sábado, 12 de maio de 2012

As novas panelas saudáveis - Hilda Sabino

Pense em seu fogão e tente se lembrar da última vez que uma panela zero quilômetro desembarcou por lá. Se você não conseguiu se recordar, saiba que vale a pena olhar com atenção para esse utensílio. Além de influenciar o sabor, ele também pode acrescentar uma pitada de saúde às receitas. Pelo menos é esse o compromisso de uma série de produtos que estão chegando ás prateleiras das lojas e supermercados. Porém, antes de renovar o estoque de casa, é melhor ficar esperto e evitar compras que acabem em panelaço.

Um exemplo de como a tecnologia pode dar uma mãozinha para deixar a comida mais saudável é a panela Actifry, lançada pela Arno. A novidade praticamente elimina a gordura utilizada no preparo de inúmeros pratos. "Ela mantém a temperatura estável e ao mesmo tempo movimenta o alimento, garantindo a textura que teria se tivesse sido frito por imersão", assegura Carolina Giuntoli, gerente de produto do grupo SEB, fabricante do utensílio. "Além disso, com o calor atingindo no máximo 180 graus, é possível escolher um óleo mais saudável, como o de linhaça, e preservar seus nutrientes, já que ele não corre o risco de queimar", completa.

Por falar em calor, seu controle é fundamental para conservar intactas as benesses de vários ingredientes. É que temperaturas muito altas alteram sua estrutura, o que pode comprometer nutrientes importantes. "As fontes de proteína, por exemplo, são mais bem aproveitadas se cozidas. Porém, se a comida queima, seu valor nutricional diminui", explica a nutricionista Késia Quintaes, professora da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Para acertar no ponto saudável, o conselho é comprar panelas com fundo triplo. "Trata-se de uma espécie de sanduíche, com um material que conduz bem o calor entre duas camadas de revestimento, evitando que a parte de baixo superaqueça e a de cima continue fria", esclarece Késia.

Outros lançamentos facilitam uma técnica que já é conhecida por não deixar que vários nutrientes escapem: cozinhar no vapor. É o caso da panela de pressão Rochedo Turbo, da Rochedo. "Com um cesto em seu interior, ela prepara alimentos sem que eles fiquem imersos na água", conta Eduardo Dagnone, também gerente de produto do grupo SEB, que é o responsável por esse item. "Esse processo evita que se percam compostos hidrossolúveis, como as vitaminas B", diz a nutricionista Andréa Esquivel, de São Paulo. "A questão é que outras moléculas precisam da água para serem absorvidas, como o betacaroteno da cenoura." Se optar por esse cozimento, cuidado para não exagerar no sal: "No valor, ele tem mais dificuldade para penetrar no alimento e a tendência é exagerar", alerta Késia.

Na onda verde, a empresa Neoflam lançou no final do ano passado uma linha de panelas antiaderentes que não contém PTFE e PFOA. Essas duas siglas representam compostos químicos utilizados na fabricação da maioria desse tipo de revestimento e  frequentemente vão para a berlinda como possíveis ameaças à saúde. "A nossa tecnologia é feita à base de areia e pedra e sua performance é idêntica à dos produtos tradicionais encontrados no mercado", garante José Roberto Petrak de Campos, gerente comercial da marca.

Recentemente no Journal of the American Medical Association foi publicada uma pesquisa que analisou os efeitos do PTFE e PFOA e observou que eles podem diminuir a ação das vacinas em crianças. Mas não é só isso. "Alguns estudos com roedores também relacionaram a exposição a esses compostos ao risco de câncer no fígado", diz Késia Quintaes. "No entanto, extrapolar esse resultado para seres humanos ainda é controverso".

Os fabricantes garantem que não há risco. 'Realizamos testes há mais de 60 anos em cozinhas residenciais e profissionais que atestam a segurança do nosso revestimento", esclarece José Rubens Tavares, gerente da área de fluorquímicos da DuPont, fabricante do Teflon, um dos antiaderentes mais conhecidos por aqui. Manusear da forma correta faz toda a diferença. "O ideal é manter a temperatura média, limpar sem abrasivos, como esponjas metálicas, e evitar deixar a panela vazia em cima da chama acesa", ensina Tavares.

No mais, não basta só investir no utensílio certo. "O bom senso deve estar sempre presente na hora de escolher os alimentos também, senão de nada valem a tecnologia ou o preço do produto", conclui a nutricionista Andréa Esquivel.

Velhas conhecidas

Barro - ela absorve os resíduos dos alimentos, favorecendo a proliferação de bactérias. Por isso, muita atenção na hora da limpeza.

Ferro - Quando aquecida, a peça transfere o mineral para o alimento, o que, no caso, é benéfico. Mas o excesso pode prejudicar o sistema digestivo.

Alumínio - É a mais popular das panelas, mas não deve ser usada para doces: a acidez pode facilitar que o metal vá parar na comida.

Pedra-sabão - É uma campeã no quesito saúde: turbina a dieta com cálcio, ferro e magnésio. Além disso, também afasta metais pesados, como o níquel. Use-a no preparo de ensopados e caldos.

Inoxidável - Dura bastante e distribui o calor de forma bem uniforme. É indicada para uso diário, já que não solta resíduos e a comida pode ser armazenada nela sem riscos.


(texto publicado na revista Saúde)

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