terça-feira, 15 de maio de 2012

Erros comuns dos pacientes - Rita Trevisan e Thaís Macena

Se você se automedica e vive abandonando os tratamentos, leia esta matéria agora. É certeza de que essas falhas não serão mais cometidas!

Quem nunca tomou o remédio indicado pelo amigo ou abriu um exame para entendê-lo antes da consulta médica que atire a primeira pedra ou, talvez, a primeira cartelinha de comprimidos... Conscientes ou não, muitos de nós acabamos comprometendo o tratamento indicado pelo médico por conta de uma pseudovocação para a medicina, que nos autoriza a clinicar em causa própria. Mas errar no diagnóstico, no tratamento ou deixar de seguir as orientações médicas pode ser o suficiente para agravar muito o seu quadro, levando a complicações que podem ser fatais. Em alguns casos, um único comprimido a menos pode ser responsável por uma internação e piorar significativamente o quadro. O mesmo ocorre quando protelamos a visita ao médico e insistimos em tratar os sintomas de uma doença apenas com recursos paliativos. É bem provável que, ao procurar o médico, nessa situação, a doença já esteja avançada e o tratamento seja mais demorado. Assim, para convencê-lo a não cair nas tentações mais comuns que acometem os pacientes, a VivaSaúde ouviu especialistas, que contam como cada falha pode prejudicar a sua saúde. Leia a matéria e vá marcando os erros que já cometeu. Você se surpreenderá com a quantidade de vezes que sabotou a própria saúde. Comece já!

Esquecer-se de tomar o remédio

Deixar de tomar um único comprimido, no caso de um tratamento contínuo de uma doença grave (diabetes ou a hipertensão), pode levar a complicações sérias e até à morte. "Na hipertensão, a suspensão pode causar uma crise e aumentar as chances de um problema cardíaco. No diabetes, a falha induzirá ao aumento da glicemia e até ao coma", diz o infectologista Guenael Freire, do Instituto Hermes Pardini (RS).

Para não errar: ao receber uma proposta de tratamento, discuta os detalhes com o seu médico. Veja se o remédio pode ser tomado num horário próximo às refeições, por exemplo. "O ideal é adaptar o tratamento à sua rotina. Converse com seu médico sobre a possibilidade de administrá-lo conforme a sua conveniência", indica Freire. E e ainda assim foi difícil de se lembrar de tomar a medicação, associe esse compromisso a outra atividade (escovar os dentes, acordar, etc). "Colocar lembretes ou a caixa do medicamento em locais visíveis ou programar alarmes no celular são outras estratégias", ensina o especialista.

Não contar a sua história real ao médico

Exagerar ou minimizar os sintomas, omitir detalhes da sua história clínica ou do problema pode interferir na escolha do tratamento e induzir a erro de diagnóstico. "Uma febre pode indicar uma simples gripe ou leucemia. Uma dor nas costas pode ser da coluna, pode indicar pedra no rim ou um tumor", diz Jamiro da Silva Wanderley, professor da Unicamp (SP).

Para não errar: antes da consulta, tente se lembrar dos detalhes que deve mencionar, escreva os sintomas, como a doença apareceu e se alguém da família já sentiu o mesmo. Diante do médico, rejeite um diagnóstico rápido, fornecido sem a devida atenção ou a realização de um exame minucioso. Se for o caso, visite outros médicos até encontrar um com quem se sinta confortável para conversar francamente.

Parar o tratamento após melhorar

Os únicos medicamentos que podem ser esquecidos na gaveta assim que você se sentir melhor são os que tratam sintomas como resfriado ou dor de cabeça leve. Eles são vendidos sem receita e têm ação paliativa. Mas a maioria atua na causa do problema e deve ser usada pelo tempo indicado pelo médico. Há pesquisas sérias por trás das orientações médicas que mostram o tempo necessário de cada tratamento. A meta é controlar os agentes que provocam a doença e não apenas os sintomas. "Esse erro é frequente em pacientes que tratam a tuberculose. Nesse caso, a terapia deve durar pelo menos seis meses. É comum a pessoa apresentar melhora nas primeiras semanas e abandonar o tratamento. Mas os sintomas voltam intensos e mais graves", alerta o infectologista Freire.

Para não errar: siga à risca o tratamento durante o tempo indicado. Na pior das hipóteses, marque uma nova consulta com o mesmo médico e tire as suas dúvidas. Ou ouça uma segunda opinião. O conselho médico é que jamais se tome uma decisão tão importante sozinho. Está combinado?

Fazer autodiagnóstico

Você pode usar a sua própria experiência, a dos amigos ou mesmo algumas informações da Internet para decidir a melhor conduta terapêutica para o seu caso. Seja como for, escolher o seu tratamento é sempre um erro grave. "É muito fácil confundir as doenças. A pessoa pode achar, por exemplo, que tem gripe forte quando, na verdade, está com infecções graves como a dengue ou a meningite. É só um profissional com experiência de prática clínica sabe avaliar essas pequenas diferenças, que muitas vezes são sutis", alerta o clínico geral Leonardo Zomoff, da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp. O inverso também acontece, certas doenças têm sinais não característicos: "Algumas pessoas apresentam infarto (miocárdio) sem dor no peito", explica.

Para não errar: marque uma consulta com um clínico geral e discuta com ele os seus "achados". Você ouvirá a opinião de um especialista e baterá as suas impressões com os dados que o médico vai obter no exame físico. O risco de erro cairá, mesmo que você não faça nenhum tipo de exame.

Tomar medicamentos por conta própria

Para começar, você pode decidir pela medicação incorreta e complicar o quadro. "Infecções ou inflamações de garganta podem ser provocadas por bactérias, vírus ou fungos, e apenas as infecções por bactérias necessitam de antibióticos. Um leigo não sabe diferenciar uma coisa da outra e poderá tomar o antibiótico sem necessidade. É seu uso indiscriminado gera resistência, que agrava as futuras infecções", diz o clínico Wanderley. A atitude pode mascarar sintomas, adiando a investigação e o tratamento da causa. "Além disso, a medicação pode levar a efeitos colaterais. Pode haver ainda interação entre esse medicamento e outro de uso contínuo, com consequências sérias", esclarece Zomoff.

Para não errar: encontre um clínico geral que você possa acessar rapidamente. Nesses momentos, comente com ele a intenção de tomar determinado remédio para ver se a escolha é viável ou não. Mesmo assim, será imprescindível agendar a consulta médica no prazo máximo de dois ou três dias.

Não fazer jejum antes dos exames

Um pequeno descuido que pode induzir a erros importantes no resultado dos seus exames laboratoriais. Se você não obedecer ao tempo estipulado de jejum, por exemplo, poderão ser detectadas alterações nos níveis de glicemia, triglicérides, colesterol total e frações, entre outros, que não correspondem à realidade. "Isso evidentemetne levará a uma interpretação errada no momento de se fazer o diagnóstico e, consequentemente, a um tratamento inadequado ou desnecessário", explica Natalya Maluf, gerente médica do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica.

Para não errar: sempre que o seu médico solicitar algum teste, pergunte sobre o preparo antes de sair do consultório. E, mais do que isso, não se esqueça de confirmar todos os cuidados necessários no laboratório onde agendará a sua avaliação. Se não conseguir se preparar, marque o exame para outra data.

Não dar bola para um sintoma antigo

Nem só as dores agudas justificam a visita ao médico. Incômodos brandos, mas persistentes - mais de três dias sem melhora - precisam ser investigados. Quem demora corre o risco de piorar o problema. Como consequência, o tratamento poderá ser mais difícil e demorado.

Para não errar: ao notar algo de diferente no seu corpo, procure um médico. E se não sabe qual especialista procurar, marque com um clínico geral. "Esse médico costuma ter uma visão generalista", explica o clínico geral Paulo Olzon Monteiro da Silva, da Unifesp. Ele sugere que você peça ao médico para solicitar exames que ajudem a confirmar o diagnóstico. "A pior coisa é ficar peregrinando de um médico a outro. Com alguns exames em mãos, o quadro clínico ficará mais claro logo num primeiro momento", defende.

Parar a fisioterapia no primeiro sinal de melhora

O primeiro foco da terapia é aliviar a dor. Porém, a melhora do sintoma não deve servir como indicativo de que é hora de suspender o tratamento. "Geralmente, quando há a melhora da dor, estamos ainda distantes da cura e a causa do problema nem começou a ser atacada", explica a fisioterapeuta Adriana de Bortoli, da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe). Ou seja, ao interromper as sessõe, aumentamos o risco de que o problema volte, e ainda mais forte. "Isso acontece, por exemplo, nos quadros de tendinite, pois primeiro atacamos a dor para depois trabalhar o fortalecimento do tendão. Porém, muitas pessoas ao se sentirem um pouco melhores param de ir às sessões e retornam as atividades. Só que o tendão estarã tão vulnerável quanto no início do tratamento e é possível que a lesão se agrave, podendo haver um rompimento dessa estrutura", diz. "Uma alteração que poderia ser abordada apenas com fisioterapia evoluirá para uma cirurgia ou um problema crônico", diz a fisioterapeuta Patricia Suassuna, do Centro Multidisciplinar da Dor.

Para não errar: se as sessões de fisioterapia estão fazendo você morrer de tédio, questione o profissional que o atende sobre os benefícios dos movimentos. Talvez isso o encoraje a seguir adiante. Se não funcionar, converse com o fisioterapeuta sobre a possibilidade de fazer adaptações aos exercícios, privilegiando movimentos que você esteja mais acostumado a fazer e que o agradem mais. Se houver uma boa comunicação entre vocês, será possível chegar a um meio-termo que atenda às necessidades de ambas as partes. Agora, se o seu problema é a falta de tempo para as sessões semanais, procure um caminho alternativo. "A solução é pedir ao fisioterapeuta alguns exercícios que você possa fazer em casa: você agiliza o tratamento e consegue terminá-lo muito mais rápido, sem prejudicar em nada a sua condição física", explica Adriana. No mais, priorize os lugares que atendam por hora marcada. "Tente encarar seu tratamento como um investimento. E acredite: se você fizer tudo certinho logo na primeira vez, estará economizando muito tempo no seu futuro", garante Patricia.

Interromper o uso do antibiótico

Parar o antibiótico antes do prazo estabelecido pelo médico é um dos erros mais perigosos entre os que figuram nesta lista. Alguns deles precisam ser usados por cinco dias, outros por sete, e há ainda os que requerem uso mais prolongado. E é superimportante respeitar esse período de tratamento, mesmo se os sintomas desaparecerem nos primeiros dias. Isso porque se a bactéria que o antibiótico está atacando não for totalmente erradicada do organismo, ela voltará a se multiplicar e os sintomas reaparecerão mais intensos. Também é preciso respeitar o intervalo entre uma dose e outra durante o tratamento, de seis, oito ou doze horas. Esse tempo, definido pelo médico, corresponde ao período que o princípio ativo leva para ser metabolizado e excretado pelo organismo. Ao se prolongar, por conta própria, o intervalo entre as doses, corre-se o risco de que a concentração do medicamento no sangue se modifique com risco de resistência e falhas de ação.

Para não errar: é só fazer exatamente o que o seu médico mandou. De preferência, pergunte ao especialista quais cuidados deve ter para não ser novamente acometido pelo tipo de infecção tratada. Quanto mais antibióticos você tomar na vida, mesmo que seguindo as prescrições médicas, maiores as chances de desenvolver resistência. E tá aí um péssimo negócio para a saúde! Passe longe!


(texto extraído da revista VivaSaúde)















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