quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Em caso de dor, engane o cérebro


A ciência mostra que terapias alternativas são eficazes para bloquear o caminho da dor e combater seus efeitos

A cada três pessoas no mundo, uma sofre com dores crônicas, e 80% da população sente dor em algum momento da vida, segundo dados do XV Congresso Mundial da Dor. Em alguns casos, a dor se torna o problema e deixa de ser somente o sintoma de alguma doença. Com números tão impressionantes, cada vez mais se investiga como aliviar a dor de tantas pessoas. Surgem, assim, alternativas de tratamentos que visam evitar efeitos colaterais e deixar a vida do paciente mais saudável. Eletroestimulação, termoterapia e acupuntura são bons exemplos já utilizados par aliviar dores de diversas causas, como ginecológicas, musculares, reumáticas e fibromialgia.

No caso das dores ginecológicas, os números também impressionam. A cada dez mulheres que procuram um ginecologista, três se queixam de dores pélvicas crônicas. Elas podem ser cólicas menstruais ou estar ligadas a problemas como endometriose, vaginite, inflamação crônica, infecção urinária e constipação intestinal. "Dores extremas e que persistem por mais de seis meses geram incapacidade funcional e comprometem a qualidade de vida", diz o médico Paulo César Giraldo, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

A boa notícia é que os métodos de combate a esse tipo de dor estão cada vez mais acessíveis e menos invasivos. A ciência já deu seu aval para a eficácia de métodos que ajudam a enganar o cérebro e bloquear os efeitos da dor. Um estudo premiado no XX Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, em 2015, comprovou, por exemplo, os benefícios da tecnologia de neuroestimulação (TENS) para o tratamento complementar da endometriose. "Os tratamentos fisioterápicos são eficazes, têm base científica e podem ser usados sozinhos ou em associação com o tratamento clássico", afirma Paulo Giraldo. Veja, ao lado, três formas de aliviar os efeitos da dor. 

Um alívio para a dor

Conheça três tratamentos terapêuticos e suas aplicações para dores ginecológicas

Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS)

Uma das alternativas mais eficazes para aliviar dores crônicas, a tecnologia TENS age por meio de pulsos elétricos que impedem o estímulo da dor de chegar ao cérebro. As ondas têm efeito analgésico e aumentam a liberação de neurotransmissores responsáveis pela redução das dores, diminuindo a sensibilidade do local mesmo após o uso. Desde os anos 1980, as clínicas de fisioterapia usam a eletroestimulação. A grande novidade é a chegada de um aparelho simples, portátil e autoaplicável. Ele minimiza cólicas menstruais e outras dores. "Dependendo da dor, a mulher não responde bem a medicamentos", diz a fisioterapeuta Ticiana Mira. "Com o TENS, ela passa a ter maior controle sobre o corpo."

Acupuntura

A técnica criada na China consiste na aplicação de finas agulhas em pontos estratégicos do corpo, que variam conforme o diagnóstico e o feito terapêutico desejado. Quando acionados pelas agulhas, esses pontos restabelecem o equilíbrio corporal. "As agulhas ajudam a estimular a produção de serotonina e endorfinas no sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor", afirma o médico Paulo Giraldo.

Termoterapia

A aplicação terapêutica de substâncias que estimulam o aumento ou a diminuição da temperatura gera alívio da dor. Envolve desde procedimentos simples, como o uso de bolsas térmicas e compressas de gelo, até os mais elaborados, como a radiação infravermelha. Os benefícios são gerados pelo aumento do fluxo sanguíneo e do metabolismo. Pode combater o desconforto gerado por cólicas.



(texto publicado na revista Veja edição 2482 - ano 49 - nº 24 - 15 de junho de 2016)

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