sábado, 29 de outubro de 2016

Projeto educacional mostra às crianças a importância da abelha para a vida humana - Graciela Zabotto


Na Cidade das Abelhas, em Embu das Artes, as crianças aprendem de forma divertida, que a principal função desse inseto não é produzir o mel, mas sim ser a principal polinizadora de várias espécies de vegetais.

No início desse mês, o Fish and Wildlife Service (FWS), órgão norte-americano com funções semelhantes ás do Ibama aqui no Brasil, anunciou que, pela primeira vez, as abelhas entraram para a lista de espécies em extinção nos EUA. E não é só o mel que faltaria com a ausência desse simpático inseto listrado em preto e amarelo. As abelhas são essenciais para a vida humana, pois são responsáveis pela polinização das plantas. Quando buscam seu alimento nas flores, elas levam junto ao corpo o pólen para outras plantas, possibilitando assim a reprodução. Sem sua principal polinizadora muitas espécies vegetais deixariam de existir.

Como toda essa infeliz realidade em torno de um inseto pequeno no tamanho - cerca de 2 centímetros - mas de extrema importância para a humanidade, quem poderia imaginar que, há pouco mais de 27 km de Osasco, existe um local com, aproximadamente, 80 colmeias com cerca de 60 mil abelhas cada uma? Criada em 1980, em Embu das Artes, a Cidade das Abelhas tem 100 mil metros quadrados de muito verde com reserva florestal da Mata Atlântica e milhares de plantas melíferas, que produzem pólen e néctar em abundância em vários meses do ano. Mentora e realizadora das principais atrações que existem hoje no local, foi Vera Ferraz Donnini quem fundou a Cidade das Abelhas, hoje considerada um Parque Ecológico, Cultura e de Lazer. Conhecida também como professora "Veruska", o objetivo era conscientizar a população, principalmente as crianças, sobre a importância das abelhas para a vida no planeta.

"Ela queria mostrar que sem as abelhas e a polinização cruzada nas flores, nós, seres humanos, não teríamos alimentos. Esta é a principal função das abelhas e de todos os insetos polinizadores", disse Wilson Donnini, diretor da Cidade das Abelhas, ao lado da também diretora, Idely Lopes Donnini. Pensado para ser uma sala de aula ao ar livre para as crianças, na Cidade das Abelhas todos os ambientes são temáticos. As cores preto e amarelo predominam e em cada canto há boneco ou desenho desse inseto que trabalha em prol da vida.

Com palestras e teatro interativo com o biólogo e 'abelha rainha', as crianças aprendem a importância das abelhas no transporte de pólen de uma flor para a outra, a chamada polinização, processo onde as flores são fecundadas, iniciando o desenvolvimento de frutos e sementes. Por ser mais rápida, a abelha é o animal que melhor faz a polinização, isso porque ela consegue voar em ziguezague e, após um tempo com a colônia instalada em certo local, consegue saber qual o melhor horário para coletar pólen. Para envolver as crianças no mundo das abelhas, o Parque conta com várias atividades que falam a mesma língua dos pequenos. No Abelhão - um boneco com 3 metros de altura e 18 de comprimento - a criançada aprende sobre a anatomia do inseto. Com paredes de vidro, no Apiário Modelo elas podem ver as abelhas produzindo. No Museu de Apicultura e Mel, os visitantes mirins aprendem sobre a história desse delicioso doce natural e batem um papo com os técnicos apicultores. Já na Casa do Mel, eles podem degustar os méis das floradas da Cidade e ainda conferir pratos, meleiras, canecas e outras pelas exclusivas com abelhinhas.

As crianças também podem brincar no 'LaBEErinto'; se aventurar no 'Arbelhismo' - arvorismo não radical com desafios com vários graus de dificuldade - e nos tobogãs fechados no alto da 'Abelha Gigante'. A diversão continua no 'pula-pula da abelhinha', na cama elástica e na "Colmeia Gigante', que reproduz o som original das abelhas.

As crianças ainda têm contato mais próximo com a natureza durante o passeio pelas trilhas do parque ecológico e conhecem as minas d'água. "A Cidade das Abelhas tem três nascentes que desaguam no rio Embu Mirim e seguem para a Bacia Hidrográfica do Guarapiranga", lembrou Donnini. Tudo isso para mostrar aos pequenos cidadãos a importância das abelhas para a vida humana.

Donnini afirma que a maioria das crianças chega ao Parque com medo das abelhas, mas, segundo ele, a situação muda até o final do passeio. "Quando elas saem, após as palestras e a aproximação com as abelhas, as crianças geralmente perdem o medo e se tornam defensoras das abelhas". Já são 36 anos de vida. Segundo Donnini, por ano, cerca de 15 mil crianças e adultos visitam o Parque Ecológico, Cultura e de Lazer Cidade das Abelhas, certificado oficialmente pelo Projeto Oásis de conservação de mananciais e reconhecida pelos órgãos estaduais e entidade internacionais. Seu Museu de Apicultura e Mel, com biblioteca e a história do mel, das abelhas e dos apicultores no mundo, foi oficializado e faz parte do Cadastro Nacional de Museus do IBRAN-Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura/Governo Federal.

Mel in natura

Donnini explica que todo mel 'in natura' provem de plantas, onde as abelhas recolhem o néctar, transformam em seu pré estômago e depois regurgitam pela boca. Assim o mel é um produto do organismo da abelha. Todo mel, conforme a florada original, deverá cristalizar (açúcarar na linguagem popular). Alguns demoram muito e outros mais rapidamente, conforme a época do ano e principalmente no inverno. "Todo mel tem um odor da florada que o originou, um perfume característico. Ele deve ser comercializado em potes ou vidros de boca larga, para ser retirado mais fácil quando começa o processo de cristalização". Donnini ainda faz um alerta. "Para o mel voltar ao estado natural, nunca deve-se utilizar o microondas, mas derretê-lo em banho-maria leve". Ele ainda avisa que na embalagem do mel deve constar o Serviço de Inspeção Federal (SIF) - responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e não comestíveis destinados ao mercado interno e externo - ou o Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Estado de São Paulo (SISP).



(texto publicado na revista Viver nº 39 - outubro/novembro de 2016)

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