É assim que o ator Vincent Cassel, francês de nascimento e carioca por opção, define a si mesmo. E isso já se reflete nos três filmes que está lançando
Em novembro, o ator francês Vincent Cassel completa 50 anos, três dos quais radicado no Rio de Janeiro. E lança, quase seguidos, dois longos brasileiros: O Filme da Minha Vida, dirigido por Selton Mello, e O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues. Antes disso, chega ao cinema a produção francesa Meu Rei, em que dá vida a Georgio, playboy que se envolve em um relacionamento tumultuado. No papo com CLAUDIA, cortado por algum português, ele falou sobre os três:
Meu Rei retrata um estereótipo machista: o da dificuldade de comprometimento. Isso é um clichê ou é real?
Evito generalizar comportamento porque acredito que o indivíduo é mais importante que seu gênero, mas confesso que muitos homens vieram dizer que tinham se reconhecido em Georgio, mesmo que apenas em algum ponto da vida. Entretanto, sei que a agressividade do personagem é um sinal de fraqueza. Por isso, acho que nos salvaria entrar mais em contato com nosso lado feminino, mais sutil, profundo.
Os homens têm medo de explorar esse lado?
Claro! Por muito tempo fomos respeitados pela nossa força; aí tememos o terreno mais sensível.
O roteiro explora a falta de comunicação nas relações e o divórcio. Sua experiência (Cassel se separou a atriz Monica Bellucci em 2013, após 14 anos de casamento) mudou a construção do personagem?
Acredito que nascemos para nos reproduzir, e ser um casal faz parte disso. Questiono, porém, o "felizes para sempre". O laço do casamento para a vida toda não me parece natural. A estabilidade é confortante, mas precisamos mesmo é de amor. Não escolhemos por quem vamos nos apaixonar e, às vezes, quem você ama é justamente aquele que vai machucá-lo, como mostramos no filme.
Você fez alguns trabalhos no Brasil. Como foi isso?
A ideia de morar no Brasil não incluía trabalhar. Não me mudei para isso. Mas gosto de fazer parte da sociedade brasileira; ela é a minha por escolha. Não quero ser o gringo que vai e vem, quero ser o gringo disponível (risos). A oportunidade de trabalhar com Cacá Diegues, um dos últimos nomes do Cinema Novo, era imperdível: o Cinema Novo é como a nouvelle vague francesa, é um protesto artístico e político. E também não poderia recusar um filme com Selton Mello que, com Wagner Moura, conseguiu escapar do esquema de ser um ator de telenovela. Para mim, trabalhar com os dois é uma declaração de que estou para sempre no Brasil.
Evito generalizar comportamento porque acredito que o indivíduo é mais importante que seu gênero, mas confesso que muitos homens vieram dizer que tinham se reconhecido em Georgio, mesmo que apenas em algum ponto da vida. Entretanto, sei que a agressividade do personagem é um sinal de fraqueza. Por isso, acho que nos salvaria entrar mais em contato com nosso lado feminino, mais sutil, profundo.
Os homens têm medo de explorar esse lado?
Claro! Por muito tempo fomos respeitados pela nossa força; aí tememos o terreno mais sensível.
O roteiro explora a falta de comunicação nas relações e o divórcio. Sua experiência (Cassel se separou a atriz Monica Bellucci em 2013, após 14 anos de casamento) mudou a construção do personagem?
Acredito que nascemos para nos reproduzir, e ser um casal faz parte disso. Questiono, porém, o "felizes para sempre". O laço do casamento para a vida toda não me parece natural. A estabilidade é confortante, mas precisamos mesmo é de amor. Não escolhemos por quem vamos nos apaixonar e, às vezes, quem você ama é justamente aquele que vai machucá-lo, como mostramos no filme.
Você fez alguns trabalhos no Brasil. Como foi isso?
A ideia de morar no Brasil não incluía trabalhar. Não me mudei para isso. Mas gosto de fazer parte da sociedade brasileira; ela é a minha por escolha. Não quero ser o gringo que vai e vem, quero ser o gringo disponível (risos). A oportunidade de trabalhar com Cacá Diegues, um dos últimos nomes do Cinema Novo, era imperdível: o Cinema Novo é como a nouvelle vague francesa, é um protesto artístico e político. E também não poderia recusar um filme com Selton Mello que, com Wagner Moura, conseguiu escapar do esquema de ser um ator de telenovela. Para mim, trabalhar com os dois é uma declaração de que estou para sempre no Brasil.
(texto publicado na revista Claudia nº 9 - ano 55 - setembro de 2016)
O filme da minha vida (trailer)
Nenhum comentário:
Postar um comentário