domingo, 24 de novembro de 2013

A elegante arte de escrever - Marcelo Sampaio, consultor do Mercado Luxo e Qualidade


Que saudades do tempo em que, ansiosamente aguardávamos por postais de viajantes queridos!

Que saudades das palavras escritas o próprio punho de amigos ou familiares distantes narrando fatos especiais ou mesmo histórias comuns!

Há muito não recebo um bilhete sequer envido pelos correios. Há tempos não me surpreendo com um envelope misterioso tentando descobrir o autor das letras corridas sobre o papel.

Tudo de bom quando éramos surpreendidos com a entrega de uma foto de alguém que, vivenciado um momento especial, eternizava no verso da mesma com palavras de dedicação e afeto.

Abro minhas caixas de recordações e encontro papéis de carta de motivos diversos preenchidos com palavras deliciosas dedicadas a mim, escritas por alguém especial em minha vida. Encontro cartões postais de viajantes garimpeiros e mais cartões de aniversários e datas festivas eternizando dedicatórias e doces mensagens de carinho.

Nada mais personalizado, nada mais íntimo e profundo do que isso.

Hoje, acostumados com as facilidades dos e-mails, escrevemos rapidamente palavras objetivas dando recados diretos a todos que nos rodeiam. Claro, não seria mais possível esperarmos dias por uma novidade, por uma imagem tirada há meses ou mesmo por uma dedicatória que hoje em redes sociais declaramos instantaneamente.

Mas e as surpresas? E as tentativas do reconhecimento de letras por fora de um envelope? E a ansiedade ao abrir uma carta sem saber o assunto tratado ou o porque da mesma? Acabou?

Basta retomarmos esse milenar hábito e debruçarmos sobre nossas mesas com nossas vidas e debulharmos contos, lágrimas, sorrisos e fatos especiais.

A intensidade é outra, o resultado para quem recebe é outro, a entrega para quem escreve é outra.

Tudo é único, todas as palavras são sentidas e amarradas, uma às outras, com alma, com força.

Provocaremos emoções muitas vezes guardadas, provocaremos o reacender de algo escondido e muitas vezes perdido.

Escrever, desenhar, pintar, faz de seu papel um presente, faz com que aquele momento da dedicatória seja absolutamente do outro, seja você e outro inteiros ligados através de emoções. Nenhum presente pode ter mais personalidade e elegância do que um texto personalizado escrito a mão.

Risque, rabisque, busque esse realizar esquecido dentro das gavetas empoeirdas. Tire o pó da vida e de suas vivências.

Compre novos papéis, novos envelopes, novas canetas, lápis, adesivos. Abasteça-se de elementos que te impulsionem a escrever, que te impulsionem a expressar o seu verdadeiro sentimento.

Entregue-se. Escreva, escreva e escreva.

Doe-se por inteiro. Chic!



(texto publicado na revista Tudo nº 34)




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