quinta-feira, 17 de maio de 2012

Uma viagem infernal - Renato Domith Godinho

Entre os séculos 13 e 14, o poeta italiano Dante Alighieri escreveu A Divina Comédia. "Essa obra é a síntese mais perfeita do pensamento medieval", diz o literato Carmelo Distante, da Universidade de São Paulo (USP). Dividida em três livros, A Divina Comédia narra uma viagem de Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso. A mais famosa das três obras é o Inferno, que o autor conhece guiado pelo espírito de Virgílio, poeta da Roma antiga. O assustador local é dividido por Dante em nove círculos: do 1 ao 5, são punidos os pecados emocionais; nos círculos 6 a 9, os pecados de quem atentou contra alguém. Que tal você também embarcar nessa jornada infernal?

1) Ponto de partida - aqui o poeta Dante Alighieri começa sua viagem pelo Inferno, narrada em A Divina Comédia. Perdido em uma floresta escura, ele encontra o espírito do poeta romano Virgílio, que lhe servirá de guia no tenebroso passeio.

2) Mensagem assustadora - Na alta porta que leva ao Inferno, uma terrível inscrição diz: "Abandonai toda esperança, ó vós que entrais".

3) Vestíbulo doloroso - Nessa espécie de hall do Inferno, milhões de almas penadas, que não fizeram nem o mal nem o bem, correm nus, de lá para cá, numa planície vazia, picados por vespas.

4) Rio diabólico - Para chegar ao primeiro círculo do Inferno é preciso atravessar o rio Aqueronte. Caronte, um velho barqueiro demoníaco, leva as almas que devem ir para lá em seu barco.

5) 1º círculo: Os sem-esperança - No chamado limbo, em castelos e campos verdes, vivem os que foram virtuosos, mas que nunca foram batizados e não podem chegar ao Paraíso. Eles não sofrem, mas também não têm esperança.

6) Julgamento final - Os pecadores propriamente ditos são julgados por um horrendo demônio, Minos, na entrada do segundo círculo. A cada alma que chega, Minos enrola a cauda o número de vezes equivalente ao círculo e que o condenado deve descer.

7) 2º círculo: Furacão da luxúria - Num antro cavernoso e sem luz, vivem os que pecaram por luxúria, ou seja, que se entregaram á devassidão. Eles são eternamente atirados de lá para cá por fortes vendavais.

8) 3º círculo: Da gula à lama - aqui ficam os gulosos, que têm uma das penas mais terríveis: vivem enterrados numa lama fétida, embaixo de chuva e, de vez em quando, pisoteados por Cérbero, um cão de três cabeças.

9) 4º círculo: Avarentos x esbanjadores - Os que pouparam demais e os que gostaram em excesso vivem no quarto círculo. Arrastando uma grande pedra no peito, eles se jogam incessantemente uns contra os outros, machucando-se.

10) 5º círculo: Eternamente furiosos - Nus na lama, os que se deixaram vencer pela ira se atracam uns contra os outros com fúria. Abaixo deles, no fundo do lodaçal, os que viveram tristes e mal-humorados suspiram eternamente afogados.

11) 6º círculo: A fogueira dos hereges - Aqui ficam as muralhas da cidade de Dis, que é um dos nomes de Lúcifer (o diabo). Do outro lado das muralhas, em sepulturas ardentes, vivem as almas dos hereges.

12) 7º círculo: Violência punida com sangue - Num rio de sangue fervente, ficam imersos assaltantes, homicidas e tiranos. Centauros atiram flechas nos pecadores. Suicidas viram plantas que servem de comida para monstros. Já os blasfemos, usurários e sodomitas penam em um areal ardente sob uma chuva de fogo.

13) 8º círculo: Lava para os enganadores - tem dez valas, uma para cada enganador: sedutores, puxa-sacos, hipócritas, simoníacos (que vendem coisas sagradas), falsos profetas, traficantes, ladrões, falsários, intriguentos e maus-conselheiros. Eles fervem na lava, espetados, picados por cobras e com sarna.

14) 9º círculo: Traidores numa fria - No fundo do Inferno, o nono círculo é uma planície gelada onde estão os culpados pelo pior dos pecados: a traição aos amigos, aos parentes ou à terra natal. Imersos no gelo, choram de remorso e suas lágrimas congelam.

15) O rei do Inferno - No centro do nono círculo está Lúcifer. Gigantesco, tem seis asas e três cabeças, que simbolizam a impotência, a ignorãncia e o ódio. Cada cabeça mastiga um traidor: Judas, Brutus e Cássio, que atraiçoaram seus benfeitores - Jesus (no caso de Judas) e o imperador romano César (Brutus e Cássio).


(texto publicado na revista Mundo Estranho)



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