A síndrome de burnout ou o estresse intenso ligado ao trabalho afeta cada vez mais pessoas em todo o mundo. O termo do verbo inglês to burn out (queimar por completo, consumir-se) foi cunhado pelo psicanalista nova-iorquino Herbert J. Freundenberger no início dos anos 70. Ele constatou em si mesmo que sua atividade profissional, que tanto prazer lhe dera no passado, passou a deixá-lo cansado e frustrado. Também notou em muitos de seus colegas, antes apaixonados pelo próprio ofício, a estranha mutação que os transformava em cínicos depressivos, capazes de tratar os pacientes com insensibilidade e desinteresse.
Ao voltar sua atenção para outras profissões, encontrou os mesmos problemas: oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, muitas vezes combinados com sintomas físicos, como dor de cabeça ou distúrbios digestivos. Hoje, sentir-se estressado faz parte do cotidiano profissional. Em si, a reação do estresse é uma invenção sensata da natureza, porque auxilia o ser humano (e todos os vertebrados) a enfrentar situações de perigo. Sem que tenhamos consciência, o cérebro percebe riscos potenciais e - por meio de um mecanismo ancestral, do ponto de vista filogenético - põe o corpo em estado de alerta numa fração de segundo. O problema é que, mesmo sem estarmos diante de um urso enorme, mas apenas do chefe - que quer aquela apresentação pronta em meia hora -, nosso "programa de emergência" passa a funcionar do mesmo jeito: a glândula suprarrenal secreta os hormônios, o coração acelera, a pressão sobe. Se o estresse perdurar muito tempo pode debilitar o sistema imunológico.
Embora a quantidade de trabalho seja um fator relevante, não é o decisivo. Características de personalidade e experiências infantis tornam as pessoas mais ou menos propensas ao adoecimento em decorrência das pressões no trabalho. Além disso, se alguém enfrenta uma jornada de 12 horas diárias mas, ao mesmo tempo, encontra meios criativos de relaxar com periodicidade (e não apenas durante as férias, em geral uma vez por ano) é muito provável que não desenvolva problemas mais sérios.
(texto publicado na revista Mente Cérebro nº 225)
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