observou, no New England Journal of Medicine, que os países cujos habitantes comem mais chocolate também têm o maior percentual per capita de premiados. No primeiro lugar em ambas as categorias? A Suíça.

Mas os especialistas em nutrição logo acrescentarão que esses achados não querem dizer que seja bom comer uma ou duas barras grandes de chocolate por dia. A maioria dos que estão disponíveis no mercado tem açúcar e gordura demais, que pesam mais que os benefícios para a saúde. Mas em uma ocasião especial? Vá em frente e mime aqueles que você ama com uma barra de chocolate amargo. E diga que está cuidando da saúde deles.




(texto publicado na revista Seleções de março de 2013)









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