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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Perigo em dose dupla - Gustavo Curcio


Entenda como diabetes e colesterol aumentam o risco de doenças do coração e proteja-se

Setembro é o mês do coração e do combate ao infarto. Há dois anos, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista criaram a Campanha Coração Alerta, que tem como objetivo reduzir as mortes por infarto no Brasil. O problema, que no passado afetava principalmente os homens, tem feito cada vez mais vítimas entre as mulheres. "Há 30 anos, apenas 10% dos infartos ocorriam em mulheres. Hoje este número ultrapassa os 30%", conta Marcelo Cantarelli, cardiologista e idealizador da campanha. Sedentarismo e sobrepeso contribuem para as doenças cardíacas, mas dois vilões silenciosos podem colocar seu coração em risco: diabetes e colesterol alto. "Mulheres depois do climatério têm maior tendência a desenvolver o diabetes. Por isso, tornam-se mais vulneráveis às doenças do coração. Isso pode levar a casos extremos, como o infarto", explica o médico. Veja aqui como desarmar essa e outras bombas.

Diabetes: ameaça maior ao coração da mulher

O excesso de açúcar no sangue estreita as artérias e dificulta a circulação. Esse problema ocorre em todo o corpo, mas se concentra nos olhos e no coração, trazendo danos muitas vezes irreversíveis, como a cegueira. O acúmulo de placas de gordura no coração provocado pelo diabetes é uma das principais causas de ataques cardíacos.

Por que traz mais danos a elas?

Segundo Marcelo Cantarelli, o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos é mais perigoso em mulheres porque as artérias femininas são naturalmente mais estreitas que a dos homens. Aí a redução do fluxo de sangue que vai para o coração acaba sendo maior - e mais perigosa.

Colesterol: o problema cresce depois da menopausa

Durante a fase reprodutiva, os níveis de colesterol da mulher quase sempre permanecem sob controle (há exceções, ninguém pode se descuidar!). Esse quadro muda na menopausa, quando o estrógeno despenca. "Esse hormônio impede que o colesterol grude nos vasos", explicam os cardiologistas Otavio Gebara e Raul Dias dos Santos no livro Coração de Mulher, da Editora Abril. Sem proteção do estrógeno, o colesterol tende a subir, pegando muitas mulheres de surpresa. Por isso é importante se cuidar desde cedo e maneirar no consumo de gordura trans, presente em muitos industrializados, e de gordura saturada, encontrada em alimentos de origem animal, como a carne.

O infarto feminino é mais sutil

Os tradicionais sintomas do infarto, como dores agudas no peito e formigamento dos membros (braços e pernas), costumam ser menos intensos em pessoas do sexo feminino. Por isso, muitas mulheres que infartam demoram demais para procurar o hospital. E a demora pode ser fatal. Fique atenta aos sinais do infarto feminino e busque ajuda caso sinta algo parecido:

- Sensação de queimação, aperto ou peso no peito.

- Dor fraca na boca do estômago ou nas costas, com reflexo no braço (principalmente esquerdo), punho, pescoço, mandíbula e até nos dentes.

- Suor frio.

- Falta de ar.

- Enjoo e vômito.

- Desmaio.

Peso controlado e corpo ativo, coração a salvo

É comum a mulher engordar na menopausa, principalmente na região abdominal, e se conformar com isso, acreditando que se trata de algo inevitável nessa fase da vida. O problema é que esse fator potencializa o aparecimento de diabetes e é uma ameaça a mais para o coração, que fica sobrecarregado com os quilos a mais. Veja que cuidados tomar para evitar a obesidade e ainda manter a glicemia e o colesterol sob controle:

- Faça exercícios aeróbicos. Caminhar 30 minutos três vezes por semana reduz em até 40% o risco de morrer do coração.

- Diminua a ingestão de sal e açúcar.

- Controle o consumo de bebidas alcoólicas.

- Faça exames de rotina pelo menos uma vez por ano.

- Se for diabética, controle a glicemia e use os remédios que o médico receitar. O mesmo vale para quem tem colesterol alterado, viu?




(texto publicado na revista AnaMaria nº 937 - 26 de setembro de 2014)


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