Nomes: Mylene Duarte e Mariana Robrahn
Profissões: publicitária e designer
Atitude transformadora: criaram a ONG Cabelegria, que arrecada doações de mechas para produzir perucas destinadas a crianças com câncer
Quando os últimos fios de cabelo de Raissa Gonçalves, de 7 anos, caíram durante o tratamento contra a leucemia, a menina não conteve as lágrimas. Chorou copiosamente, não queria mais se olhar no espelho nem sair de casa. A mãe, Denise de Moura, cogitou comprar uma peruca, mas o preço, que varia de 2 000 a 4 000 reais, estava fora do orçamento da família. Por sugestão de uma vizinha, ela procurou a ONG Cabelegria, que arrecada doações de madeixas e confecciona gratuitamente o acessório para crianças com câncer. Em dez dias, a menina recebeu sua peruquinha. "Adoro ficar balançando meus cabelos novos", conta Raissa.
Assim como a garota, outras vinte crianças foram presenteadas desde outubro, quando surgiu o projeto. Na época, a publicitária Mylene Duarte sensibilizou-se com o gesto de uma colega que cortou o cabelo para iniciativa similar da Santa Casa. Assim, criou um grupo no Facebook e mobilizou os conhecidos para fazer o mesmo. Em apenas um dia, cerca de 1 700 pessoas haviam aderido à campanha. Com tamanho apoio, ela convidou uma amiga, a designer Mariana Robrahn, para estruturar a ONG. Hoje, a página da entidade na rede social conta com 200 000 participantes e as contribuições capilares chegaram à casa das 10 000 mechas. A dificuldade é justamente transformá-las em perucas ou até mesmo estocá-las. "Eu não tinha noção de que uma ação como essa pudesse tomar tamanha proporção. A sala da minha casa está cheia de caixas e já comecei a espalhá-las pelos quartos", diz Mylene.
Para confeccionar as perucas, as duas firmaram parceria com uma especialista, e a própria Mariana também se matriculou em um curso para aprender a produzi-las. Quem deseja participar deverá enviar uma porção de qualquer tipo de cabelo (mesmo com química) com, no mínimo, 10 centímetros de comprimento. Os interessados em receber a peruca precisam se inscrever pelo site e enviar um laudo médico. "Queremos dar leveza a essas crianças, que já estão sendo privadas de tantas coisas", resume Mylene.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 11 de junho de 2014)
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