Desde que o Hachiko faleceu há 2 dias, tenho chorado muito por causa da tristeza e da falta que ele está fazendo, mas me dei conta que é o primeiro parente canino que se foi depois que comecei a fazer os cursos de autoconhecimento. Quando um cão passa a fazer parte de sua família é como se fosse um humano, aliás, o apego é maior porque uma criança cresce e depois consegue se virar sozinha. Já um cão será criança até o final de sua vida. É preciso pensar muito antes de adotar um animal porque ele vai amarrar o seu humano, uma vez que em caso de uma viagem é preciso se organizar para levá-lo junto ou então deixá-lo na casa de um parente ou em um hotelzinho para animais.
Hoje de manhã decidi distribuir algumas coisas do Hachiko como o shampoo para alergia que ele estava usando e os sacos de ração. Fui ao veterinário onde ele tomava banho e deixei tudo lá. Lavei o comedouro e a baciazinha onde ele tomava água que vão ficar guardados por enquanto.
Aproveitei para dar a notícia a alguns amigos do Hachiko. Primeiramente falei com o Roberto que trabalha em uma loja de confecção: ele ficou triste com a notícia. Depois fui à revistaria e falei com a funcionária Sara. Ela conheceu o Hachiko só na semana passada. A Roberta, a proprietária, chegou um pouco depois e foi justamente ela quem disse que animal amarra e que quando um animal morre sofremos muito, mas o que podemos fazer se os cães vivem tão pouco? Vamos renunciar à convivência com seres tão maravilhosos porque vamos sofrer quando eles se forem? Como tudo na vida existem os prós e contras e cabe a nós escolher o que queremos fazer realmente. Depois fui dar a notícia ao Davi, que trabalha na portaria do condomínio. Assim que me viu chegando sozinha ele percebeu que havia algo errado e quando dei a notícia ele ficou com os olhos marejados, mas se segurou. Foi ele quem tinha me dito há alguns meses que o Hachiko estava fazendo de tudo para continuar conosco. Que o seu olhar era de quem já estava cansado e prestes para partir. E realmente foi o que aconteceu. Chorei todas as vezes em que dei a notícia hoje. Mas uma das coisas que agradeço ao universo é que não tive que mandar praticar a eutanásia. Eu pedia inconscientemente que quando chegasse a hora da partida do Hachiko que ele não sofresse e que fosse naturalmente. E foi o que aconteceu: tudo terminou em apenas 3 dias.
Um dia antes de ser internado, já não conseguindo caminhar direito, foi se arrastando atrás de minha mãe como que para se despedir e percebi esse mesmo olhar quando o coloquei no carro para levá-lo ao veterinário. Um olhar doce e tranquilo, que não fazia lembrar em nada o cãozinho bravo que ele era. Ele era muito doce com a minha mãe, mas comigo alternava momentos de "braveza" com momentos de pura ternura quando vinha pedir cafuné. Ele não era do tipo que pulava nas pessoas, mas quando estava mais afetuoso chegava perto de mim e dava uma leve lambida ou então encostava o focinho em minha perna. Quando queria cafuné tocava a minha mão com o focinho para que eu a colocasse em sua cabeça. E assim que eu chegava em casa e colocava o carro na garagem dava para ouvir o barulho que ele fazia atrás da porta.
Ah, quando comentei que a minha mãe estava sentindo muito a falta do Hachiko, o Davi pediu para dizer a ela que o cãozinho estava bem. O que eu achei interessante é que ele me disse que o nosso próximo cão virá com as mesmas características de personalidade do Hachiko. Pode ser, nunca se sabe. Mandei fazer cópias de algumas fotos que eu tinha feito com a máquina digital e as mostrei para a minha mãe. Ela reparou em algo que eu já tinha constatado: o focinho do Hachiko se parece muito com o de um outro cão que tivemos, o Duque. E coincidência ou não, tinham o gênio bem parecido. Como dizem que são os animais que escolhem o seu humano, pode ser que o próximo cãozinho venha para continuar a missão junto à nossa família.
Uma foto do Hachiko quando ainda posava para a câmera


Nenhum comentário:
Postar um comentário