sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Na ponta do nariz - Natália Lima


Especialistas e estudos mostram que a respiração correta combate estresse, hipertensão e depressão, além de ajudar a retardar o envelhecimento e a emagrecer

Nada como a experiência. Na medida em que envelhecemos, vamos aprendendo a tomar atitudes cada vez mais sensatas. Isso pode ser verdadeiro em vários aspectos da vida, mas não tem nada a ver quando o assunto é a respiração. Estudos mostram que chegamos ao mundo respirando de forma correta e vamos desaprendendo ao longo do caminho.

E, segundo pesquisas, a gente só tem a ganhar se voltarmos a fazer troca de gases em nossos pulmões com a técnica dos bebês. Especialistas afirmam que a reeducação respiratória, além de prevenir doenças, reduz o estresse, a hipertensão, a depressão e até ajuda a rejuvenescer e a emagrecer.

Existem dois tipos de respiração: a torácica (barriga para dentro e peito para fora), mais utilizada, e  diafragmática (respiração abdominal), que utilizamos no início da nossa vida. "Estudos mostram que a respiração lenta pelo diafragma traz benefícios à saúde,inclusive nas doenças pulmonares", diz o pneumologista do Incor Geraldo Lorenzi Filho. Para corroborar a tese, ele apresenta uma pesquisa da Universidade Goettingen, na Alemanha, que observou melhoras na saúde cardiovascular de pacientes com bronquite crônica depois que eles começaram a respirar pelo diafragma.

Esse músculo se localiza entre o tórax e os pulmões. Quando ele é utilizado, o oxigênio atinge completamente o pulmão. Na respiração torácica, o ar alcança somente a parte superior do órgão, o que ocasiona uma inatividade da parte inferior. Em casos extremos, isso pode prejudicar o desempenho do cérebro e do coração.

Para a massoterapeuta Liege Guimarães, muitos problemas poderiam ser evitados caso as pessoas fossem informadas sobre os benefícios da respiração diafragmática. "Cerca de 80% dos meus pacientes se queixam de dores na região do tórax. Muitos não sabem que isso é um sintoma da má respiração,que pode ocasionar até uma sobrecarga na musculatura dorsal (costas) e causar dores na coluna", diz Liege.

Até em aspectos menos, digamos, físicos esse tipo de respiração vale a pena. Segundo o professor de yoga Paulo de Jesus, ela é responsável por tranquilizar o emocional da pessoa, induzir ao estágio de relaxamento e meditação. E pode ir além: "O oxigênio ajuda na reposição celular e na queima de gordura".

"Podemos eliminar até 80% das toxinas físicas e emocionais quando respiramos corretamente", diz a instrutora da ONG Arte de Viver Cristina Armelin. Os cursos promovidos pela entidade utilizam yoga, meditação e práticas de relaxamento aliadas à reeducação respiratória. "Isso ajuda a combater a hipertensão, a depressão e a síndrome do pânico".

A terapeuta ambiental Sandra Siciliano, de 62 anos, controla problema bem mais sério por meio da respiração. Ela tem mal de Parkinson. "Melhorou quase 50%, estou com uma vitalidade maior e não tenho mais o cansaço físico de antes". E há até quem usou a respiração no lugar das "tarjas pretas" para vencer a síndrome do pânico. "Parei de tomar remédio para dormir e não tenho mais crises", diz a professora de música Raquel Rodrigues, de 59 anos.


Qual é o melhor tipo de respiração?

Torácica: barriga para dentro e peito para fora. É a menos recomendável. A troca gasosa será feita plenamente, mas somente pela parte superior dos pulmões. Como a parte inferior fica inativa, pode abrir espaço para doenças pulmonares como bronquites, asmas e infecções alérgicas.

Diafragmática: barriga para fora e peito para dentro (também é chamada de respiração abdominal). É a melhor. Isso porque o oxigênio chega até a parte abaixo dos pulmões, onde ocorrerá a troca gasosa do oxigênio pelo gás carbônico. Na saída, o gás carbônico passará completamente pelos pulmões.



(texto publicado na revista Galileu nº 204 - julho de 2008)




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