A
cidade de Pádua, situada no nordeste da Itália, na região de Veneza Eugânea,
próximo ao mar Adriático, era conhecida antigamente como Patavium. Por isso,
outrora se dizia que o indivíduo natural de Pádua, ou então tudo aquilo referente
a Pádua, era patavino, ao invés do paduano de hoje. Segundo a lenda, essa
histórica localidade foi fundada pelo herói troiano Antenor, guerreiro que por
sua justiça e imparcialidade foi poupado pelos gregos na destruição de Tróia e
por isso considerado como traidor nas lendas posteriores. Segundo tais lendas,
Antenor teria confiado aos gregos o Paládio, uma estátua representando Palas ou
Minerva, venerada pelos troianos como penhor de salvação pública, abrindo aos
invasores as portas da cidade e o ventre do cavalo de pau.
Ao
longo de sua existência tumultuada Pádua foi conquistada pelos romanos,
saqueada por Alarico I, rei dos visigodos, por Átila, rei dos hunos, também
conhecido como o flagelo de Deus, por
Carlos Magno, rei dos francos e lombardos e imperador do Ocidente; dominada
pela família Carrara e depois pela Áustria e finalmente incorporada à Itália.
Nela se encontra o palácio da Razão, construído entre 1172 e 1219 e remodelado
em 1420, e instalada em 1222 a universidade da qual foram professores Galileu e
Falópio. Foi lá, também, que italianos e austríacos assinaram entre si o
armistício na Primeira Grande Guerra.
Mas
a Itália era rica em dialetos, que são diferentes formas de linguagem derivadas de um único
tipo, assim como o italiano, o francês, o espanhol, o português e o romeno,
oriundos do latim clássico, tornaram-se línguas e deram origem a vários outros
dialetos. O mesmo acontecia com a língua grega, falada numa extensa área que
abrangia a Grécia, a Ásia Menor e Itália Meridional, e subdividida em um grande
número deles, dos quais os principais eram o jônico, o ático, o dório e o
eólio. Assim, cada região, província ou cidade italiana possuía o seu, e por
isso, quando os franciscanos oriundos de Pádua iniciaram seu trabalho
missionário entre os portugueses, estes não percebiam o sentido do que lhes era
dito porque os religiosos utilizavam o linguajar falado em sua terra. Daí
surgiu o comentário sobre o “não entendo o patavino”, referindo-se à
dificuldade de compreensão da língua patavina, nascendo dele a expressão “não
entendi patavina”, hoje usada para indicar que alguém não compreendeu coisa
alguma do que lhe foi transmitido.
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