segunda-feira, 7 de maio de 2012

Somente a verdade - Guilherme Pavarin


Jornalista alemão passou 40 dias sem mentir e quase perdeu todos os seus relacionamentos

A cena é comum entre os casais que vão a lojas de roupas: a mulher, apertando a cintura, ai do provador e pergunta se está gorda. É uma questão simples ao cérebro masculino: caso queira manter a relação, a única resposta possível é um elogio que pareça natural. Mas em um shopping de Munique, ano passado, o jornalista alemão Jürgen Schmieder, 31 anos, contrariou as convenções. “Sua bunda parece muito grande”, respondeu para a esposa. Grosseria? Pode ser, mas com fundo científico. Schmieder participava do desafio de ficar 40 dias sem contar mentiras para escrever uma grande reportagem sobre sua experiência para o jornal Süddeustche Zeitung. “Eu estava desligando os filtros do meu cérebro e dizendo tudo o que passava pela minha cabeça”, diz. O resultado foi catastrófico. Além de dormir 7 noites no sofá, apanhou porque denunciou a “escapada” de um amigo, perdeu colegas por revelar quem achava incompetente e, isolado, quase entrou em depressão.

O jornalista comprovou um estudo de 1997 da Universidade da Califórnia do Sul, que afirmava que o ser humano mente, em média, 200 vezes ao dia. “A questão não é deixar ou não de mentir, mas sim de quantas mentiras precisamos”, diz Schimieder, que reuniu as experiências no livro Sincero (Record), lançamento no Brasil. Para ele, precisamos de 50 mentiras diárias, aquelas diplomáticas, feitas para incentivar as pessoas ou não ferir alguém, como quando se diz a um péssimo aluno de matemática que ele irá bem no teste de cálculo. Já as mentiras que contamos a nós mesmos para nos livrar de responsabilidades ou nos sentirmos superiores a outros devem ser descartadas. A longo prazo, diz Schmieder, elas fazem você tão solitário quanto quem só fala a verdade.
  
(texto publicado na revista Galileu)

Ao ler o texto transcrito acima, lembrei-me imediatamente do filme "O mentiroso" (liarliar) com Jim Carrey (Fletcher Reede) , cujo filho Max, como presente de aniversário, pede que o pai não diga mentiras por 24 horas. Dá para se imaginar o que isso provoca na vida da personagem que é um advogado.


Fletcher Reede às voltas com as mentiras diplomáticas. Reparem que o olhar diz tudo, mas as suas palavras não são sinceras

Max faz o pedido e imediatamente Fletcher começa a dizer só a verdade com efeitos desastrosos




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