sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Revolta na FIAT - Andrea Postiglione (Il Fatto Quotidiano) - trad. Carolina de Assis


Na Itália, cresce discriminação contra operários sindicalizados

Enquanto Sergio Marchionne, CEO da Fiat, festeja o lançamento do novo Panda, a Fiom (Federação dos Empregados e Operário Metalmecânicos) ataca com um dossiê que elenca um por um os direitos negados aos trabalhadores da empresa. Há a história de um operário que estava em casa desde junho de 2010 e que foi reconvocado somente após ter deixado a Fiom; os dois assistentes de montagem que, por se recusarem a mudar de sindicato, ainda estão em férias compulsórias. Em conversa com um outro assistente, o diretor da fábrica de Pomigliano teria sido ainda mais explícito: "Quando fizermos a seleção do pessoal a ser reconvocado ao trabalho, não vamos perder tempo com os inscritos na Fiom".

Tudo isso e muito mais no relatório que o sindicato está organizando intitulado "A Fiat e os direitos dos trabalhadores: o retorno dos  fantasmas do passado". Doze páginas em que os operários, todos protegidos pelo anonimato, denunciam o "comportamento discriminatório" que os dirigentes da Fiat teriam com relação aos metalmecânicos da Cgil (Confederação Geral Italiana do Trabalho) nas instalações de Pomigliano d'Arco, província de Nápoles, no sul da Itália.

Férias compulsórias

Os mais de 50 mil operários da antiga Fiat deveriam todos ser incorporados á Fábrica Itália, mas para produzir as 230 mil Pandas anunciadas por Marchionne - que a princípio deveriam ser 280 mil - bastaria a metade. Também por isso são preocupantes as listas de nomes referidas por um assistente de montagem no dossiê: os funcionários seriam divididos entre "bons", "menos bons" e "maus", e para estes últimos não haveria espaço na nova empresa. Quase todos eles são inscritos na Fiom, que não por acaso sofreu uma queda no número de inscritos nos últimos meses: em junho de 2010 eles somavam 850; hoje, com muito otimismo, são a metade.

Segundo Antonio Di Luca, operário inscrito na Fiom de Nápoles que continua em férias compulsórias, "a impressão é de estarmos observando algo muito preocupante para o nosso país, que pode incidir diretamente não somente sobre a qualidade do trabalho industrial, mas sobre toda a sociedade. É o 'toyotismo' que ultrapassa os muros da fábrica e se torna parte da vida cotidiana de todos. Ao ler as denúncias dos operários, parece que estamos frente a uma estrutura corporativa autoritária que se organiza segundo as leis da discriminação e segundo a disciplina e os princípios do quartel".

A intenção é estender o dossiê a todos os estabelecimentos italianos e internacionais da empresa. "Começaremos com a Itália, mas queremos recolher os depoimentos dos operários poloneses e sérvios. Recebemos denúncias contínuas sobre as péssimas condições nas quais nossos colegas de outros países são obrigados a trabalhar".


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