Serra da Canastra. Nascente do rio São Francisco, cachoeiras, produtos típicos e o animal do cerrado atraem turistas à região mineira
Existe um pedaço do Brasil que reúne muitos tesouros naturais. É na Serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais, que fica a nascente do rio São Francisco e uma das maiores e mais belas cachoeiras do país, a Casca D'Anta. A região é a casa do lobo-guará, um animal que corre risco de extinção.
O solo contém uma das maiores reservas de diamantes do país. E com a união das propriedades, do pasto e da água, as vacas produzem um leite usado para fazer uma deliciosa iguaria, o queijo artesanal da Canastra.
São tantas as razões para visitar a região que o turismo tem sido um aliado para o desenvolvimento econômico de diversos pequenos municípios que circundam o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972 para proteger as nascentes do Velho Chico. Se há 30 anos a principal atividade de Vargem Bonita era o garimpo predatório de diamantes, hoje é a agricultura, a pecuária e a produção de queijos.
A cidade de São Roque de Minas, coração dessa cultura queijeira, que tem quase dois séculos de tradição, é o principal reduto de turismo ecológico. Situada próximo à entrada do parque, ela reúne a maior quantidade de produtores com certificação de origem do queijo.
Mas são as belezas dos 71 mil hectares do Parque Nacional que mais atraem os visitantes. Os passeios, feitos em veículos 4 x 4, proporcionam imagens inesquecíveis. Pastagens de cerrado, milhares de tipos de plantas e animais. E a grande atração: o lobo-guará.
Graças ao trabalho do Instituto Pró-Carnívoros com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o parque tem hoje a maior concentração de lobos-guará da América do Sul: cerca de 150. Pode parecer muito, mas para um animal solitário essa quantidade ainda é muito pequena para manter uma população que sobreviva a grandes incêndios, mortes por atropelamentos e problemas de saúde causados por contato com animais domésticos. O grupo de pesquisadores trabalha dentro e fora do parque para mapear e acompanhar os lobos, mas o grande desafio é educar os moradores e produtores rurais.
Com o avanço das pastagens e das plantações, o habitat dos lobos foi sendo drasticamente reduzido e as queimadas frequentes matam as plantas e outros animais que servem de alimento para os lobos-guará. Com o aumento do turismo, a população local tem melhorado a relação com o parque nacional e com os lobos.
(texto publicado no jornal Metrô - 24 de outubro de 2016)
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