segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Desmistificando a dislexia - Janaina Gorski


Sintomas do distúrbio podem ser confundidos com dificuldades de aprendizagem

Com o avanço da medicina e da neurociência, algumas disfunções de aprendizado foram identificadas e devidamente nomeadas, como é o caso da dislexia. Alguns sintomas se confundem com características de crianças mais distraídas e podem fazer com que pais e professores acreditem que seu filho (a) ou estudante seja disléxico mesmo sem um diagnóstico adequado.

Para ajudar a esclarecer essa questão, a psicopedagoga clínica especializada em educação inclusiva e deficiência intelectual Sheila Pinheiro, 47, explica: "Primeiramente, é preciso saber distinguir a dificuldade de aprendizagem do distúrbio de aprendizagem. A dificuldade escolar é momentânea, passageira. A criança pode estar passando por questões emocionais, como o divórcio dos pais, por exemplo, ou pode ser um caso de inadequação metodológica, quando o estudante não se enquadra a uma escola tradicional então fica desinteressado. Já nos distúrbios de aprendizagem, a criança apresenta uma falha no processo de aquisição da informação. Cada parte do cérebro tem uma função e se uma parte específica falha, há uma disfunção, ou seja, um distúrbio de aprendizagem que precisa de uma intervenção para estimular essa região de tal forma que a pessoa possa superar suas dificuldades. A partir daí nós podemos ter a dislexia, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), a discalculia, disgrafia ou outros. Estudos definem a dislexia como um distúrbio específico da leitura escrita, de ordem neurológica e genética, por isso que, onde tem um disléxico, é possível encontrar um parente de primeiro ou segundo grau, que apresentou o mesmo sintoma".

Sinais de alerta

Alguns dos indícios a que pais e professores devem estar atentos são:

- Dificuldade em associar letra, som e a forma das letras;

- Omissão ou troca da ordem e direção das letras e sílabas;

- Pobre compreensão de textos escritos;

- Se expressar melhor oralmente;

- Dificuldades na assimilação de símbolos da matemática e para decorar tabuada:

- Erros durante a cópia de textos;

- Dificuldades na soletração de palavras;

- Dificuldades em perceber rimas;

- A presença dos mesmos erros continuamente.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico de dislexia é feito por exclusão com uma equipe de profissionais especializados. O neurologista poderá pedir alguns exames e fará a análise destes juntamente com os pareceres de um psicólogo, de um psicopedagogo e de um fonoaudiólogo. Dependendo do caso, o médico poderá pedir ainda o parecer de um oftalmologista, otorrinolaringologista ou outros, a fim de descartar quaisquer outras dificuldades visuais ou auditivas.

Sendo diagnosticada a dislexia, o médico recomendará o tratamento adequado para cada caso. Sheila Pinheiro acrescenta que "a dislexia se beneficia de terapias como a psicopedagogia, que utiliza métodos multissensoriais para auxiliar o paciente no processo de aquisição do aprendizado da leitura e da escrita, orientando inclusive a escola, em como avaliar e incluir o disléxico de forma adequada no processo de ensino e aprendizado".

A Associação Brasileira de Dislexia atesta que "todas as leis, legislação e diretrizes educacionais não são específicas para os disléxicos, apenas engloba o que tange a inclusão escolar, como direito de qualquer cidadão". A psicopedagoga Sheila esclarece, "A escola precisa de um amparo legal, que é o diagnóstico médico. A partir daí o disléxico tem o direito de ter adaptações curriculares e avaliações diferenciadas por ser considerado caso de inclusão escolar". Com acompanhamento médico e tratamento adequado, os disléxicos podem superar e contornar suas dificuldades, levando suas vidas normalmente.




(texto publicado na revista Atitude edição 011 - ano 2 - agosto de 2012)

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