terça-feira, 17 de dezembro de 2019

As moradoras vivas e mortas da raia - Laura Scofield/João Vitor Ferreira


As capivaras da raia olímpica se tornaram uma marca registrada da Cidade Universitária. Tudo começou há cinco anos, com um macho, duas fêmeas e cinco filhotes que chegaram pelo córrego Pirajussara. Na raia, a família de roedores encontrou o ambiente perfeito: comida, água limpa em abundância e nada de predadores. O resultado foi o crescimento exponencial da população, que atualmente é de aproximadamente 50 animais.

Mas assim como animais nascem, outros animais morrem. Há pelo menos três meses, como sugeriu o veterinário Derek Rosenfield, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, um animal morreu na raia e o cadáver continua lá. Agora decomposto, o corpo não apresenta mal cheiro, mas o abandono e a falta de zelo pela raia são materializados na presença do ser em decomposição.

A capivara morta está bem próxima à pista de caminhada, na altura do prédio de hidráulica, da Escola Politécnica.

Porém, para aqueles que frequentam o local, na medida do possível, está tudo bem. O veterinário garante que, apesar do incômodo em precisar ver um cadáver ao léu, não há risco algum de contaminação.

Encontramos outra capivara morta, em uma extremidade da raia e em estado ainda mais avançado de decomposição. Próximo ao corpo havia grande quantidade de ossos espalhados.

Responsabilidades

Derek, que estudou os roedores em seu doutorado, conta que é comum encontrar os animais mortos. Segundo ele, a responsabilidade por recolhê-los é da prefeitura do Campus, mas os responsáveis não fazem uma vistoria regular da área e dependem do aviso de terceiros todas as vezes que algum cadáver de animal é encontrado ao relento.

Adriana Cruz, assessora de imprensa da USP, pontua que as responsabilidades sobre as capivaras estão bastante diluídas. Ao Cepe, acabe a função de embalar o animal em um saco branco, preencher um formulário fornecido pela FMVZ e acionar a prefeitura do campus da Cidade Universitária (PUSP-C).

À prefeitura, cabe recolher e transportar o animal até a FMVZ,  caso a faculdade esteja fora do seu horário de funcionamento, o armazenamento deve ser feito em um galpão da PUSP-C. Na Veterinária, o trabalho consiste em reduzir e descartar a carcaça.

Porém, mesmo com todo este protocolo, é comum os animais serem jogados no lago, como afirmou Derek. A contaminação das águas não é um problema, a matéria orgânica é irrisória em relação ao volume de água. Porém, em função da utilização esportiva do lago por alunos e outros atletas, o descarta gera incômodos.


(texto publicado no Jornal do Campus - primeira quinzena - novembro de 2019)

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