domingo, 13 de maio de 2018

Tremoço, petisco contra o colesterol - Letícia Ronche


Classificada como tira-gosto, a leguminosa é fonte de cálcio, vitaminas, fibras e proteínas. Conheça mais sobre o superalimento que é um ótimo aliado do coração e traz benefícios para todos

Ele estava presente aos montes nas mesas de filósofos e grandes pensadores nos tempos passados. Ainda se contam histórias que, nas comédias romanas, os tremoços simbolizavam o dinheiro. E até eram usados como forma de gratidão dos heróis e generais romanos ao povo.

O tremoço é uma leguminosa do gênero Lupinus da mesma família da ervilha e da fava. Ele contém bom aporte de proteínas e as mesmas gorduras anti-inflamatórias presentes no azeite. Não existem contraindicações para quem queira acrescentá-lo na dieta, e as formas de consumo são muitas. "O grão seco é tóxico, contém lupanina que lhe confere um sabor amargo. Só depois de cozido e demolhado em água salgada se torna comestível", conta Andrea Santa Rosa, nutricionista e membro do Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional (IBNF).

O gosto de baixar as taxas

O tremoço é um grande detentor de fibra e proteína. "E há um sinergismo do efeito dos dois nutrientes. Essa combinação faz com que o organismo absorva menos colesterol e aumente a sua excreção", explica Gustavo Fontanari, nutricionista, pesquisador do departamento de nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Ele afirma que, além disso, estudos mostram que substâncias bioativas, no caso, peptídeos bioativos, liberados na digestão da proteína, atuam na expressão de genes relacionados com a síntese e a absorção do colesterol. Sem contar que um estudo feito com hamsters por Fontanari concluiu que o tremoço e o seu isolado proteico reduziram os níveis de colesterol total e proporcionaram efeito hepatoprotetor, ou seja, protegem o fígado, mais uma prova concreta de seu efeito benéfico para a saúde de um dos órgãos mais importantes do corpo, o coração.

As formas de consumo

Se quiser potencializar os efeitos da leguminosa, a nutricionista Andrea indica que seu consumo se associe com alimentos fontes de vitamina C, como vegetais verde-escuros nas refeições. "Dessa forma, a ação do ferro será aumentada", diz a especialista. Além disso, existem várias maneiras de inserir o alimento na dieta. "Já temos queijos de tremoço, risoto, salada de petiscos, paçocas. Em Portugal há muitos trabalhos usando a semente para obtenção de bolachas, pães e até molhos", conta Fontanari.

A única advertência dos especialistas é quanto à forma de seu consumo. Deve-se utilizá-lo como alimento somente após o cozimento, evitando-se a forma crua. "Há a necessidade de realizar um tratamento térmico, feito por meio de três fervuras por dia durante cinco dias", lembra o nutricionista. E ele ainda acrescenta que a ingestão deve ser feita, principalmente, com a casca, pois esta tem efeito prebiótico, favorecendo a microflora intestinal.

Uma boa para os vegetarianos

Não existe ainda uma indicação formal da quantidade ideal diária, "entretanto, o consumo de uma ou duas colheres (10 a 20 g) pode ser interessante para se obterem os efeitos funcionais", indica Fontanari. E é uma ótima opção para aqueles que não comem carne, já que é uma excelente fonte de proteína vegetal.

Consumir 10 a 20 g (2 colheres de sopa)


(texto publicado na revista VivaSaúde nº 143)

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