quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ONU recomenda mudança global para dieta sem carne e sem laticínios (Olhar Animal em defesa dos seres sencientes)


Uma mudança global para uma dieta vegana é vital para salvar o mundo da fome, da escassez de combustíveis e dos piores impactos das mudanças climáticas, afirmou hoje um relatório da ONU. Na medida em que a população mundial avança para o número previsível de 9,1 bilhões de pessoas em 2050 e o apetite por carne e laticínios ocidental é insustentável, diz o relatório do painel internacional de gerenciamento de recursos sustentáveis do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP).

Diz o relatório: "Espera-se os impactos da agricultura cresçam substancialmente devido ao crescimento da população e do consumo de produtos de origem animal. Ao contrário do que ocorre com os combustíveis fósseis, é difícil procurar por alternativas: as pessoas têm que comer. Uma redução substancial nos impactos somente seria possível com uma mudança substancial na alimentação, eliminando produtos de origem animal".

O professor Edgar Hertwich, principal autor do relatório, disse: "Produtos de origem animal causam mais danos do que produzir minerais de construção como areia e cimento, plásticos e metais. A biomassa e plantações para alimentar animais causam tanto dano quanto queimar combustíveis fósseis".

A recomendação segue o conselho de Lorde Nicholas Stern, ex-conselheiro do governo trabalhista inglês sobre a economia das mudanças climáticas. O Dr. Rajendra Pachauri, diretor do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), também fez um apelo para que as pessoas observem um dia sem carne por semana para reduzir emissões de carbono.

O painel de especialistas categorizou produtos, recursos e atividades econômicas e de transporte de acordo com seus impactos ambientais. A agricultura se equiparou com o consumo de combustível fóssil porque ambos crescem rapidamente com o desenvolvimento econômico, eles disseram.

Ernst von Weizsaecker, um dos cientistas especializados em meio ambiente que coordenaram o painel, disse: "A crescente riqueza econômica está levando a um maior consumo de carne e laticínios - os rebanhos agora consomem boa parte das colheitas do mundo e, por inferência, uma grande quantidade de água doce, fertilizantes e pesticidas".

Tanto a energia quanto a agricultura precisam ser "dissociadas" do crescimento econômico porque os impactos ambientais aumentam grosso modo 80% quando a renda dobra, afirma o relatório.

Achim Steiner, subsecretário geral da ONU e diretor executivo da UNEP, afirmou: "Separar o crescimento dos danos ambientais é o desafio número um de todos os governos de um mundo em que o número de pessoas cresce exponencialmente, aumentando a demanda consumista e persistindo o desafio de aliviar a miséria e a pobreza".

O painel, que fez uso de diversos estudos incluindo o Millennium Ecosystem Assessment (avaliação do ecosistema no milênio), cita os seguintes itens de pressão ambiental como prioridade para os governos do mundo: mudanças climáticas, mudanças de habitats, uso com desperdício de nitrogênio e fósforo em fertilizantes, exploração excessiva dos oceanos e rios por meio da pesca, exploração de florestas e outros recursos, espécies invasoras, fontes não seguras de água potável e falta de saneamento básico, exposição ao chumbo, poluição do ar urbano e contaminação por outros metais pesados.

A agricultura, particularmente a carne e os laticínios, é responsável pelo consumo de 70% de água fresca do planeta, 38% do uso da terra e 19% da emissão de gases de efeito estufa, diz o relatório, que foi liberado para coincidir com o Dia Mundial do Meio Ambiente no sábado.

Ano passado, a Organização de Alimentos e Agricultura da ONU (FAO) disse que a produção de alimentos teria de aumentar em 70% para suprir as demandas em 2050. O painel afirmou que os avanços na agricultura serão ultrapassados pelo crescimento populacional.

O professor Hertwich, que é também diretor de um programa de ecologia industrial na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, disse que os países em desenvolvimento, onde se dará grande parte do crescimento populacional, não devem seguir os padrões de consumo ocidentais: "Os países em desenvolvimento não devem seguir nossos modelos. Mas cabe a nós desenvolver tecnologias em, digamos, energia renovável e métodos de irrigação."








Água alcalina ionizada (Cura pela Natureza)


Você já deve ter ouvido falar de água alcalina.

Essa água é perfeita para a saúde, pois desacidifica o corpo e elimina toxinas.

Existem filtros que alcalinizam a água.

Mas você pode fazer isso sem o uso de filtros.

A receita é simples:

Em 20 litros de água (de preferência, água de poço e filtrada), você vai por:

10 gramas de cloreto de magnésio P.A.

10 gramas de bicarbonato de sódio

10 gramas de flor do sal

Para fazer água alcalina, recomenda-se que você use um botijão de 20 litros de água mineral.

Encha o botijão com água e acrescente os ingredientes.

Balance/agite o recipiente.

E a água já pode ser consumida.

Os depoimentos de quem bebe água alcalina geralmente são muito positivos.

As pessoas relatam melhoras na digestão, na disposição e na aparência.

A água alcalina também ajuda a controlar a pressão e melhora a saúde do coração.

Por isso acreditamos que vale a pena investir na água alcalina.












Receita simples para fazer água alcalina (Cura pela Natureza)


Já publicamos uma receita de água alcalina.

É uma receita excelente, mas que requer mais de um ingrediente.

A receita que vamos publicar agora é mais simples, pois pede apenas um único ingrediente.

Que ingrediente é esse?

Limão!

Sim, tão somente o limão pode transformar qualquer água em alcalina.

A única recomendação é que o limão seja orgânico.

No entanto, se o limão não for orgânico, higienize-o bem, lavando-o com sabão neutro com o auxílio de uma escova de cozinha.

Mas o limão não é um alimento ácido?

Ele é ácido somente no gosto e antes de ser ingerido.

Assim que entra no organismo, o limão realiza uma poderosa alcalinização do sangue, levando o corpo a atingir o pH ideal: entre 7,36 e 7,42.

A alcalinização produzida pelo limão beneficia o cérebro, coração, pulmões, rins, sistema imunológico, intestinos, fígado, enfim, todos os principais órgãos do corpo.

A água alcalina feita com limão, portanto, é um poderoso agente terapêutico que irá contribuir para o equilíbrio do corpo, realizando diariamente uma "faxina" preventiva.

Você deve consumir 2 litros dessa água diariamente, no lugar da água comum.

E como se prepara a água alcalina de limão?

Ponha 2 litros de água numa jarra.

Corte 1 limão em 8 partes, sem espremer e sem tirar a casca.

Deixe descansar durante 8 horas.

Depois, basta consumir a água alcalina ao longo do dia.








Aqui passa um rio - colaboração de Letícia Mori


Debaixo das principais avenidas de São Paulo, passam rios. Sob a 23 de Maio, corre o Itororó. Na 9 de Julho, flui o Saracura. Na avenida dos Bandeirantes, esconde-se o córrego da Traição. E, na avenida Pacaembu, claro, o Pacaembu.

Na capital paulista, existem mais de 300 cursos de água encobertos. Pouco a pouco, alguns moradores da cidade depositam um olhar mais atento para esses leitos ocultos. Grupos de ativistas, artistas, geógrafos e arquitetos têm colocado os rios na mira de suas atividades. Vale escrever uma frase no asfalto com o dizer "aqui passa um rio", criar um bloco de Carnaval que percorra o curso de um córrego, encenar uma peça de teatro a partir das memórias de uma enchente ou inventar um site com o mapa hídrico da cidade e suas histórias.

"Água não falta, o que falta é a percepção dela", afirma o urbanista José Bueno, que criou a iniciativa Rios e Ruas ao lado do geógrafo Luiz Campos Jr.. Eles organizam expedições pela cidade atrás de nascentes e de córregos escondidos.

Bueno estava interessado em criar experiências vivas de aprendizagem na capital paulista. "Fui apresentado ao Luiz e perguntei: "Você diz que São Paulo tem um monte de rios, a gente pode experimentar isso?". Aí ele disse uma frase que me fisgou: 'Não existe nenhum lugar da cidade em que você esteja a mais de 200 metros de um curso d'água'. Isso é brutal", recorda o urbanista.

Os dois fizeram a primeira exploração de bicicleta ao redor da casa de Bueno (na Vila Indiana, próxima ao Butantã) e, a cem metros, acharam a nascente do rio Iquiririm.

"Passava ali todo dia. Era um brejo, uma área de despejo de entulho. Voltamos lá, abrimos a nascente e fizemos dois lagos", afirma Bueno.

Para a dupla, os rios devem ser limpos e abertos primeiramente na cabeça das pessoas. "Quando fizeram a retificação do rio Pinheiros, a palavra mais usada nos relatórios da Light era 'recuperação'. Hoje a gente usa a mesma palavra com o significado de abrir o rio, replantar as margens, fazer um parque linear. É a cultura que está mudando", afirma o geógrafo Campos Jr..

Também interessadas em recuperar a história dos cursos d'água que a cidade sufocou, as jornalistas Stephanie Kim Abe e Iana Chan e a designer Pamela Bassi criaram o projeto Rios (In) visíveis, mapeamento colaborativo dos rios da cidade.

No mapa estão marcados locais onde o grupo garimpou histórias, como as de moradores antigos que têm memórias de quando os rios ainda não estavam soterrados. "A gente vive em uma cidade que tem milhares de quilômetros de rios e córregos enterrados vivos. A ideia é trazer tudo isso à tona", diz Iana Chan.

A maior dificuldade foi encontrar dados - como a relação entre a rede fluvial e a rede de esgoto, ou informações sobre quando os rios foram enterrados. O grupo usou principalmente informações do Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais no Município de São Paulo, disponibilizadas pela prefeitura.

O mapeamento começou a ser feito em maio deste ano, durante o EcoHack World, um evento realizado ao mesmo tempo em São Paulo, Nova York, São Francisco e Madri para construir bancos de dados relacionados ao tema ambiental. O mapa e as histórias podem ser encontrados em www.riosdesapaulo.org.

Ilhas de frescor

Os arquitetos Tânia Regina Parma e Newton Massafumi Yamato têm um projeto para abrir a nascente do rio Saracura e revelar seu curso, no Bexiga. A ideia foi selecionada em um concurso promovido pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) de São Paulo em conjunto com a prefeitura, no início de 2014.

O Bexiga foi escolhido por ser um dos pontos críticos da ilha de calor na cidade. Nesses locais, a umidade relativa do ar diminui bruscamente.

"A ideia é destampar o Saracura com a proposição de um parque linear curativo, que transforme o lugar num elemento de reversão desse processo climático", diz Yamato.

A arquiteta Tânia explica que o projeto faz parte de um plano maior, que prevê a criação de microáreas de projeção ambiental espalhadas pelo espigão central da cidade, onde ficam as "avenidas de topo", como a Paulista e a Heitor Penteado. "Esse espigão abriga várias nascentes. Mapeamos algumas. O estudo do Saracura pode ser aplicado em vários outros lugares", diz a arquiteta.

A dupla defende que a Lei de Zoneamento preveja essas microáreas de proteção em torno das nascentes urbanas, já que muitas delas estão dentro de áreas de adensamento previstas pelo Plano Diretor - que permitem levantar prédios mais altos a 200 metros de grandes avenidas.

Caçador de nascentes

Há cerca de três meses, o corretor de seguros Adriano Sampaio, 43, revelou-se um indômito "caçador de nascentes". Sobrepondo um mapa da cidade de 1930 com um atual, ele já encontrou dezenas delas: algumas em propriedades privadas, outras em lugares ermos da periferia.

Ele registra suas descobertas em fotos e vídeos no Facebook, na página "Existe Água em SP".

O interesse do corretor pelos rios foi intensificado quando ele participou da revitalização da praça Homero Silva, na Pompeia (zona oeste).

O lugar estava abandonado e tinha um histórico de violência. Há cerca de um ano e meio, o grupo Ocupe e Abrace, formado por moradores do bairro, começou a limpar a praça e descobriu ali duas nascentes do rio Água Preta. "Tiramos o lixo e fizemos um lago", diz Sampaio. O local foi rebatizado de praça da Nascente,que hoje recebe festivais de arte e cultura.

Mesmo enterrado sob as ruas da Pompeia, o rio que nasce na praça inspirou outras inciativas culturais. O casal de artistas Anahí Santos, 36, e Lincoln Antonio, 44, engajado nas questões ambientais e sociais do bairro, criou o Bloco do Água Preta, que segue o percurso do rio depois do Carnaval. "É uma forma alegre e convidativa de tocar numa questão séria e angustiante", diz Anahí.

Alguns integrantes do bloco formaram mais um grupo, que, com o mesmo espírito performático, faz grafites indicando os córregos soterrados com uma mensagem clara e contundente: "Aqui passa um rio".

No Carnaval deste ano, outro cortejo chamou a atenção para um rio oculto: o Bloco Fluvial do Peixe Seco fluiu pela avenida 9 de Julho, no Bexiga, onde passa o rio Saracura.

A ideia surgiu a partir de intervenções do coletivo Mapa Xilográfico, que já havia trabalhado com a temática dos rios no Jardim Pantanal (na zona leste) e no próprio Bexiga.

O nome do bloco é uma homenagem ao rio Piratininga (atual Tamanduateí), que na língua tupi quer dizer rio do peixe seco. Em 2015, o bloco vai passar pelo vale do Anhangabaú.

Há mais de dez anos, Cesar Pegoraro está envolvido no movimento dos moradores do Butantã (região oeste) pela criação de um parque linear no córrego Água Podre. O projeto está longe de ser concluído, mas pode vir a ser um exemplo pela forma que está envolvendo a comunidade e diversões órgãos públicos.

Em 2006, a Subprefeitura do Butantã apresentou um projeto para criar um parque linear em um trecho do Água Podre. A comunidade protestou e conseguiu incluir toda a extensão do córrego no planejamento.

Mas como fazer um parque linear com o rio cheio de lixo e ratos? A Sabesp foi acionada e incluiu o curso d'água no programa Córrego Limpo.

As obras passariam por uma comunidade que vivia em palafitas sobre o córrego. A Secretaria de Habitação entrou em campo para criar na região um conjunto habitacional. Por fim, o risco de desabamento das margens colocou em ação a Secretaria de Infraestrutura Urbana.

Em 2008, os moradores, junto à Secretaria do Verde, conseguiram impedir a construção de prédios e, em 2011, a área foi desapropriada e fará parte do parque. "Será o primeiro parque linear com intervenções da nascente até a foz e esse monte de secretarias trabalhando ao lado da comunidade", diz Pegoraro, biólogo e especialista em gestão ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica.

A luta dos moradores do Morro do Querosene pela criação de um parque na Chácara da Fonte também soma mais de dez anos. Em terreno particular de 39 mil metros quadrados, perto da avenida Corifeu de Azevedo Marques, fica uma fonte com duas bicas, cercada por árvores. É a nascente do rio Pirajussara-Mirim.

Protegendo a fonte, dois arcos feitos de pedras soltas remontam o tempo dos tropeiros. O lugar era um ponto de parada de um antigo caminho indígena ("peabiru").

Em 2011, a área ganhou um Decreto de Utilidade Pública para a criação do parque e, no ano seguinte, a fonte foi tombada pelo Conpresp (conselho municipal de preservação). O processo agora está na fase de desapropriação do terreno.

"Não dá para ficar calado. Esse lugar deveria ser transformado numa área de proteção ambiental", diz o músico e ativista cultural Dinho Nascimento, 63, que mora há mais de 30 anos no bairro. Ele lembra da época em que as pessoas podiam acessar livremente a bica pela rua da Fonte. Hoje, um muro impede a passagem dos moradores, mas a água continua escorrendo ininterruptamente até atingir a boca de lobo.

Aleijados de suas curvas, alguns rios retomam suas várzeas em época de cheia. É o caso do Três Pontes, um afluente do Tietê. No verão de 2009/2010, ele deixou as casas do bairro Jardim Romano, no extremo leste, debaixo d'água.

Na peça "A Cidade dos Rios Invisíveis", da companhia Estopô Balaio, a memória dessa enchente é evocada pelos atores e pelos próprios moradores. O espetáculo começa na estação Brás da CPTM. O público acompanha a trupe dentro do trem até chegar ao Jardim Romano.

"O rio não é mais o mesmo, então eu sou outro homem", diz um personagem do espetáculo. A fala da peça faz coro com o pensamento do geógrafo Campos Jr., do Rios e Ruas.

"A gente quer achar um culpado, o planejador filho da mãe, o prefeito, mas, na verdade, o que aconteceu com os nossos rios foi algo que nós fizemos, nós desejamos. Fazia sentido num dado momento. Agora não faz mais."



(texto publicado na revista SãoPaulo do jornal Folha de São Paulo de 23 a 29 de novembro de 2014)
















Água corrente - Marcos Dávila


Não potável, recurso de lençol freático que jorra em edifícios pode ser usado para limpeza

Faz dias que não chove. O sol castiga o asfalto no bairro da Liberdade e eis que surge um riacho veloz na sarjeta da rua Dr. Tomas de Lima (região central). O nível do reservatório Cantareira registra apenas 10% de sua capacidade, contando o volume morto. Então, de onde vem tanta água em plena crise hídrica?

A corredeira chega a fazer barulho, arrastando as folhas secas e bitucas de cigarro à beira do meio-fio.Será algum desavisado limpando a calçada com o esguicho? Ninguém à vista naquele trecho da via.

O mistério é resolvido ao dobrar a esquina na rua Conde de Sarzedas, no alto da ladeira. O aguaçal vem de um cano na calçada em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, no Edifício 9 de Julho, número 100.

"Com essa água dava para lavar a nossa frota de carros", diz um motorista que trabalha no tribunal. Segundo ele, a água jorra de meia em meia hora. Todos os dias são despejados milhares de litros na sarjeta, que já ganhou uma camada de limo.

Devido à profundidade da fundação do prédio, a água do lençol freático é desviada para um reservatório para não causar alagamento nas garagens dos subsolos. De quando em quando, a bomba é acionada, lançando o excesso de líquido para a rede pluvial da rua.

De acordo com o Tribunal de Justiça, "foram feitas diversas tentativas de reutilização da água, mas o forte cheiro de esgoto inviabiliza o uso".

Esse tipo de situação se repete em centenas de prédios na cidade, porém, não existe um levantamento oficial que contabilize todos os casos de edificações que fazem brotar água do lenço freático por conta da profundidade da fundação.

Dependendo da região da cidade, esses reservatórios superficiais subterrâneos, abastecidos pelas chuvas e vazamentos da rede pública, podem ser atingidos a menos de cinco metros de profundidade.

Armazenamento

Na rua Estevão Barbosa, nos fundos do edifício residencial Spazio di Vivere, na Vila Anglo (zona oeste), um cano lança água na rua. Segundo o zelador Miguel Ramos da Costa, 55, a construção atingiu o lençol freático e precisa bombear a água para não inundar o segundo subsolo.

Parte da água drenada é armazenada em um poço em um reservatório de 5.000 litros e é usada para lavar o pátio e regar as plantas.

"Não é água potável, mas fizemos uma análise no instituto Adolfo Lutz e ela foi considerada satisfatória para esse uso", diz o zelador.

Logo em frente fica um depósito de material reciclável. Indignado com o desperdício, o proprietário Roberto Barriento, 46, criou um sistema de captação com um pedaço de cano e uma mangueira.

São necessários apenas três minutos para encher um tonel de 200 litros, tamanha a pressão. Ele trabalha há 28 anos no mesmo local e aproveita a água para lavar os carros e o prédio.

"Liguei para a Sabesp várias vezes, mandei e-mail, mas ninguém vem", diz Barriento. A empresa não é responsável pelos casos de rebaixamento do lençol freático - apenas se a água for direcionada para a rede de esgoto, cuidada pela estatal, é preciso pagar taxa mensal.

As águas subterrâneas são assunto do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Por meio de sua assessoria de comunicação, o Daee afirma que "o processo de lançamento dessa água [dos lençois freáticos] na sarjeta é uma prática regular, pois, dessa maneira, ela cumpre o seu ciclo hídrico. O não descarte desse recurso pode ser prejudicial à estrutura do imóvel".

Segundo o Daee, para o descarte em via pública, não é necessária nenhuma formalização.

O pedido de outorga ou cadastramento só é necessário quando se faz a utilização da água. Em setembro, o órgão publicou uma portaria que permite o uso de recursos hídricos decorrentes de rebaixamento de lençol freático. Quando a captação atinge uma quantidade igual ou superior a 5.000 litros por dia, está sujeita ao cadastramento e à outorga. Se for inferior, é necessário apenas o cadastramento.

De acordo com o Cetesb (companhia ambiental de SP), a água proveniente do rebaixamento do lençol não pode ser ingerida e deve ser armazenada separadamente da água potável da rede pública.

"Estamos jogando fora uma coisa que agora tem valor, mas antes não se dava bola", afirma Reginaldo Bertolo, diretor do Cepas (Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas), da USP, sobre os recursos do lençol freático. Ele explica que essas águas tendem a ter uma qualidade ruim.

"Toda sorte de atividades que acontecem na superfície geram poluentes que migram solo adentro até alcançar o aquífero freático."

Os vazamentos da rede pública de esgoto, de postos de gasolina e de fossas são apontados como os principais causadores de contaminação. Os resíduos industriais podem gerar uma poluição ainda mais tóxica.

Mesmo sem potabilidade, esse recurso hídrico poderia ser utilizado para lavagem de calçadas, pátios e carros, rega de jardins e até como descarga sanitária. "Prédios que drenam continuamente a água do freático devem investir num reservatório para que a água seja usada para fins não nobres", diz Bertolo.

O professor de engenharia hídrica Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água, cita o exemplo do Sesc Pinheiros, na zona oeste.

Durante a construção, brotou água com alta concentração de ferro em dois pontos da garagem. Depois de tratada, a água pode ser usada nas bacias sanitárias e na limpeza do piso. Mensalmente, são captados e utilizados 600 mil litros.

Águas profundas

Um estudo do Cepas mostra que há hoje uma oferta de 16 mil litros de água por segundo nos aquíferos da região metropolitana. É uma vazão compatível com uma Guarapiranga inteira, que abastece 4,9 milhões de pessoas. Dez mil litros de água por segundo já são utilizados por poços privados, inclusive os clandestinos.

De acordo com o diretor do Cepas, é preciso diferenciar a água encontrada no aquífero superficial - que pode aparecer nas garagens dos prédios - daquela dos poços profundos, chamados de artesianos.

Esses poços chegam a ter entre 150 e 200 metros de profundidade e captam uma água de boa qualidade. A vazão é alta e permite atender demandas de hospitais, creches, escolas, indústrias e condomínios.

A maior parte deles, no entanto, é ilegal. O mesmo estudo do Cepas mostra que, dos 12 mil poços 60% são clandestinos. Além disso, existem áreas super exploradas. "Algumas zonas estão secando", alerta.

O diretor do Cepas explica que a quantidade de poços profundos utilizada para o abastecimento público é irrisória. Esse recurso deveria ser considerado nas épocas de seca.

"É uma água privatizada. Talvez chegue o momento em que alguma autoridade pública decrete estado de calamidade ou emergência e esses poços particulares sejam requeridos. A água subterrânea pode desempenhar um papel muito importante para a segurança hídrica da população, principalmente em momentos de escassez", afirma Bertolo.



(texto publicado na revista SãoPaulo do jornal Folha de São Paulo de 23 a 29 de novembro de 2014)









Aprenda a fazer uma mini horta em casa - Oswaldo Junior


O triste fim do louro do Zé - Bruno B. Soraggi


Resumo Morreu, aos 24 anos, o papagaio Fred, mascote do bar do Zé Ladrão, em Perdizes, zona oeste. A sãopaulo acompanhou a história desde a denúncia anônima que resultou na apreensão do bicho, sem licença, pela polícia; depois, a volta dele ao lar e, por fim, a internação devido a uma pneumonia

O Zé tinha acabado de encomendar um viveiro. A gaiolona teria 1,60 m x 1,60 m, bebedouro novinho e poleiro de pau de goiabeira. "O Fred ia levar uma vida de marajá", conta o dono de boteco, de 74 anos. Na manhã daquela quinta (6), ele era só planos. Mas a noite trouxe o pranto.

A família e a boemia do bar do Zé Ladrão não terão sua mascote de regresso. Depois de dez dias internado (de 28/10 a 6/11) por uma doença respiratória, o animal de 24 anos morreu.

A notícia logo se espalhou. O Papagaio, apelido do habitué Walter, desabou em luto. A Preta, cliente que tinha chorado na ida e na volta, pela terceira vez se desfez em lágrimas. Com a  dona Emília foi a maior cautela - a mãe do Zé tem 93 anos. O trio visitou a ave um dia antes da morte, quando Fred teve uma ligeira melhora.

A Sônia, mulher do Zé, não quis participar do enterro, feito no sábado (8), no quintal da casa em que vive, em Atibaia, a 60 km da capital. Foi ela que, com a Lola ("do cabeleireiro ao lado do bar"), deu ao papagaio o nome do ídolo Freddie Mercury.

O triste fim do louro do Zé encerra uma história cuja reviravolta começou no dia 29/9. Na data, a Polícia Militar Ambiental bateu à porta do boteco após uma denúncia anônima. O papagaio passava seus dias solto por ali.

A ave, que não tinha autorização do Ibama - manter em cativeiro espécime silvestre sem licença é crime -, foi levada ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres no Parque Ecológico do Tietê, onde passou 17 dias, até voltar ao Zé por liminar da justiça.

"Ele chegou mais magro e com doença respiratória. O estresse e a saudade pelo afastamento do ambiente em que viveu sua vida toda podem ter fragilizado a imunidade, o que pode acarretar infecção", diz o veterinário Rodrigo Ferreira, que atendeu Fred durante a doença.

"É frequente que papagaios com alimentação inadequada apresentem infecções respiratórias", explica a veterinária Liliane Milanelo, do parque Tietê, que diz ter diagnosticado nele estado "não crítico" de falta de vitaminas. E completa: "Essa ave sugeria intenção de reprodução e foi colocada com fêmeas. Quando foi retirada do contato delas pela liminar, pode ter apresentado frustração reprodutiva, o que, para um animal silvestre, é mais forte que saudade do dono."

A comoção não demorou a chegar à porta do bar, onde foram deixadas diversas mensagens. Fechado há 15 dias por outras questões legais, não há previsão de reabertura do botequim. Para matar essas e outras tristezas, por ora, só a mesa de outro bar.




(texto publicado na revista SãoPaulo do Jornal Folha de São Paulo de 16 a 22 de novembro de 2014)




Relação entre a dor de cabeça e o fígado (Melhor com Saúde)


A dor de cabeça pode ser de diferentes formas: enxaqueca, cefaleias tensionais e também uma dor associada a um fígado doente ou intoxicado. Ensinaremos neste artigo como reconhecer e como se cuidar melhor. 

Por que minha dor de cabeça pode estar relacionada com o fígado?

Quando o fígado está bem, desfrutamos de uma qualidade de vida onde nem sequer lembramos que este órgão existe. Mas em certas ocasiões, começamos a ter problemas de digestão, cansaço e outros sintomas onde a dor de cabeça não falta. Existe uma desordem, pode ser leve ou pode ser mais grave, mas os sintomas em si não devemos ignorar. Mas, como é essa dor de cabeça associada com o fígado doente? É uma dor que vem e vai, aparece em certos momentos intensamente ao redor das têmporas ou na parte de trás da cabeça. É frequentemente confundida com a cefaleia tensional, mas um dado para diferenciá-las é que a ligada ao fígado vem acompanhada de uma dor no abdômen, por uma sensação de estar muito cheio, com um mal estar incômodo no intestino que vem acompanhado por um sabor amargo na boca, língua esbranquiçada ou amarelada e um pouco de náuseas. Os médicos também indicam que é frequente, por exemplo, sofrer com insônia nas primeiras horas da noite e dificuldades para acordar de manhã. Nas mulheres também é comum sofrer com a famosa TPM (tensão pré-menstrual) com alguns sintomas bastante fortes. Em geral, o que acontece é que estas dores de cabeça aparecem quando o fígado está intoxicado ou doente, e então, não consegue cumprir adequadamente sua função e não pode fazer chegar a energia necessária para a cabeça e para as extremidades. Logo, a dor e o cansaço aparecem.

O que posso fazer para cuidar melhor do fígado e evitar estas dores de cabeça?

1. Regras alimentares

- Evite comer em grandes quantidades. O melhor é comer o suficiente mas várias vezes por dia, sem perder nenhuma refeição. Jamais pule o café da manhã, já que é essencial para manter nosso metabolismo em bom estado.

- Reduza o consumo de gorduras, frituras, o consumo de açúcar, o álcool, o sal, assim como os produtos lácteos.

- Eleve sua dose de verduras e frutas secas. É melhor comer alimentos elaborados com cozimentos leves, como a vapor.

- Os alimentos vegetais e integrais são ideais, pois possuem um efeito "refrescante", especialmente, as verduras de folha verde com sabor amargo. E por quê? Porque acalma o fígado, ou seja, possui um efeito anti-inflamatório a nível hepático, além de ajudar na função depurativa. Um dos melhores alimentos desta categoria é a alcachofra.

- Existem plantas medicinais que podem ser de grande ajuda,como o cardo mariano, o gengibre, o dente-de-leão, o chá verde. Estas plantas são desintoxicadoras, estimulam a drenagem e melhoram a função hepática.

2. Regras comportamentais e emocionais

- Como você já sabe, nossos hábitos de vida influenciam diretamente na saúde de nosso fígado. É então recomendado dedicar pelo menos meia hora por dia para praticar algum esporte, se mover e melhorar a função do coração. Basta caminhar toda manhã, ou correr na última hora do dia por 15 minutos, não importa a atividade o importante é se mover. Além disso, é imprescindível cuidar das emoções. Reduza os níveis de estresse e ansiedade, lembrando quais são as prioridades que devem ser mantidas: a saúde, a felicidade e desfrutar da família. Reserve sempre algumas horas do dia para você mesmo, para desfrutar de coisas simples, ainda que seja unicamente estar sozinho com seus pensamentos em um parque ou tomando café com seus amigos (lembre-se que o café é bom para o fígado). Rodeie-se de pessoas que te amam, que te respeitam e que querem o melhor para você. Se você acredita que deva se afastar de certas pessoas faça-o antes que sua saúde fique afetada. Todas estas pequenas coisas causam danos ao fígado e ao nosso equilíbrio pessoal. Lembre-se.

Exemplo de uma dieta adequada para evitar a dor de cabeça

Daremos um simples exemplo para um dia qualquer. Com estes alimentos você estará cuidando do fígado e evitará as dores de cabeça associadas a ele.

1. Café da manhã

- copo de água morna com o suco de meio limão
- uma fatia de pão de aveia integral com geleia de mirtilos (sem açúcar)
- meia maçã e uma duas nozes

2. Lanche da manhã

- 1 maçã ou 1 pera
- ou uma xícara de chá verde com uma torrada integral com umas gotinhas de azeite de oliva

3. Almoço

- verduras grelhadas (brócolis, couve-de-bruxelas)
- peixe branco grelhado
- uma tigela pequena com pedacinhos de mamão

4. Lanche da tarde

- um copo de água de aveia com alguns morangos

5. Jantar

- algumas alcachofras fervidas com um pouco de azeite de oliva e vinagre
- arroz integral fervido com azeite de oliva, sal e louro
- um kiwi
- lembre-se que as saladas não são boas para jantar, geralmente o alface, por exemplo, é difícil de ser digerido, assim, deixe as saladas para o almoço.

6. Uma hora antes de ir dormir

- uma infusão de melissa, menta, tomilho. Dormirás melhor.










As aparências enganam - Fernanda Morelli


Alguns alimentos parecem saudáveis, leves e inofensivos. Mas, acredite, eles podem ser os culpados por você não conseguir emagrecer. A seguir, dez itens para ficar de olho

1) Barra de cereais

Apesar da boa fama, muitas não são tão leves assim e nem sempre saudáveis. "Elas não oferecem tanta fibra quanto aparentam, e as caramelizadas ou que levam chocolate são recheadas de gordura, carboidrato e açúcar", adverte a nutricionista Anita Sachs, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O resultado é um alto teor calórico. Além disso, é comum sentirmos forme pouco tempo depois de comer um desses alimentos quebra-galho. "É que o açúcar na composição faz com que o índice glicêmico da barrinha seja elevado. Sendo assim, a glicose é liberada no sangue rapidamente e você logo volta a sentir fome", explica a nutricionista Camila Avileis, do Centro Terapêutico Máximo Ravenna, em São Paulo.

A solução Melhor escolher versões em açúcar e sem chocolate, com ingredientes ricos em fibras, como aveia e frutas. Tente consumi-las com uma fruta para que o alto índice glicêmico seja minimizado. E procure deixar a barrinha de cereais só para emergências.

Compare 1 barra de cereal caramelizada + 155 calorias = 1 barra pequena (30 gramas) de chocolate ao leite

2) Biscoitos cream cracker

O esforço para evitar o pão francês de manhã vai por água abaixo se você atacar esses biscoitos aparentemente inofensivos. Isso porque muitos podem conter a temida gordura trans - procure a informação na embalagem - e ainda têm alta dose de carboidrato. Grosso modo, é como se você estivesse comendo um pão francês menor. E nem a versão integral se salva, pois fornece as mesmas calorias (ou, em alguns casos, até mais) e igual teor de gordura. "Por causa do formato fininho, ainda há o risco de ser consumida compulsivamente", alerta Camila Avileis. "Para piorar, promove pouca saciedade. Você precisa ingerir muitas unidades para se sentir satisfeita." O alto teor de sódio é outro problema: sete bolachas contêm, em média, 500 miligramas - ou 25% do consumo diário indicado.

A solução Torradinhas de arroz integral prensadas à venda em lojas de produtos naturais, são uma boa alternativa. Pobres em gordura e ricas em fibras, elas têm o mesmo número de calorias, mas o consumo compensa porque é mais saudável.

Compare 4 biscoitos cream cracker = 130 calorias = 1 pão francês

3) Suco de fruta natural

Embora super nutritivos, eles são uma bomba calórica - principalmente os de laranja, manga, caju e tangerina e os que misturam mais de uma fruta. Para obter 1 copo de 300 mililitros de suco de laranja, por exemplo, você precisa, em média, de quatro unidades - e, comparativamente, a bebida não sacia tanto quanto comer as quatro frutas. "Quando preparamos o suco, excluímos as frutas, a parte mais importante do alimento, por promover a saciedade, deixando só um concentrado de frutose, o açúcar da fruta", afirma Camila Avileis.

A solução Escolha bem a fruta dos sucos: limão ou maracujá são pouco calóricos e têm baixo índice glicêmico. Ou prefira refrescos, feitos com água e somente 1/3 de suco da fruta, e águas com sabor, que ganham só o gostinho da fruta.

Compare 1 copo de suco de laranja = 110 calorias = 5 copos de suco de limão

4) Frutas secas e oleaginosas

Se você consegue se imaginar comendo cinco damascos secos, visualize um lanche da tarde com a mesma quantidade de fruta in natura. Parece exagero? Pois é exatamente o mesmo alimento, com a diferença de que a versão seca perdeu água e sai perdendo também em saciedade. Pior: em algumas versões, ainda é acrescentado açúcar, o que aumenta o número de calorias. "A grande vantagem é que elas quebra a vontade de comer doce", defende Camila Avileis. O mesmo serve para as oleaginosas, que são ricas em gordura (aquela considerada boa) e super calóricas.

A solução A saída não é tirar do cardápio, pois o consumo das frutas secas e oleaginosas protege o coração, mas prestar atenção na quantidade ingerida para não sabotar a dieta. Sendo assim, não ultrapasse a cota diária de 4 amêndoas, 2 castanhas-do-pará, 5 damascos secos ou 2 colheres (sopa) de uva passa.

Compare 1 colher (sopa) de uva passa = 60 calorias = 1 colher (sopa) de brigadeiro = 1 noz

5) Queijo branco

O perigo é que existem muitas versões com alto teor de gordura - de 16% a 18%. "isso porque ele é feito de leite integral, barrado em qualquer dieta por ser gorduroso demais", avisa a nutricionista Anita Sachs. Mais um motivo para evitar os excessos: segundo Maressa Morzelle, engenheira de alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (SP), campus de Piracicaba, o queijo branco também apresenta em sua composição uma concentração média de 505 miligramas de sódio por porção de 100 gramas - o que equivale a um quarto do nosso consumo ideal diário. "Comparado com os queijos amarelos, é uma boa opção, mas isso não significa que ele está liberado. As fatias devem ser finas, para consumir com moderação", ensina a nutricionista Camila.

A solução Entre os queijos brancos, a melhor opção é o de minas frescal light, que tem o menor teor de gordura e de calorias. Outra pedida é o tofu, que vem da soja e tem 25% menos gordura e calorias do que o queijo branco.

Compare 1 fatia (50 gramas) de queijo de minas = 2 gramas de gordura = 4 fatias (50 gramas cada uma) de queijo tofu

6) Blanquet de peru

"O peito de peru seria, de fato, saudável. O problema é que, quando vira embutido (blanquet), recebe adição de gordura, sódio, conservantes e corantes, como acontece com a salsicha, a mortadela e o presunto", explica a nutricionista funcional Andréa Santa Rosa, do Rio de Janeiro. Mas contém fibras e, justiça seja feita, é a melhor opção em comparação a similares, embora o alto teor de sódio, principalmente, o tire do ranking dos alimentos ideais.

A solução Para evitar o acúmulo de substâncias prejudiciais ao organismo, dê preferência à versão light e ao peito de peru defumado não embutido, que pode ser encontrado em lojas especializadas.

Compare 100 gramas de blanquet de peru = 130 calorias = 100 gramas de peito de peru light = 1 torrada integral

7) Hambúrguer industrializado

Nem que você consuma apenas uma porção de hambúrguer com salada, sem pão, o excesso de gordura, a grande vilã aqui, sobressai. "Mesmo os de carne magra, como peito de peru e frango, são compostos de pedaços gordurosos, pois não entram as partes nobres em seu preparo", diz a nutricionista Camila. Outro inimigo é o sódio, que atinge quase 490 miligramas por porção - cerca de um quarto da quantidade ideal para se ingerir em um dia. "Ainda são acrescentados estabilizantes e realçador de sabor, que costumam ter níveis altíssimos do mineral", diz a engenheira de alimentos Maressa.

A solução Faça o próprio hambúrguer comprando carne moída de alcatra e peito de frango. Dá até para guardar em sacos plásticos individuais e congelar.

Compare 1 hambúrguer de carne bovina industrializado = 180 calorias = 2 hambúrgueres caseiros de peito de frango

8) Granola

Três motivos para ficar atenta a esse alimento: a maioria das opções disponíveis no mercado tem muito carboidrato, são caramelizadas e pobres em fibras. Cuidado especial com os mixes, que incluem frutas secas, castanhas, nozes, amêndoas e amendoins. "O maior perigo é abrir o pacote e comer o cereal como um lanchinho. Com isso, acabamos perdendo a noção da quantidade e extrapolando em calorias", alerta Camila.

A solução Dê preferência às versões em que os ingredientes principais sejam aveia, trigo, centeio, cevada, amaranto ou quinoa, que garantem saciedade e o bom funcionamento do intestino. "Uma pedida para fugir de armadilhas é produzir a própria granola com esses grãos integrais", sugere Maressa. É possível encontrar esses ingredientes a granel em lojas de produtos naturais, feiras e supermercados.

Compare 1/2 xícara de granola com açúcar = 138 calorias = 1 barra pequena (30 gramas) de chocolate branco

9) Sopa pronta e caldos para tempero

Assim como boa parte dos alimentos industrializados, eles contêm níveis de sódio - o equivalente, em média, a quase metade do que você precisaria consumir em um dia. O inchaço causado pela retenção de líquidos é certeiro. "Apesar das poucas calorias, eles ainda são repletos de aditivos químicos, como corantes, aromatizantes e conservantes", enumera Andréa Santa Rosa.

A solução Prepare em casa a própria versão de sopa, fugindo dos queijos e itens gordurosos, assim como o seu caldo de carne (com cortes magros) de frango ou de legumes - congele em pequenos cubos e tenha sempre à mão. "Quanto às sopas, em último caso, já existem no mercado linhas que usam o método de ultra congelamento, em que há menor adição de conservantes", diz Andréa.

Compare 1 pacote de sopa pronta (250 mililitros) = 700 miligramas de sódio = 4 pratos fundos de sopa caseira de legumes

10) Água de coco

Embora bastante nutritiva, a bebida é rica em carboidratos e em gordura saturada. "A versão em caixinha, ainda por cima, inclui sódio e conservantes", afirma a nutricionista Anita. Para quem pratica atividade física, é a bebida natural perfeita para consumir depois da atividade, em função de seu alto poder para repor vitaminas e sais minerais. Em especial, é ótima fornecedora de potássio. Para quem não se exercitou, no entanto, a água de coco pode acabar ajudando a acumular gorduras.

A solução Na hora do calor, dê preferência ao chá gelado. Além de isento de calorias e gorduras, existem as versões termogênicas que aceleram o metabolismo e aumentam o gasto energético, e as opções diuréticas, que melhoram a drenagem dos líquidos retidos pelo organismo.

Compare 1 copo de 300 mililitros de água de coco = 18 gramas de carboidrato = 2 1/2 fatias de pão integral




(texto publicado na revista Claudia nº 11 - ano 52 - novembro de 2013)















O direito à água e à informação (Namu)


Para discutir como a cobertura jornalística tratou a questão da crise hídrica que afeta a região Sudeste do Brasil, mais especificamente a capital paulista, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e o Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Procam-IEE/USP) promoveram, em parceria com o Senac-SP e o Data4Good, um debate que teve a presença de acadêmicos e membros da sociedade civil. O objetivo da conversa foi identificar os principais atores envolvidos, compreender como a veiculação de notícias com fontes erradas, incompletas ou tendenciosas pode comprometer o entendimento da questão pela sociedade e propor soluções para o problema.

Foram coletadas pelo IDS e pelo Procam, entre 31 de janeiro e 15 de outubro, informações de 196 matérias dos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Os dados mostraram que o governo aparece como personagem central da crise, com 77% das menções, enquanto a estiagem, considerada o motivo principal da falta de água, em 72% de citações. Com base nos dados, os integrantes da mesa estabeleceram quatro diretrizes para nortear o debate.

- Discutir a plausibilidade das causas apontadas pela mídia;
- Elaborar um roteiro para executar ações em curto,médio e longo prazo;
- Identificar as responsabilidades;
- Criar estratégias para mobilizar a população.

Causas

Os especialistas foram unânimes ao mencionar a questão da governança dos recursos hídricos. Stela Goldenstein, ambientalista e diretora executiva da ONG Águas Claras do Rio Pinheiros, afirma que o uso eficiente e sustentável da água depende da gestão correta de informações, de um modelo de governança de mananciais e da definição do papel dos municípios para o equilíbrio entre oferta e demanda da água. Para ela, centralizar o debate da crise apenas na maior concessionária de águas do Estado de São Paulo, a Sabesp, é uma visão parcial, pois o artigo 33 da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) define claramente as atribuições de integração dos órgãos de gestão da água, como o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, as agência reguladoras, os comitês de bacias hidrográficas, entre outros.

Stela atentou também para o modelo de cobrança do uso da água. A Lei 9.443/97 estabelece que os valores arrecadados com a cobrança devem ser empregados na própria bacia hidrográfica para custear estudos técnicos e manter as entidades ligadas ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Contudo, não é o que acontece, pois os órgãos ainda não possuem autonomia técnica e financeira para administrar as áreas que deveriam. A cobrança pelo uso também deveria considerar o valor gasto na preservação das áreas produtoras (nascentes).

Sem árvores, sem água

O desmatamento, mencionado em apenas 3% das matérias analisadas, pode ser considerado o fator-chave da crise hídrica. De acordo com os estudos feitos por Lucia Souza e Silva, arquiteta e urbanista ligada ao Procam, o modelo de crescimento da cidade de São Paulo precisa ser urgentemente repensado. Antes ocupadas por moradias de baixa renda, as áreas próximas aos reservatórios Cantareira, Billings e Guarapiranga, que são protegidas pela Lei 12.651/14 (Código Florestal), têm sido degradadas pela construção de grandes empreendimentos de alto padrão.

O resultado do estudo de pós-graduação de Lucia Souza é alarmante. Em 20 anos, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) perdeu 380 km² de vegetação arbórea. Dos seis municípios metropolitanos com maior nível de degradação florestal, cinco deles estão inseridos nos sistemas produtores de água, como o Cantareira (São Paulo e Mairiporã); o Alto Tietê (Mogi das Cruzes e Suzano); e o Alto Cotia (Cotia). Para piorar, 62% da vegetação removida na RMSP aconteceu dentro das regiões de proteção dos mananciais. Isso prova que o desmatamento nessas áreas afeta diretamente a oferta de água mesmo em regiões distantes.

Acesso à informação

Glauco Kimura, coordenador do “Programa Água para a Vida”, da WWF-Brasil, alega que a crise da água é também um problema de falta de informação. Ele considera fundamental investir em campanhas e conscientização, como tem ocorrido na Califórnia, em que o investimento pesado em campanhas educativas, até mesmo no horário nobre da TV tem dado resultados para conter a situação de calamidade no abastecimento.

Ele menciona também a importância do relatório O Futuro Climático da Amazônia, recentemente divulgado por Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entre outros aspectos importantes, como o ritmo acelerado de desmatamento da floresta amazônica, o especialista mostra detalhadamente o papel da cobertura vegetal na geração de chuvas na região centro-sul do país, ideia essa ilustrada no conceito dos “rios voadores”. O estudo explica também como o desmatamento está afetando essa dinâmica climática.

Segundo Kimura, esse tipo de informação é essencial para o cidadão comum compreender que a árvore não só gera sombra e frutos e um ar mais puro, mas também contribui para a geração de água. O especialista enfatizou a importância do papel da governança, em que a responsabilidade entre governos, cidadãos e empresas cria um diálogo e permite a implementação das leis que já existem, ou seja, faz acontecer o que já está no papel de forma integrada.

Os estudos feitos pelo IDS e pelo Procam também analisaram as soluções propostas pelos veículos de notícias. Não causou espanto o fato de que 46% das manchetes deram preferência às mais urgentes, como racionamento, utilização de reserva técnica (volume morto), captação de outras fontes etc. Medidas de longo prazo, como redução de perdas na rede, planejamento dos reservatórios e controle de desmatamento ficaram com 7,9%, 7,9% e 3,5%, respectivamente. Dessas alternativas, tem ganhado destaque na mídia a possibilidade de captação de águas subterrâneas para resolver os problemas de falta de água na RMSP.

Não há milagre

Para José Luiz Albuquerque, hidrogeólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), a utilização desse recurso envolve vários fatores, desde a não operacionalização de um sistema de infraestrutura implantado há vinte anos e que oferece uma série de mecanismos possíveis, até a falta de articulação da sociedade para lidar com a crise. Para o especialista, o governo abriu mão do seu papel de mobilizador dos atores sociais e entidades que lidam com a questão das águas, como os comitês de bacias hidrográficas. A desinformação nesse momento de crise não permite à população compreender a gravidade do problema.

Com isso, surge o mito de que as águas subterrâneas podem resolver o problema de falta de água. O uso seguro é possível e depende do conhecimento, mas para se extrair essa água, é importante que a área esteja em boas condições ambientais e não apresente contaminações. Além disso, o bombeamento deve ser feito com cuidado. A velocidade que o ser humano retira a água geralmente não é a mesma que a natureza consegue repor. A grande diferença entre o volume contido nos subsolos e o da superfície é que no subsolo há um volume tridimensional que pode ser explorado de forma estratégica. O evento, realizado no dia 27 de novembro na Universidade de São Paulo, teve como como finalidade a elaboraração de um documento consolidado com soluções para a crise que será apresentado em uma linguagem acessível para a população.