domingo, 28 de dezembro de 2014

Paulistana Nota Dez: Regina Queiroz - Júlia Gouveia


Nome: Regina Queiroz
Profissão: professora de educação física
Atitude transformadora: dá aulas de futebol a 160 jovens carentes da favela de Paraisópolis

Fanática por futebol desde criança, a professora de educação física Regina Queiroz troca passes e dá chutes para ajudar seus vizinhos de bairro. Desde 2007, a moradora do Morumbi ministra aulas do esporte a crianças da favela de Paraisópolis. Ela começou sem patrocinador, dependendo apenas da parceria com uma empresa de aluguel de quadras de grama sintética, que liberou o espaço para treinos, e saía arrecadando chuteiras usadas entre os amigos dos filhos. Em menos de um ano seu "time" já contava com mais de 100 jogadores.

No ano passado, a iniciativa foi rebatizada de Um Passe para a Educação e aliou-se à ONG Por Mais Alguém para angariar recursos. Foi incluída na Lei Paulista de Incentivos ao Esporte - em que empresas podem doar 3% do ICMS a projetos sociais - e passou a ter um orçamento mensal de 45 000 reais. Com isso pôde oferecer atendimento odontológico e psicológico a seus 160 atletas entre 8 e 17 anos, além de bancar os 3 000 reais de aluguel do campo do Palmeirinha, atual endereço de treinamento. Os garotos ainda recebem uniforme, chuteiras e lanche. Há aulas duas vezes ao dia, de segunda a sexta-feira. Para participar delas, é obrigatório estar matriculado no colégio e tirar boas notas. "Puxo a orelha e não permito nem que eles falem palavrões em campo", diz Regina, chamada de "Mãe Branca" pelos pupilos.

Por enquanto, os resultados esportivos são tímidos. Um dos garotos do projeto chegou a atuar pelo Oeste, de Chapecó (SC), que disputa a terceira divisão do futebol catarinense, e dois outros estão defendendo equipes de futsal da capital. Mas o verdadeiro trunfo do projeto é social. "Mais do que ensinar a jogar bola, ajudamos na educação e formação dessas crianças", explica a professora. Seus craques são o exemplo disso. "A Regina e o time são como uma família para mim", diz o estudante Ives de Santana, de 16 anos, aluno da escolinha desde 2008. "Se não fosse por ela, hoje eu poderia estar em lugares errados. Sou muito grato", afirma.




(texto publicado na revista Veja São Paulo de 4 de junho de 2014)


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