terça-feira, 26 de julho de 2016

Seja um pedestre atento - Fernanda Mendonça


Muito se fala sobre a conduta do motorista, mas o pedestre também tem que fazer a parte dele. Saiba como o seu comportamento fora do veículo pode evitar acidentes

É comum que, depois de um acidente, os envolvidos ou familiares do acidentado queiram apontar um único culpado pelo ocorrido. "O carro que não respeitou a faixa"; "O pedestre atravessou quando o sinal já estava fechando"; "A moto que vinha em velocidade acima da permitida" etc. Salete Romero é palestrante, especialista em psicologia e segurança no trânsito e realiza palestras por todo o Brasil. Ela rebate esses argumentos. "Em muitos dos casos, não só o pedestre ou só o motorista ou motociclista está errado, mas todos os envolvidos", alerta. Por isso, é muito importante que todas as pessoas enxerguem que suas atitudes no trânsito influenciam a segurança de todos. Essa consciência deve ser, inclusive, do pedestre, que, apesar de não estar guiando um veículo, também deve transitar com cautela pelas ruas. "Vale lembrar ainda que, assim que um motorista sai do carro, ele também vira pedestre", afirma. Pensando em melhorar esse convívio entre todas as partes, conversamos também com a diretora de Habilitação do DETRAN de São Paulo, Janete Bloise. Confira as dicas das especialistas e ande por aí com segurança e sem atrapalhar o tráfego.

Olho no olho

Está no Código de Trânsito Brasileiro que o pedestre tem preferência. Sendo assim, os carros podem e devem respeitá-lo em primeiro lugar. "Por outro lado, o pedestre nunca pode contar que, por existirem regras, todos irão cumpri-las", alerta Salete. Segundo ela, quando estamos de pé e vamos atravessar a rua, por exemplo, mesmo se estivermos na faixa, devemos observar se os carros estão parados e se todos os motoristas estão nos vendo. Para Janete, o olho no olho é indispensável. "Muitas vezes condutor do veículo está distraído, ou no celular - o que está errado -, mas o pedestre precisa ter certeza de que foi visto", conclui.

Visibilidade

- O pedestre pode facilitar o "trabalho" do motorista, posicionando-se de maneira visível. Ao aguardar o farol verde para a travessia, por exemplo, procure não ficar atrás de pestes, árvores, caçambas de entulho ou qualquer outro objeto grande ou volumoso. Lembre-se de que o motorista precisa ver você!

- Use alguma peça de roupa clara ou que chame atenção, especialmente em dias chuvosos ou com neblina. Durante a noite, também é recomendado evitar as roupas pretas. Acredite: essa atitude facilita bastante a visualização dos condutores de veículos.

- "Engana-se quem pensa que o motorista do ônibus ou do caminhão enxerga melhor que os condutores de carros de passeio. Quanto maior o veículo, mais pontos cegos ele tem", alerta Salete. Redobre a atenção ao atravessar na frente de veículos maiores!

- Observe quando o carro está dando ré. "Aquela luz branca atrás de um automóvel significa que a marcha a ré está engatada. Algumas pessoas que nunca dirigiram não sabem disso o que é um perigo! Se essa luz estiver acesa, não passe atrás do veículo", avisa a palestrante.

Ajude os motoristas

Paciência

- Espere em cima da calçada e distante da beirada. Ficar no meio-fio não ajuda em nada, você não vai chegar atrasado ao seu destino se der um passo para trás. Dessa forma, você não atrapalha os carros e garante a sua integridade física.

Atenção

- Ao atravessar a rua, olhe para os dois lados e certifique-se de que não venham carros, ou que haja tempo hábil para uma travessia segura. "Muitas vezes, por fazer sempre o mesmo caminho, ou por estar apressado, o pedestre age de forma mecânica e não faz ideia do perigo que está correndo", alerta Janete.

- Quando passar perto de portas de garagem, postos de gasolina ou qualquer lugar onde a guia estiver rebaixada, fique atento! "Nesses lugares, a calçada é lugar comum de veículos e pedestres", alerta Salete. Distração de qualquer uma das partes pode causar acidentes!

Regras

- As regras existem para serem seguidas. Em locais onde existem passarelas ou passagens subterrâneas, não atravesse fora delas, é muito perigoso.

- Coloque-se no lugar do motorista. "O pedestre tende a fazer o que é mais conveniente para ele, como atravessar perto do ponto onde vai pegar o ônibus, por exemplo. Esse olhar é egoísta, e o pedestre, nesse caso, pode ser pego de surpresa por algum veículo, que, por sua vez, pode estar transitando seguindo as regras ou também pode estar cometendo alguma infração", afirma Janete. Cuidado!

Crianças

- Segure-as pelo punho no momento da travessia, assim é mais seguro. Como as crianças precisam de mais tempo para atravessar, espere até que não venham carros. Não tente passar correndo entre um intervalo pequeno de veículos.

- Crianças com menos de 10 anos devem fazer a travessia sempre acompanhadas de um adulto", lembra Janete.

Nas grandes avenidas

Em metrópoles, é preciso ser ainda mais cauteloso. Especialmente nas grandes avenidas, onde a circulação de carros e de motos é alta. "Infelizmente muitos motociclistas insistem em trafegar por corredores imaginários, ultrapassando os carros parados", comenta Janete. Segundo ela, atropelamentos são comuns nesse tipo de via. "Eles ocorrem com frequência na seguinte situação: o pedestre faz a  travessia fora da faixa (quando os carros param por conta do trânsito ou de um farol que está mais à frente) e não vê a moto que vem em um desses corredores imaginários", afirma a diretoria de Habilitação. "Ambos estão errados, e é uma situação que poderia ser evitada!", finaliza.

Ao descer do ônibus

Fique ligado também quando descer do ônibus, especialmente se o condutor parar longe do meio-fio. "Um motociclista apressado pode tentar passar por esse espaço", avisa Janete.


(texto publicado na revista Ponto de Encontro nº 52 - out/nov de 2014)

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