terça-feira, 17 de dezembro de 2019

10 verbi indispensabili in italiano


10 cose da non fare in Italia


Qual a idade do seu dente ?


Pode parecer difícil, mas é possível saber, olhando no espelho, qual é a idade que o dente aparenta. Especialistas explicam que o dente de pessoas jovens, de 20 a 35 anos, deve ser rígido, ter uma ponta translúcida, e a engrenagem perfeita entre os dentes superiores com os inferiores, quando só os caninos se encostam e os outros dentes não, quando se fecha a boca. Essa condição só acontece quando possuímos o esmalte do dente rígido ou preservado. Já um dente envelhecido tem manchas e as pontas desgastadas, condição que deveria aparecer em pessoas com mais de 55 anos de idade, mas está se tornando cada vez mais comum nos dias atuais, com o aumento no número de pessoas com dentes com mais idade biológica (aparência) do que a compatível com a idade real do indivíduo. Isso se explica, segundo especialistas, pela falta de conhecimento sobre produtos específicos que podem endurecer o esmalte do dente e, ainda, pela falta de hábito da limpeza e consultas nas quais se analisa: o índice de placa bacteriana, a saúde da gengiva, da mordida e da mastigação.

O dente envelhecido é aquele que tem a dentina exposta e as pontas desgastadas. Com o tempo, pela exposição da dentina, o dente envelhecido começa a manchar, apresentando a coloração amarela e depois marrom, muito por causa dos corantes do que comemos. Além disso, pela perda do volume do esmalte, eles vão se movimentando e os dentes de baixo invadem o espaço dos dentes de cima, começando a "lixar" e desgastar toda a arcada. Pesquisas apontam que mais de 90% das pessoas, no mundo inteiro, apertam ou rangem os dentes, o que potencializa o desgaste.

5 dicas para preservar a idade biológica do dente

1. Evitar fazer refeições com alto índice de acidez e escovar os dentes imediatamente. É indicado esperar 30 minutos para escovar os dentes depois de consumir ácidos, evitando, assim, a ação abrasiva das pastas dentais na superfície ainda amolecida do dente.

2. Evitar bebidas ácidas antes de dormir, quando os efeitos protetores da saliva estão reduzidos.

3. Usar placa protetora para dormir e em momentos que desencadeiam tensão entre os dentes (durante exercícios físicos, por exemplo). Essa proteção é fundamental para prevenir o grande malefício da perda de volume do esmalte.

4. Priorizar o fio dental e a boa escovação para evitar a pigmentação e as manchas dentais e as inflamações de gengiva.

5. Ficar alerta: a gengiva não deve sangrar jamais. Se sangrar, é forte indício de alguma doença.


(texto publicado no jornal Ponto a Ponto - 26 a 27 de outubro de 2019)

As moradoras vivas e mortas da raia - Laura Scofield/João Vitor Ferreira


As capivaras da raia olímpica se tornaram uma marca registrada da Cidade Universitária. Tudo começou há cinco anos, com um macho, duas fêmeas e cinco filhotes que chegaram pelo córrego Pirajussara. Na raia, a família de roedores encontrou o ambiente perfeito: comida, água limpa em abundância e nada de predadores. O resultado foi o crescimento exponencial da população, que atualmente é de aproximadamente 50 animais.

Mas assim como animais nascem, outros animais morrem. Há pelo menos três meses, como sugeriu o veterinário Derek Rosenfield, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, um animal morreu na raia e o cadáver continua lá. Agora decomposto, o corpo não apresenta mal cheiro, mas o abandono e a falta de zelo pela raia são materializados na presença do ser em decomposição.

A capivara morta está bem próxima à pista de caminhada, na altura do prédio de hidráulica, da Escola Politécnica.

Porém, para aqueles que frequentam o local, na medida do possível, está tudo bem. O veterinário garante que, apesar do incômodo em precisar ver um cadáver ao léu, não há risco algum de contaminação.

Encontramos outra capivara morta, em uma extremidade da raia e em estado ainda mais avançado de decomposição. Próximo ao corpo havia grande quantidade de ossos espalhados.

Responsabilidades

Derek, que estudou os roedores em seu doutorado, conta que é comum encontrar os animais mortos. Segundo ele, a responsabilidade por recolhê-los é da prefeitura do Campus, mas os responsáveis não fazem uma vistoria regular da área e dependem do aviso de terceiros todas as vezes que algum cadáver de animal é encontrado ao relento.

Adriana Cruz, assessora de imprensa da USP, pontua que as responsabilidades sobre as capivaras estão bastante diluídas. Ao Cepe, acabe a função de embalar o animal em um saco branco, preencher um formulário fornecido pela FMVZ e acionar a prefeitura do campus da Cidade Universitária (PUSP-C).

À prefeitura, cabe recolher e transportar o animal até a FMVZ,  caso a faculdade esteja fora do seu horário de funcionamento, o armazenamento deve ser feito em um galpão da PUSP-C. Na Veterinária, o trabalho consiste em reduzir e descartar a carcaça.

Porém, mesmo com todo este protocolo, é comum os animais serem jogados no lago, como afirmou Derek. A contaminação das águas não é um problema, a matéria orgânica é irrisória em relação ao volume de água. Porém, em função da utilização esportiva do lago por alunos e outros atletas, o descarta gera incômodos.


(texto publicado no Jornal do Campus - primeira quinzena - novembro de 2019)

Gotas que caem das árvores são excretas de insetos - Ana Gabriela Zangari Dompieri


Em algumas épocas os frequentadores do campus podem ver e até sentir muitas gotas caindo de árvores, um fenômeno às vezes tão intenso que parece estar chovendo embaixo delas. Matheus Januário explica o que gera esse curioso gotejamento.

Apesar de vermos normalmente no campus as gotas caírem de tipuanas, porque elas são as mais comuns nos espaços de circulação, várias espécies de árvores podem passar pelo processo que causa os pingos, resultado de uma relação de parasitismo. "O que cai, na verdade, é uma excreta que vários insetos soltam". Esses insetos são, principalmente, os hemípteros, parentes das colchonilhas, dos percevejos e dos pulgões. "Eles se alimentam da seiva das árvores, que é por onde correm os nutrientes das plantas".

Então, por mais que pareça e que a utilizada expressão "árvores que choram" leve a crer que são as árvores que pingam, não é isso que acontece. Matheus justifica a dúvida: "parece que são elas, porque esses insetos são muito pequenos, então é difícil vê-los, além de que como não conseguem furar a casca das árvores, eles ficam nos ramos mais novos e altos".

A seiva é composta à base de água, açúcar e outras substâncias como aminoácidos, mas são principalmente essas outras substâncias que interessam para os insetos. "Eles estão sugando essa seiva, absorvendo os compostos nitrogenados e expelindo o açúcar e água em excesso". Os  insetos vão soltando essa substância até que elas se agregam e pingam, não das árvores, mas deles.

A maior parte do líquido com que entramos em contato é uma inofensiva mistura de água com açúcar, mas ainda assim é uma excreta, então não se recomenda beber.

Observamos melhor esse fenômeno na primavera e verão, porque no calor os insetos crescem mais rápido e se reproduzem mais intensamente. Matheus acredita que se o processo estivesse prejudicando fortemente as árvores elas apresentariam fraqueza visível.

As árvores excretam substâncias também, principalmente na forma de resina (que em alguns casos se torna âmbar), mas normalmente não é com essa substância que temos contato na USP.

Os insetos chegam às árvores sozinhos ou carregados por algumas espécies de formigas, que têm o comportamento de carregá-los e defendê-los, esperando para usufruírem do produto açucarado do parasitismo.


(texto publicado no Jornal do Campus - segunda quinzena - novembro de 2019)

Por que respondemos "obrigado" com "de nada" ? - Bruna Estevanin


Para entender o porquê, é preciso explicar de onde vêm as expressões. A origem do agradecimento é obscura, mas houve um tempo em que, quando alguém recebia um favor ou um presente, era obrigatório retribuir. Assim surgiu o "obrigado" - e, mais tarde, sua variação no feminino. Ele vem do verbo em latim obligare, que significa "responsabilizar", "dever". Por isso, quando alguém nos agradece, é como se dissesse "fico devendo uma obrigação". Por educação, quem presta um favor responde "de nada", que significa "de modo nenhum" e vem do latim rem natam. Aqui no Brasil,  o regionalismo acabou dando origem a novas formas de dizer o mesmo, como "imagina", "não há de quê" e outras mais informais e recentes como "falou" e "valeu". Independentemente da versão escolhida, quando respondemos ao "obrigado" com expressões do gênero, estamos dizendo que "de modo nenhum você é meu devedor", "você não é obrigado a nada".

(texto publicado na revista Mundo Estranho edição 162)

domingo, 10 de novembro de 2019

10 razões para aprender um idioma - Amanda Péchy

Em um mercado de trabalho concorrido, saber outra língua é quase obrigatório mas abrir-se para um idioma diferente traz ganhos maiores do que simplesmente completar o currículo. Inspire-se!

1) Tornar a mente mais dinâmica

Para manter um equilíbrio entre duas línguas, o cérebro precisa regular habilidades cognitivas como atenção e inibição, pois ambos sistemas de linguagem estão ativos e competindo. "É uma ginástica mental: como se liberasse uma língua e brecasse outra", diz Rebeca de Oliveira, do Colégio Humboldt. Isso fortalece a capacidade de conciliar tarefas simultâneas.

2) Melhorar a memória

A memória é basicamente a marca deixada por um processo de aprendizagem que permite armazenar e recuperar informações. "Aprender línguas envolve reconhecer, memorizar e usar fórmulas e estruturas para incorporá-las e torná-las suas", diz Amarilis Valentim, especialista em francês. Ou seja, dedicar-se a um novo idioma é treinar a memória. E isso vale para qualquer idade.

3) Reduzir o risco de Alzheimer

Para a saúde cognitiva, é fundamental manter a mente trabalhando, com atividades novas e desafiadoras - como aprender um novo idioma. Um artigo publicado em 2013 pela Academia Americana de Neurologia, por exemplo, mostrou que, em adultos que só falam uma língua, os primeiros sinais de demência se manifestam aos 71 anos. Já naqueles bilíngues, aos 75.

4) Tomar melhores decisões

Quando conversamos em uma segunda ou terceira língua, nos distanciamos das respostas emocionais e vieses associados à nossa língua-mãe. Isso faz com que decisões tomadas no novo idioma sejam, em geral, mais racionais. Além disso, a aprendizagem é uma espécie de treino: quanto mais se dedica a ela, mais a pessoa ganha prática em selecionar informações que importam.

5) Ter mais foco e atenção

O revezamento entre diferentes sistemas de linguagem, decidindo qual é o mais apropriado para o momento, faz com que o cérebro pratique foco e filtragem de informações. O aprendizado de um idioma exige também que você seja um ouvinte atento, o que contribui para a concentração. Então, uma pessoa bilíngue é mais capaz de se focar, bloqueando distrações.

6) Falar melhor o próprio idioma

Para estudar outra língua, é preciso prestar atenção em sua estrutura e em suas regras. Esse mesmo foco é transferido ao próprio idioma. "Quanto mais entendemos os mecanismos da língua materna, mais aptos a desenvolver os das outras nos tornamos, e vice-versa", diz Henrique Higa, gestor de planejamento da ExSeed Idiomas.

7) Beber direito da fonte

"A tecnologia está em toda parte, nos ajudando a ter contato com o mundo inteiro em tempo real", diz Alessandra Fukumoto, professora de italiano. Em um planeta com mais de 6 mil línguas, dominar um idioma diferente é um poder a mais. Ele te dá a possibilidade de navegar na internet e ter acesso a notícias, música e literatura estrangeiras - tudo isso sem intermediários.

8) Ressignificar as viagens

Enquanto viajantes que falam apenas uma língua acabam visitando um circuito convencional, quem sabe o idioma local está mais apto a navegar fora da bolha turística. "A receptividade dos nativos também é diferente, porque entendem que você respeita a cultura a ponto de ter estudado para conseguir se comunicar na língua deles", avalia Alessandra.

9) Conhecer uma nova cultura...

Um idioma diferente permite o contato com novos hábitos, tradições e modos de pensar, sem precisar viajar para outro país. Para a professora de inglês Giovana Xidieh, estudar uma língua estrangeira é um mergulho em um mundo de novidades. "A língua é viva, e conhecer os elementos culturais é essencial para que o aprendizado seja bem-sucedido", diz.

10) ... e se deixar transformar por ela

Uma nova língua amplia a visão. "A carga linguística e cultural que recebemos fará parte de como vemos a diversidade que existe no mundo", diz Giovana. O idioma estrangeiro perturba valores cristalizados pela língua materna. Além disso, o próprio vocabulário arquiteta uma nova mirada: novos termos possibilitam dar nome ao que antes nem existia para a gente.



(texto publicado na revista Sorria para ser feliz agora  nº 69 - set/out de 2019)



















terça-feira, 22 de outubro de 2019

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Rolando Lero - Quem matou John Lennon ? (Escolinha do Professor Raimundo)


Rolando Lero - Quem foi Cristóvão Colombo ? (Escolinha do Professor Raimundo)


Expressões idiomáticas (modi di dire) italianas que os brasileiros não conhecem (Vou aprender italiano)


Hábitos dos italianos que são estranhos para os brasileiros


O que você não deve fazer na Itália


16 tipos de café na Itália (Vou aprender italiano)


O que você precisa saber sobre bares e restaurantes na Itália (Vou aprender italiano)


Homenagem de Guilherme Briggs aos 100 anos de Orlando Drummond


Homenagem: Orlando Drummond, 100 anos de vida






















Freddie Higmore: Dar vida a una persona con autismo "es todo un desafío"


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Freddie Highmore discusses "The Good Doctor"


Quando e Se mi vuoi - Pino Daniele


Como envelhecer - Dra. Ana Claudia Quintana Arantes


Como brigar corretamente (na frente dos filhos) - Leo Fraiman (Programa Todo Seu)


Fernanda Montenegro (Globo Repórter)


Freddie Highmore on The Early Show (Finding Neverland)


Johnny Depp and Freddie Highmore's interview


Arthur e o infinito - Um olhar sobre o autismo


Interview de Freddie Highmore (on parle du film "August Rush")









Verbos italianos: erros comuns dos brasileiros


domingo, 13 de outubro de 2019

A história da máscara - Marco Biruel

A máscara utilizada pelos participants das mobilizações pelo mundo remete ao reinado de Henrique VIII, na Inglaterra, que vigorou entre 1509 e 1547. Aquele período é considerado o mais absolutista de toda a história. Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e passou, ele próprio, a controlar uma nova igreja, a Anglicana. Entre seus atos está a criação da Witchcraft Act, que levava à morte as pessoas acusadas por bruxarias.

Com a morte de Henrique VIII, seus sucessores mantiveram seus métodos e, em 1603, no reinado de James I, grupos de católicos passaram a organizar conspirações na tentativa de assassinar o Rei.

A conspiração mais famosa é a da "Pólvora", liderada por Guy Fawkes, especialista em explosivos, e que tinha o objetivo de explodir o Parlamento no dia em que o Rei fosse discursar para os lordes ingleses. 

Alguns historiadores acreditam que houve uma traição dentro do movimento e outros, que, ao tentar avisar inocentes que não ficassem no prédio no dia do atentado, a notícia acabou chegando às autoridades.

Em 5 de novembro de 1605, Guy Fawkes foi preso, enforcado e esquartejado. E esse dia passou a ser conhecido, na Inglaterra, como o dia da salvação do Rei e é comemorado nos moldes da nossa "malhação de Judas", com um boneco representando Guy Fawkes sendo espancado e queimado nas ruas.

A máscara usada nos bonecos inspirou Allan Moore a criar, nos anos 1980, o romance "V de Vingança", no qual o personagem mascarado tenta fazer o trabalho que Guy Fawkes não havia conseguido: explodir o Parlamento inglês.

Em 2006, em uma produção que conta com os irmãos Wachowski, o filme "V For Vendetta" é lançado e recria na telona o romance de Allan Moore, mostrando um "herói" mascarado que luta contra a manipulação da mídia e do governo conservador.


(texto publicado na revista Forum - outro mundo em debate nº 101 ano 9 agosto 2011)


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Quando os filhos precisam entender que a casa não é deles - Rossandro Klinjey


Recordar é TV reverencia o talento de Ariano Suassuna


Joaquim de Almeida e Daniela Ruah no novo Lounge da TAP


Em termos familiares, vivo o sonho americano - Daniela Ruah


A obra de Ariano Suassuna


domingo, 11 de agosto de 2019

Deixe de usar óculos exercitando os músculos dos olhos - Matheus de Souza


Uma técnica simples que aumenta a nitidez - Dra. Tatiana Gebrael


Seleção de talentos do show "Got talent"


Palestra de Ariano Suassuna - sobre visitas chatas


The Noite - Danilo Gentili entrevista Leda Nagle


Gente de expressão - Bruna Lombardi entrevista Tom Jobim


Gente de expressão - Bruna Lombardi entrevista Tim Maia


Juca Kfouri entrevista Tim Maia


quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Minha saúde: Glaucoma tem cura - Dra. Tatiana Gebrael


Entrevista em português com Daniela Ruah (NCIS Los Angeles)


Fé líquida - Prof. Leandro Karnal


Perché si festeggia il capodanno ? - Daniele Penna


Por que nem tudo o que falamos ou ouvimos é verdadeiro - Monja Coen


Relacionamentos manipuladores - Pe. Fábio de Melo


Eric Christian Olsen (NCIS Los Angeles) - Story of my life


domingo, 4 de agosto de 2019

Autoconhecimento e superação: Robert David Hall's story




Sobre o acidente de carro em que teve que amputar as duas pernas



CSI: Grissom e o dr. Robbins cantam na sala de autópsia - Robert David Hall unindo seus 2 talentos: a interpretação e o canto



sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Diário de vida: Uma breve história da mortadela - Marcos Nogueira (Bolonha)


Uma das coisas que me acontecem com muita frequência, para não dizer todos os dias, é que por onde eu vá atraio sempre algo que se refere ao italiano, idioma que ensino há 32 anos. Hoje encontrei uma revista no consultório do dentista e me deparei com uma reportagem sobre a mortadela e o artigo começa fazendo referência ao filme de 1971 estrelado por Sophia Loren que se chama simplesmente MORTADELLA. Assisti ao filme no cinema com os meus pais quando nem me passava pela cabeça estudar esse idioma tão lindo. 


Repudiada e tripudiada nas Américas, a mortadela é motivo de reverência na Itália - onde ela sustentou fidalgos medievais e financiou a primeira universidade da Europa.

MORTADELA, O FILME, é uma comédia de costumes de 1971 em que a protagonista italiana - interpretada por Sophia Loren - desembarca em Nova York com um item proibido na bagagem. Uma mortadela, obviamente.

Após o previsível flagrante dos agentes aeroportuários, a heroína da trama vira notícia de costa a costa nos Estados Unidos. Ela se recusa a se separar de seu embutido, gerando um incidente diplomático escandaloso.

As razões para a apreensão da mortadela de Sophia eram sanitárias - todo país é chato na fronteira com alimentos de origem animal -, mas revelam um abismo cultural e gastronômico que separa Itália e Estados Unidos.




Para os americanos, mortadela é sinônimo da carne processada da pior qualidade possível, chamada de bologna ou baloney. O sanduíche da tal bologna aparece nas mais fuleiras cantinas escolares e bibocas afins.

Não é muito diferente no Brasil. Aqui, mortadela tem péssima reputação. Lendas urbanas dão conta de que ela é feita com cavalos velhos demais para puxar carroça. Como a salsicha, a mortadela é aquela carne-mistério que nem procuramos saber do que é feita.

Melhor não saber, mesmo. A mortadela da padaria leva o rebotalho da indústria frigorífica - carnes que não servem nem para serem vendidas frescas, nem para rechear linguiça. E mais um punhado de temperos e outros aditivos para tornar o produto final minimamente palatável.

O resultado é gastronomicamente pífio e muito questionável no que diz respeito à nutrição, mas imbatível no preço. Barata, a mortadela virou uma favorita das classes menos abonadas.

Na Itália, a situação se inverte. Principalmente na cidade de Bolonha, onde nasceu o embutido. Lá, a mortadela é reverenciada por sua história. Ela representa a riqueza de mercadorias medievais e dos intelectuais que  fizeram de Bolonha uma espécie de oásis pensante na idade das trevas.

A mortadela de Bolonha tem o mesmo jeitão da nossa, mas a semelhança é só visual. O sabor é suave, sem a agressividade de especiarias do embutido brasileiro. A cor é rosada, mais viva e mais clara do que o nosso magenta acinzentado.

Os ingredientes são escolhidos a dedo - não se usa a sobra da desossa de animais. Mas o que realmente importa é aquele toque secreto do reclame de Sazón: o amor. Os bolonheses são apaixonados por mortadela, com toda a carga de pieguice que uma paixão italiana possa ter.

SABOR MEDIEVAL

Hoje, a Rua Pescherie Vecchie - viela no centro medieval de Bolonha onde, em outros tempos, concentravam-se os peixeiros - é um playground para glutões. Há quitandas, açougues, pastifícios, mercadinhos e até uma unidade da Eataly, loja de departamentos gastronômica que a Itália exportou para o mundo (e que faz sucesso no Brasil).

Foi lá que encontrei Davide Simoni, em uma manhã escaldante de sábado. A poucos passos de seu empório, na esquina com a Via Drappiere, fica a loja de seus pais, uma instituição bolonhesa. Na Salumeria Simoni, uma multidão majoritariamente italiana se acotovela com senha em mãos, à espera de delícias regionais: tortellini, tagliatelle, presunto cru, queijo parmesão, conservas, molhos, vinagres envelhecidos e, claro, mortadela.

Davide me mostra um quadro pendurado na parede: é um fac-símile de um decreto de 24 de outubro de 1661, assinado pelo cardeal Girolamo Farnese, representante do papa Alexandre 7º. O documento normatiza a produção e a venda de mortadela. É a segunda regulamentação de alimentos mais antiga no Ocidente - mais velha, só a reinheitsgebot, lei bávara da pureza da cerveja, de 1516.

O ato do cardeal Farnese impunha  penas draconianas a quem fraudasse a mortadela: multa de 200 escudos de ouro e um certo tratto di corda. Esse é o nome italiano de uma modalidade de tortura que pendura a vítima numa corda amarrada aos pulsos com os braços virados para trás. Quem tem ombros consegue imaginar a dor.

Além disso, o infrator perdia a licença para fabricar e/ou vender embutidos. Era, provavelmente, a mais dura das punições: naquela época, cerca de 1/3 dos 30 mil habitantes de Bolonha trabalhava direta ou indiretamente com mortadela e salame.

A importância da mortadela para os bolonheses vem dos tempos do Império romano, pelo menos. No Museu Cívico Arqueológico de Bolonha, há duas lápides antigas, uma de cada lado da porta principal. Com cerca de 2 mil anos de idade estimada, as pedras mostram cenas do cotidiano de então. A da esquerda mostra um homem tocando uma vara de porcos; à direita, um indivíduo amassando alguma coisa com um pilão enorme.

Os pesquisadores do museu supõem que as lápides pertenciam ao túmulo de um produtor de mortadela. O pilão servia para triturar os temperos e as carnes. Já a tigela de pedra em que se pilam os temperos, em italiano, chama-se mortaio - essa é a hipótese mais aceita para a origem do nome do alimento.

O processo de produção mudou muito e a bula do cardeal caducou, mas a mortadela segue no radar das leis europeias. O produto rotulado como mortadella di Bologna tem a chancela de um selo IGP - sigla de Indicação Geográfica Protegia -, que estipula a procedência, a composição e os procedimentos na fabricação do embutido.

Para receber o selo IGP de mortadela "oficial", a mortadella bologna não precisa ter sido produzida, necessariamente, na região, mas só pode conter carne suína proveniente de porcos italianos. Não é permitido usar carne de outros animais nem porcos de outros países.

Un prodotto può essere denominato a Indicazione Geografica Protetta quando presenta qualità, reputazione e caratteristiche determinate dalla loro produzione, trasformazione o elaborazione in un’area geografica delimitata.

L’attribuzione del marchio I.G.P. può avvenire solo se almeno una delle fasi di produzione, trasformazione o elaborazione di un alimento avvengono in una specifica area geografica delimitata.
Davide Simoni aprendeu a fazer mortadela com Ennio Pasquini, já morto, a maior autoridade no embutido de Bolonha - e, consequentemente, do mundo. Ele não faz segredo com a sua receita. As carnes são resfriadas a zero grau para otimizar a moagem; depois misturam-se cubos de gordura e as especiarias; a mistura é ensacada numa pele de bexiga suína ou bovina, a depender do tamanho da mortadela. A bexiga é amarrada com barbante e cozinha por vapor a 75º C por 20 horas. Eccola! Mangia la mortadella!

Os ingredientes são poucos. Carne do ombro e tripas do porco. Gordura da papada, que só derrete em temperaturas altas. Alho, pimenta branca e semente de coentro. Por último, mas não menos importante, sal. É com o sal que a história da mortadela começa.


SAL, PORCOS E RIQUEZA

É difícil para uma pessoa do século 21 conceber o valor que o sal - uma das mercadorias mais baratas da cesta básica atual - tinha no mundo antigo.

Humanos e animais precisam de cloreto de sódio para sobreviver. E, sem sal, somos incapazes de estocar alimentos decentemente - nas eras pré-geladeira, ele era o principal agente conservante de carnes, laticínios e legumes.

Embora tenha sempre sido abundante, o sal foi por muito tempo um item de disponibilidade limitadíssima. Longe da faixa costeira, alguns assentamentos humanos tinham a sorte de estar perto de jazidas terrestres de sal-gema. Os outros precisavam importar o sal. Sal era riqueza e poder.

Na Roma Antiga, o sal tinha valor de dinheiro - daí a palavra "salário". Uma das principais estradas do império, a vida Salária (hoje a rodovia SS4), ligava a capital às produtivas salinas do Mar Adriático, no outro lado da Península Itálica.

Até hoje, o sal usado nas boas mortadelas vem de Cervia, na Costa Adriática, a pouco mais de 100 quilômetros de Bolonha. É uma orla propícia para a atividade salineira porque o Rio Pó - o maior da Itália - deposita sedimentos que diminuem a profundidade do mar. Em águas rasas, a evaporação natural eleva a concentração salina.

O Pó também é responsável pela erosão que resultou na maior e mais fértil área agrícola italiana. Na planície padana, ficam algumas das cidades mais importantes do país: Turim, Milão, Parma, Módena, Veneza. E Bolonha.

Por sua localização e topografia, O Vale do Pó sempre foi uma rota quase mandatória para as caravanas na Europa meridional. O comércio de sal trouxe riqueza à Emília-Romanha (região que engloba Bolonha e Parma) - mas muito mais dinheiro entrou com os alimentos salgados.

Os empreendedores locais, ainda na Idade Média, perceberam o altíssimo valor agregado do queijo parmesão, do presunto cru, do salame, da mortadela. Em Bolonha, os salaroli - produtores de carne salgadas- ostentavam poder com uma guilda de mais de 300 associados.

Todo esse dinheiro fez da cidade um polo de artes e cultura, uma exceção no obscurantismo medieval. Foi em Bolonha que surgiu a primeira universidade da Europa, no ano de 1088 - um pioneirismo que seria impossível sem a mortadela.

VAPOR BARATO

Os métodos de produção de mortadela permaneceram quase inalterados até meados do século 19, quando a máquina a vapor chegou a Bolonha e foi adquirida pelos irmãos Zappoli, donos de um frigorífico.

"Os Zappoli foram visionários", diz Davide Simoni. "A mortadela que conhecemos é invenção deles." Ele confessa que ninguém sabe muito bem como era de verdade o aspecto da mortadela pré-industrial. Na prática, os irmãos Federico e Enrico criaram a indústria do embutido.

Para promover a mortadela dentro da Itália, eles contrataram o artista circense americano Buffalo Bill, num espetáculo cheio de caubóis, cavalos e índios cheyennes.

Graças ao Zappoli, a mortadela se tornou um alimento popular em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos e no Brasil.




Longe de casa, a mortadela degringolou e perdeu qualidade. Vejamos a composição de uma marca campeã de vendas no Brasil, considerando que o ingredientes em maior proporção vêm antes na lista: carne mecanicamente separada de aves, água, carne suína, toucinho, carne bovina, sal, açúcar, temperos e especiarias.

Carne mecanicamente separada, a infame CMS, são restos de músculos e tendões que ficam presos aos ossos depois que todas as partes comestíveis já foram removidas. Então as carcaças vão para uma máquina que extrai a raspa do tacho na marra.

Quanto mais baixa a qualidade da mortadela, mais coisa é misturada nela. A lei brasileira divide a mortadela em quatro tipos. As de maior qualidade, com regras mais rígidas de composição, são a "Mortadela italiana" e "Mortadela Bologna". Apesar do nome, elas têm regras bem diferentes do embutido original. Vale misturar carnes de diferentes tipos de animais, e é muito difícil encontrar mortadela no supermercado que não tenha carne bovina nos ingredientes.

Os outros dois tipos têm regulamentação ainda mais... flexível. Se a embalagem disser apenas "mortadela" ela pode ter até 60% de CMS, além de 10% de miúdos, tendões e pele. O resto é principalmente gordura e açúcar, principalmente na forma de amido adicionado.

A última categoria é a "mortadela tipo bologna" - uma categoria criada basicamente para confundir o consumidor. A inclusão da palavra "tipo' muda tudo. Ela é quase tão ruim quanto as piores mortadelas, mas com um limite máximo de 20% de carne mecanicamente separada. É versão da charcutaria do golpe do vinho "reservado" - um vinho ruim, com um nome que lembra o de um produto de melhor qualidade, o vinho de reserva.

As mudanças de receita, claro, são refletidas diretamente no preço - e foram elas que forjaram a tão manchada reputação do embutido no continente. Um quilo de "mortandela" nacional de terceira não chega a R$ 20. A mesma quantidade de mortadella com selo IGP custa R$ 200.

Aqui, enfim, a mortadela é feita de sobras. Como diz a sabedoria popular, é o que temos para hoje. Em Bolonha, ela sempre será a protagonista, a estrela principal, como Sophia Loren nas produções da Cinecittà. A mortadela é a Sophia Loren dos frios.



(texto publicado na revista Super Interessante edição 406 - agosto de 2019)









sexta-feira, 31 de maio de 2019

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Non ti scordar di me (vari cantanti)


Secondo me è una delle più belle canzoni italiane.

Beniamino Gigli



Luciano Pavarotti



Piero Barone de Il Volo



Il Volo e Placido Domingo


Andrea Bocelli e Placido Domingo


José Carreras e Placido Domingo in omaggio al terzo tenore il grande Luciano Pavarotti