sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Meu cachorro vê espíritos! - Leandro Martins


Você certamente já ouviu algum "causo" envolvendo animais e fantasmas. A cultura popular é repleta destas histórias que, embora a floreadas pela fantasia, podem revelar também casos reais. Vejamos.

A pedagoga Ana Maria Fernandes, moradora do Rio de Janeiro, nos relata um caso interessante que ilustra bem a facilidade com que o plano espiritual interage no cotidiano dos encarnados. 

"Era uma sexta-feira à noite e eu havia chegado em casa com meu marido e meus dois filhos; fomos passar o fim de semana na serra, em Nova Friburgo. Enquanto ele providenciava o banho das crianças eu me dirigi à cozinha para preparar o jantar. Tal foi o meu susto ao ver o Bob, nosso poodle de estimação, olhar e latir desesperadamente em direção à garagem. Ele latia assustado como se algo ou alguém viesse ao seu encontro. E o mais engraçado é que a garagem estava vazia, pois o Paulo, meu marido, havia deixado o carro na rua. Eu olhava e nada via, e o Bob insistia em atacar a visita invisível."

Este episódio aconteceu no início de 2005 e até hoje, todas as vezes que o Bob acompanha a família Fernandes a esta casa n região serrana do Rio de Janeiro, ele apresenta o mesmo comportamento. Fato que não acontece em nenhum outro local, inclusive na casa da família, onde o cachorrinho passa a maior parte do tempo. Consultamos o Sr. Osvaldo Silva, dirigente das reuniões de estudos mediúnicos da Casa Espírita Irmãos no Bem, e ele nos informa que certamente o Bob era atraído por alguma entidade que desejava se fazer presente naquele local específico. Como a família não a notava, ela se mostrava para o cachorro, a fim de estabelecer uma comunicação, não com o animal, fato, segundo ele, impossível de acontecer, mas que chamando a atenção dos donos da casa, haveria a oportunidade de ser notada.

Buscamos a orientação de Kardec para tentarmos entender esta passagem e encontramos uma explicação do Espírito Erasto, durante reunião ocorrida na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, e publicada na "Revista Espírita" de agosto de 1861. Conforme ensina Erasto, sem o auxílio de um médium, não pode haver, em hipótese alguma, nenhum tipo de intercâmbio inteligente entre encarnados e desencarnados, sejam elas tangíveis, mentais, descritivas, físicas ou de qualquer outra natureza. Porém, ele informa que os Espíritos podem sim se tornar visíveis aos animais, mas a comunicação é apenas visual.

O pavor do cachorrinho Bob ao perceber alguém na garagem da sua casa ilustra bem esta afirmação. Ele não pôde distinguir de quem se tratava, mas certamente, entendeu que essa "pessoa" era um intruso que entrava em seu território. E, desta forma, agem outros animais, inclusive cavalos e gatos, personagens dos "causos" contados pelos moradores do interior do país. "Isso estabelecido, reconheço perfeitamente que, entre os animais, existam aptidões diversas; que certos sentimentos, que certas paixões idênticas às paixões e aos sentimentos humanos se desenvolvem neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e odiosos, segundo se proceda bem ou mal com eles. É que Deus, que não faz nada incompleto, deu aos animais companheiros ou servidores do homem, qualidades de sociabilidade que faltam inteiramente aos animais selvagens, que habitam as solidões", explica Erasto. Aqui ele se refere aos animais domesticados cuja afinidade está mais acentuada ao convívio humano.

Ernesto Bozzano, ao publicar em 1926 o livro "Animaux et Manifestations Metaphychiques" (Animais e manifestações mediúnicas), afirma que alguns animais percebem a presença de espíritos antes mesmo de vê-los. Mas essa sensação não se manifesta por um tipo específico de mediunidade, e sim de sentidos típicos da raça, desconhecidos ainda para o ser humano.


MEDIUNIDADE

Mas, se os animais podem ver e, em alguns casos, até serem tocados por um espírito, é possível algum tipo de comunicação mediúnica inteligente? Para responder a esta pergunta reportamo-nos a um frase famosa do escritor Herculano Pires: "O animal só terá condições para a mediunidade ao atingir a síntese dos poderes dispersos nas espécies de seu reino para elevar-se ao plano humano. Mas, então, não será animal, será homem" ("Mediunidade - Vida e Comunicação" -capítulo "Mediunidade Zoológica"). Voltando às observações do Espírito Erasto: "Para resumir: os fatos medianímicos não podem se manifestar sem o concurso consciente ou inconsciente do médium; e não é senão entre os encarnados, espíritos como nós, que podemos encontrar aqueles que podem nos servir de médiuns". Desta forma podemos entender que as manifestações mediúnicas são restritas ao ser humano.



(texto publicado na revista Alma Animal nº 14 - ano 6)





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