Em uma das vezes que fiz um passeio pela Av. Paulista em pleno domingo comprei alguns imãs, entre os quais, um igual à ilustração acima.
E fiquei pensando nas pequenas gentilezas que fiz, mas principalmente nas que recebi.
Para falar de episódios mais recentes, ontem eu estava indo ao supermercado a pé como de costume e na calçada há uma árvore quase totalmente arrancada pela raiz por causa das últimas chuvas o que diminuiu bastante o espaço para os pedestres. Um senhor parou e pacientemente me deixou passar. Assim que cheguei perto dele o agradeci pela gentileza. Hoje à tarde fui ao supermercado (em um outro) e ao passar pelo caixa o rapaz gentilmente me perguntou: "CPF, tesouro ?" e quando fui passar o cartão me disse "débito ou crédito, minha linda ?" Poderia parecer uma cantada, mas era pura gentileza.
Ao fazer a postagem anterior "gentileza gera gentileza", na qual a jornalista Olga Penteado conta vários episódios de gentileza durante as suas viagens, não pude deixar de evocar as minhas próprias lembranças.
Quando viajei com duas colegas do curso de Reggio Calabria, Annalydia e Fernanda, e estávamos indo de Veneza em direção a Ravenna, pegamos carona com um rapaz e ele quis que conhecêssemos a cidade dele, Ferrara, e fez um passeio conosco, mostrando os pontos turísticos, pagou o almoço para nós e finalmente nos deixou na porta do hotel na cidade dos mosaicos.
Quando eu estava me mudando de Perugia para Senigallia, na hora de fazer a baldeação em Foligno tive um problema de logística com as malas por causa das escadarias (como aconteceu com a jornalista da postagem anterior). Como eu não sabia quanto tempo iria ficar em Senigallia e portanto na Itália, carreguei absolutamente tudo comigo: além das 2 malas e da bolsa, um monte de sacolas com itens como sal, açúcar, biscoitos, etc. Decidi pedir a uma senhora que tomasse conta da primeira mala, uma vez que eu tinha que carregar uma de cada vez justamente por causa das tais escadas. No final deu tudo certo e fiquei muito feliz porque ela pensou que eu tivesse nascido na Itália porque não tinha sotaque de estrangeira. E antes desse episódio, um rapaz tinha me dado uma carona do apartamento em que eu morava até à estação de trem.
E além desses houve vários outros episódios de gentileza na Itália.
Bom, no Japão nem é preciso dizer, isso faz parte da cultura do país do sol nascente.
Um episódio que me comoveu foi quando minha mãe e eu fomos visitar a cidade natal de meu pai e a taxista nos deu um lencinho com o mapa da província de Wakayama que eu conservo até hoje.
Aproveito para contar sobre alguns costumes japoneses que parecem estranhos em um primeiro momento:
1) não se dá sinal para o ônibus parar: se há alguém no ponto, o motorista pára mesmo que a pessoa não vá subir.
2) não podemos fechar a porta do táxi: cabe ao taxista acomodar a bagagem e fechar a porta para o passageiro.
3) se alguém estiver resfriado não sai de casa sem a máscara descartável para não contaminar os outros.
Eles são sempre gentis para dar informações e quando estive lá, uma senhora não só explicou como nos acompanhou até perto do local.
Eu tento também fazer a minha parte e um dos episódios mais divertidos foi quando estive na França. Estava passeando com um amigo italiano e cruzamos com duas senhoras japonesas. Eu cheguei a dizer ao meu amigo: "quer apostar que elas virão falar comigo ?" Não deu outra: elas queriam assistir a um espetáculo no Moulin Rouge. Tenho que esclarecer que falo muito mal o japonês, mas na hora do apuro consigo me comunicar. Resumindo: liguei para o Moulin Rouge de um telefone público e fiz reserva para duas pessoas em nome da senhora Kobayashi (tive que soletrar o sobrenome). Depois elas queriam conhecer Notre Dame. O meu amigo sugeriu que elas pegassem o metrô conosco. Durante a viagem contei um pouco sobre a minha vida e a essas alturas o meu japonês estava mais compreensível. Na hora que chegamos à nossa estação , disse às duas senhoras que elas teriam que descer na seguinte. Detalhe: o meu amigo me falava tudo em italiano e eu tinha que traduzir para o japonês. Mas nada foi mais trabalhoso, mas engraçado do que o ocorrido em um restaurante na Alemanha: a minha amiga me explicava o prato em italiano, eu traduzia para a minha mãe em português e ela, por sua vez, traduzia para o meu primo em japonês e depois de novo no sentido contrário até voltar para a minha amiga que falava com o garçom em alemão.
Uma das coisas que faço sempre quando estou em um supermercado, mercado ou quitanda, é que se vejo alguma mercadoria caída, eu a pego e coloco, se não no lugar devido, em um prateleira. E se ao colocar os produtos no carrinho eu desistir de alguma coisa, costumo recolocá-los no lugar onde estavam.
Acho que são pequenos gestos não só de gentileza, mas também de cidadania.
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