segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Dores nas articulações às vezes são uma indicação da artrite psoriásica - Dr. Cristiano B. Campanholo


O 29 de outubro é o Dia Mundial de Combate à Psoríase, uma doença crônica de pele, felizmente não contagiosa, que atinge 3% dos brasileiros. Ela se manifesta de diferentes maneiras e, neste artigo, o alerta é para a artrite psoriásica, que, além de lesões e descamações no maior órgão humano visível, provoca a inflamação nas articulações, nos tendões ou na coluna vertebral.

A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que acomete qualquer região do corpo. Ela causa lesões (manchas) avermelhadas com descamações esbranquiçadas de formas e tamanhos variados, sendo mais frequente em regiões onde existe maior atrito, como cotovelos e joelhos. Apesar de não ser contagiosa, causa grande constrangimento e danos emocionais aos pacientes. Atinge igualmente homens e mulheres em especial na vida adulta.

Cerca de 30% dos pacientes apresentam também inflamação nas articulações, tendões ou coluna vertebral, o que caracteriza a artrite psoriásica. Os portadores podem apresentar ainda inflamação intestinal e ocular. Por muito tempo se acreditou que a ocorrência da artrite em pacientes com psoríase era apenas coincidência. Só em 1964, a artrite psoriásica foi reconhecida como doença específica pela Academia Americana de Reumatologia.

Em 75% dos casos, a doença se manifesta inicialmente na pele e demora, me média, dez anos para afetar as articulações. Já em 15% dos pacientes ocorre simultaneamente na pele e nas articulações; e somente em 10% deles surge primeiro nas articulações.

Ela é considerada uma doença multifatorial com forte suscetibilidade genética - 40% dos pacientes com psoríase ou artrite psoriásica têm ou já tiveram familiares de primeiro grau com o problema -, associada a fatores ambientais e comportamentais como tabagismo, obesidade e infecções bacterianas e virais.

Os principais sintomas da artrite psoriásica são dores e inchaço nas articulações, sobretudo das mãos e dos pés, mas também pode atingir os joelhos, quadris, cotovelos e punhos,causando rigidez nas articulações, o que dificulta os movimentos. Tendões e dedos das mãos e dos pés também podem ficar inchados. Em alguns casos, acomete a coluna vertebral em toda a sua extensão, causando dor à noite, quando a pessoa está de repouso, ou rigidez para movimentar-se pela manhã.

O diagnóstico é clínico, complementado por raios X das articulações acometidas e exame de sangue, que indica a natureza inflamatória da doença. A ultrassonografia e a ressonância magnética permitem a melhor compreensão do local da inflamação articular e a distinção de outros tipos de artrite, como a reumatoide.

O tratamento objetiva o controle da inflamação, o alívio das dores e a preservação da função articular, garantindo uma vida normal aos pacientes. É individualizado e, dependendo das manifestações apresentadas pelo paciente, empregam-se anti-inflamatórios e fármacos utilizados para tratar outras artrites, como metorexato, sulfassalazina, ciclosporina e leflunomida. Há também remédios que bloqueiam a proteína fator de necrose tumoral, que se acredita seja uma proteína-chave para o processo inflamatório da psoríase e da artrite psoriásica. Em alguns casos, a doença pode resultar em dano ou destruição articular e precisar de correções cirúrgicas ou até da substituição completa de articulações.

Infelizmente, ainda não há como evitar a doença e, apesar de ser comum, muitas vezes é negligenciada por pacientes e médicos, sobretudo quando se apresenta de forma leve. Por isso, é importante estar alerta aos sinais e consultar um reumatologista.



(texto publicado na revista Caras edição 1147 - ano 22 - nº 44 - 30 de outubro de 2015)

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