sábado, 26 de novembro de 2016

Convivendo com o Parkinson - Tatiana Ferrador


Com um bom acompanhamento médico e um tratamento adequado, que alivie os sintomas da doença, é possível controlar os efeitos ao longo do tempo

Ela vem de mansinho e é mais comum em pessoas da terceira idade. Com sintomas mais suaves no início, a doença tende a se agravar com o tempo e trazer complicações mais sérias.

A doença de Parkinson ainda é tipicamente caracterizada pela presença de tremor de repouso, rigidez e lentidão dos movimentos, mas há outras tantas alterações, não relacionadas à parte motora, como as alterações no sono e no reconhecimento de odores. Há, ainda, pessoas que apresentam sintomas depressivos e autonômicos (relacionados à regulação da pressão arterial, funcionamento intestinal e potência sexual). Trata-se de uma doença progressiva do sistema neurológico que afeta principalmente o cérebro.

Como explica o geriatra e gerontologista Dr. Paulo Casali, a doença tem caráter gradativo e degenerativo, ou seja, os sintomas pioram com o tempo, tanto em intensidade quanto em quantidade, o que implica diretamente na qualidade de vida do paciente e no seu grau de independência e autonomia. "O diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, não depende de exames laboratoriais e, sim, da avaliação médica dos sinais e sintomas do paciente, por meio da anamnese (interrogatório do médico ao paciente) e exame físico", diz.

Além disso, ele explica que o paciente precisa ter em mente que, independentemente da doença, é preciso procurar o médico sempre que perceber algo de anormal no seu corpo e no funcionamento do seu organismo. "Não existe cura para a doença de Parkinson, portanto, o tratamento visa melhorar os sintomas, diminuir a velocidade de progressão da doença, diminuir o sofrimento e a dependência do paciente, dando mais conforto e qualidade à sua rotina de vida", conclui.

Diagnóstico

Como os sintomas da doença variam em cada paciente, é muito importante que, ao perceber qualquer alteração física ou comportamental, o mesmo procure atendimento especializado. O diagnóstico precoce e aceitação da doença são essenciais para tratá-la da melhor maneira. Isso só depende do paciente e do médico, conforme alerta o médico neurologista clínico da Fluyr Saudável, Dr. Fabio Sawada Shiba. "Do paciente, em procurar uma orientação médica logo que perceber algum sintoma, e do médico, em ter habilidade e o conhecimento de valorizar os sintomas, correlacionando-os com a doença", explica.

A aceitação do problema dependerá, principalmente, de uma boa relação médico-paciente, com um médico parceiro e amigo, que transmita confiança. "O paciente deve saber claramente o que é a doença, com todas as possibilidades de evolução e tratamento", ressalta o Dr. Fabio.

Tratamento

Dependendo da intensidade e da repercussão dos sintomas sobre as atividades cotidianas, o tratamento da doença de Parkinson envolve medicamentos e até fisioterapia - que auxilia nas dificuldades de movimentação e de marcha; terapia ocupacional, acerca das dificuldades de execução de atividades e necessidade eventual de adaptações; fonoaudiologia, sobre dificuldades de fala ou deglutição; e psicologia, para aceitação e enfrentamento da doença, assim como sobre os sintomas depressivos.

Sobre as medicações possíveis, o Dr. Shiba explica que algumas podem até ser eficazes, mas não chegam a alterar a evolução da doença, pelo fato dela ser progressiva e crônica. "Eventualmente, podem ser necessários tratamentos cirúrgicos, como implantes de marcapassos cerebrais ou cirurgias ablativas, com lesão de áreas específicas do cérebro, para melhorar as condições do paciente", afirma.



(texto publicado na revista Ponto de encontro nº 62 - jun/jul de 2016)

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