Os atores Nicette Bruno e Paulo Goulart estão juntos há 61 anos. O enredo de vida dos dois poderia facilmente se transformar em um bom livro ou quem sabe um roteiro de teatro, ou até mesmo virar uma novela...
Maio sempre costuma ser um mês de muitas emoções. Afinal de contas, continua sendo o período preferido pelas noivas para o tão sonhado casamento. Na mesma época, no segundo domingo, comemoramos o Dia das Mães, e na sequência vem o Dia Internacional da Família, celebrado no dia 15. Com tantas datas especiais em um único mês, a reportagem da revista Viva S/A não pensou duas vezes em convidar um dos casais mais admirados do país para falar sobre sua história, que resultou em uma grande família, com três filhos, sete netos e dois bisnetos.
Como tudo começou
Nicette Xavier Miessa e Paulo Afonso Miessa completaram 80 anos em 2013. Ela nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, no dia 7 de janeiro. Ele nasceu dois dias depois, em Ribeirão Preto, São Paulo. Desde pequena, as raízes artísticas da família sempre a acompanharam de alguma forma. Com o passar do tempo, ela optou pela carreira de atriz e ingressou no Teatro Universitário do Rio de Janeiro. "Recebi total apoio de minha família, e logo passei a fazer parte do Teatro Municipal. Meu grande objetivo na época era transformar em realidade o teatro itinerante; porém, a ajuda prometida pelo então presidente Getúlio Vargas não saiu, pois isso, decidi ir para São Paulo."
Determinada, a jovem atriz formou a Companhia Nicette Bruno e conseguiu montar o teatro itinerante na capital paulista, mais precisamente no Vale do Anhangabaú. "Ruggero Jacobbi aceitou dirigir minhas peças, e precisávamos de um galã para atuar em 'Senhorita Minha Mãe'. Ele indicou o locutor de rádio Paulo Goulart, recém-contratado pela TV Paulista." Formado em química industrial, Paulo sempre sonhou em trabalhar em rádio. Após inúmeros testes, passou a ser rádio-ator e fazer peças de teatro, até que surgiu o convite para atuar com Nicette. "Nosso romance começou bem depois da estreia do espetáculo, quando ela leu em uma festa o poema 'Único Amor', de Olegário Mariano, me encarando", recorda Goulart. Desde então, o casal não se separou mais. Logo veio o casamento, em 26 de fevereiro de 1954, e os filhos, Bárbara, Beth e Paulo Goulart Filho, todos artistas.
"Nicette é uma pessoa que nasceu sorrindo. Ela não chorou ao nascer. Eu nunca vi pessoa tão alegre na minha vida. Em todos os acontecimentos, ela sempre encontra uma maneira de virar o jogo. De transformar algo difícil ou desagradável em coisas passageiros", elogia Paulo. Nicette também elogia o marido: "Admiro a lealdade do Paulo. Ele é um grande amigo, não só comigo, mas com quem convive com ele. Ele é verdadeiro, autêntico, generoso, e isso faz com que eu o admire mais".
A profissão e a vida em família
Com a rotina atribulada da profissão, nem sempre Nicette e Paulo puderam estar ao lado de seus filhos. Durante a infância, Bárbara e Beth ficavam sob os cuidados da avó materna, Eleonor Bruno. E com Paulo Filho não foi diferente. "Nossa profissão sempre exigiu muito de nós, porém, quando estávamos juntos, aproveitávamos cada instante", diz Nicette, que não se arrepende de trabalhar e cuidar da família. "Minha avó estudou medicina mesmo com três filhos. A cada filho eu me dedicava inteiramente no primeiro ano de vida, pois achava fundamental, inclusive para a estabilidade emocional da criança. Nunca deixei meus filhos com babá, pois eu sempre tive muita ajuda de minha mãe."
O casal afirma que não esperava que seus filhos fossem trilhar a carreira artística. "Eu e o Paulo vivíamos estudando textos e roteiros. Acredito que isso foi um exemplo para nossos filhos. A escolha de suas carreiras deve ter sido reflexo da nossa profissão", diz a mãe dos artistas. Bárbara começou na TV na série "Dona Jandira em Busca da Felicidade", ao lado dos pais, em 1963. Beth passou por TV, teatro, fez alguns filmes e chegou a gravar três discos. Paulo formou-se em educação física, dedicou-se à dança e estreou ao lado dos pais, na peça "Dona Rosita, a Solteira".
Família é tudo de bom
Para o casal, a família é a base fundamental para direcionar a trajetória de vida de uma pessoa. "Com a família podemos aprender a ter relacionamentos amistosos e a ser úteis à sociedade. Só a família pode oferecer o equilíbrio emocional para que possamos enfrentar os desafios da vida", dizem. Quando o assunto envolve os valores que uma família deve deixar para seus filhos, o casal é uníssono. "Sem dúvida honestidade, lealdade, sinceridade e propósito. Mostrar a importância de deixar de lado o egoísmo, ser solidário e procurar o benefício do próximo. É fundamental ensiná-los a seguir as suas verdades com dignidade. Também devemos mostrar que nossa vida é uma batalha constante e um eterno aprendizado", salienta Nicette.
O casal afirma que atualmente não tem sido fácil reunir todos os membros da família, e revela que sempre que possível, tentam se encontrar aos domingos, e não abrem mão das datas comemorativas. No Natal, por exemplo, eu e o Paulo fazemos questão de reunir toda a família aqui em casa. No Ano Novo já é mais difícil. Nossa filha Beth está chegando hoje de viagem, e com certeza iremos comemorar a volta dela, mesmo que seja com um lanche informal", diz.
Questionada sobre o que gostaria de ganhar no Dia das Mães, ela revela que a presença de seus familiares seria o melhor presente. "Nós falamos com os nossos filhos todos os dias por telefone. "Não sei se eles poderão estar conosco no Dia das Mães, porém, se estiverem, com certeza ficarei extremamente feliz", finaliza Nicette.
Os segredos dos Goulart para manter a família unida
- Coloque a amizade e o apoio em primeiro lugar.
- Respeite a individualidade de cada um, não se intrometendo na vida do outro.
- Tenha uma boa convivência com os seus familiares, em uma relação de torcida pelo outro.
- Priorize o bom humor.
- Incentive o diálogo.
- Reúnam-se, nem que seja apenas nas datas comemorativas.
- Sempre que possível, divirtam-se juntos.
- Viva intensamente os momentos que estiver junto com seus familiares. E quando solicitado, esteja com eles.
- Fale com seus familiares, isso mantém o vínculo entre vocês. É uma forma de estabelecer contato.
- Viva em comunidade, mas crie momentos a sós com cada um.
- Seja o exemplo, suas atitudes positivas geram admiração.
- Reconheça que ninguém é perfeito.
(texto publicado na revista Viva S/A edição 143 - ano 11 - abril de 2013)
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