domingo, 22 de abril de 2012

Constrangimento bucal - Mila Pereira

Para não causar mal-estar, muita gente prefere não tocar no assunto, mas o mau hálito pode sinalizar vários problemas de saúde. Entenda a questão e saiba como evitá-la.

Quem nunca ficou sem graça ao conversar com uma pessoa e sentir que da boca dela vinha um cheiro desagradável ? E não há como negar que você mesmo, algum dia, tenha sido vítima do hálito ruim. "Embora não seja uma doença, o problema pode causar grave discriminação, que acaba isolando ou fazendo com que o indivíduo se retraia do convívio social, chegando a prejudiciar até sua vida profissional", alerta o otorrinolaringologista Sérgio Salomão Abdala Caruí, especialista no assunto. Mais do que uma questão específica, prevenir e tratar o mau hálito requer cuidados com todo o organismo. Confira!

De onde vem o cheiro ?

É comum que seja atribuída ao estômago a responsabilidade pelo odor na boca, mas acredite: o órgão é inocente, segundo a Associação Brasileira de Halitose (nome clínico dado ao mau hálito). As raras exceções acontecem quando o indivíduo sofre de diverticulose esofágica, arrotos ou refluxo gastro-esofágico. Ainda assim, nesses casos, o hálito desagradável é momentâneo e produz um odor diferente: enquanto a halitose crônica exala cheiro de enxofre, a provocada por problemas gástricos tem odor ácido. "Existem mais de 60 causas para o problema, mas a maioria dos casos estão relacionados a problemas bucais", diz o dentista Maurício Duarte da Conceição.

Entre os fatores que podem interferir no frescor do hálito estão higiene oral, variações fisiológicas e adaptativas do indivíduo, hora do dia, uso de próteses dentárias removíveis e doenças psiquiátricas.

Níveis de odor

O maior problema de halitose é que quem sofre com ela não consegue perceber, já que o olfato se adapta rapidamente a cheiros constantes. Um teste simples para avaliar o hálito, sugerido pelo especialista Sérgio Salomão, é passar a língua no punho e aguardar 30 segundos. Depois, confira se há algum odor desagradável.

Um segundo teste pode ser feito com a ajuda de alguém de confiança. A uma distância de 30 com do rosto dessa pessoa, solte um jato de ar pela boca, que deverá ser avaliado com nota de 0 a 5, sendo que os valores correspondem a:

0 - ausência de odor;
1 - odor natural, que não se caracteriza como mau hálito;
2 - mau hálito leve, percebido no sopro;
3 - hálito ruim percebido na fala;
4 - odor percebido a cerca de um metro de distância;
5 - mau hálito sentido no ambiente e que repele as pessoas.

Uma novidade é a avaliação feita por meio de um aparelho que mede os odores bucais.

De bem com a boca

Para resolver a questão, diversas especialidades odontológicas podem ser consultadas, além de profisssionais de áreas como: psicologia, otorrinolaringologia, distúrbios do sono, gastroenterologia, nutrição e endocrinologia. As causas podem se associar, exigindo medidas globais para cada caso. O tratamento começa com um exame bucal completo, que busca identificar as possíveis causas do problema. O diagnóstico determina os próximos passos, que podem ir do uso de produtos adequados a algumas visitas ao dentista. Lembre-se: assim como o sorriso bonito, hálito fresco é fundamental.

90 a 95% dos casos são causas bucais

Saburra lingual: placa bacteriana esbranquiçada, amarelada ou amarronzada que se forma no fundo da língua, causada pela falta de saliva ou descamação da mucosa bucal.

Doenças da gengiva: gengivite e periodontite.


5 a 10% dos casos são causas extrabucais

Vias aéreas superiores: cáseos amigdalianos, massa viscosa, com odor forte e desagradável, que se aloja na amígdalas.

Origem sistêmica ou metabólica: jejum prolongado, alimentos que alteraram o hálito, diabetes, hipoglicemia e alterações gástricas.


Frescor a toda hora

- Faça, diariamente, uma boa higiene bucal usando escova para os dentes e para a língua, além do fio dental.
- Alimente-se a cada 3 horas. Prefira ingerir fibras, que estimulam a formação de saliva.
- Hidrate-se! Beba, no mínimo, 2 litros de água por dia.
- Não use enxaguante bucal que contenha álcool.
- Evite consumir em excesso: cebola, alho, embutidos, repolho, couve-flor, café e bebidas alcóolicas.
- Controle o estresse praticando atividades físicas e de lazer.
- Caso tenha sangramentos na gengiva, procure um dentista.



(texto escrito por Mila Pereira e publicado na revista Você saudável)




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