sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Inteligência social é agir com ética - Eduardo Shinyashiki


Nos últimos anos, a crise de valores e ética e a indiferença moral, tornaram-se alvo de urgente atenção e conscientização

Cada vez mais o ser humano conquista contextos externos, novas descobertas e resultados, porém, ao mesmo tempo, presenciamos injustiças, individualismo e corrupção na sociedade, na gestão de empresas e nos negócios.

O ser humano, olhando muito para fora, pouco conhece sobre si mesmo e sobre suas reações ou até mesmo sobre como lidar com os conflitos, dificuldades, desafios, sonhos e objetivos. Outra dificuldade é como lidar com as outras pessoas, tendo consciência de que os nossos atos influenciam a vida daqueles que estão no nosso entorno e que a nossa liberdade e escolhas acarretam em responsabilidade e consequências.

A interdependência da inteligência emocional, inteligência social e da ética permite, pelo menos em parte, responder a essas reflexões. Essas disciplinas se tornaram assunto muito presente no âmbito organizacional, percebidas como instrumentos para harmonizar e equilibrar a razão e a emoção nas relações interpessoais.

A inteligência social é a capacidade de compreender, interagir e influenciar positivamente as pessoas. Ela tem como foco a qualidade e harmonia das relações interpessoais e, consequentemente, melhorar a forma de se relacionar com as pessoas, criando um clima positivo e de cooperação em qualquer contexto da nossa vida, para uma convivência solidária.

Essa inteligência se desenvolve na relação com o mundo externo e origina-se da inteligência emocional que inclui o autoconhecimento, autoanálise, controle das emoções, automotivação, reconhecimento das emoções nas outras pessoas, saber usar as emoções adequadamente para atingir os objetivos, chegando, enfim, a ter ações responsáveis e aptidões sociais adequadas ao conceito de ética.

Do termo grego ethos, a ética refere-se na sua essência ao "interior do homem" ou "morada humana". A ética então é o estudo da conduta humana, ela refere-se ao agir do ser humano. Refletir sobre ela significa analisar a nossa ação, tornando-nos mais atentos e mais conscientes das atitudes que praticamos em qualquer contexto da nossa vida.

A ética é então o complexo de critérios e valores que guiam nossas ações e comportamentos, por exemplo o respeito, a honestidade, a coerência, cooperação e confiança. Por meio do crescimento pessoal e da evolução dos valores, moldamos a concepção de ética e, quanto maiores os níveis de inteligência emocional que um indivíduo desenvolve, mais elevado será o seu nível comportamental ético.

As emoções, a inteligência social e a ética são então evidentemente interligadas e interdependentes e são fatores impactantes e importantes na vida em geral e consequentemente na vida organizacional.

A emoção e a ética são consideradas como pontos de vista distintos de uma mesma realidade e se soubermos compreender nossas próprias emoções e as dos outros saberemos reagir a situações de forma mais ética. Logo, atuar de forma ética é agir de forma inteligente.

A empatia e a compreensão das emoções do outro nos permite criar relacionamentos sólidos, e a ética permite construir alicerces para uma convivência mais pacífica e respeitosa, capaz de superar as diferenças, pois, de forma ampla, a ética é agir na busca da realização individual e do bem comum. Nas últimas décadas, começou a ganhar força uma nova sensibilidade dentro das organizações, ligada ao fator humano, à atenção aos valores, aos relacionamentos interpessoais, ao trabalho em equipe e ao indivíduo como um todo.

Nossas decisões, em todos os planos, precisam ser coerentes com nossos valores e com nossas emoções. No contexto profissional, essa coerência precisa ser mais forte ainda, sob pena de vivermos em um constante conflito. Diante disso, precisamos então ter clareza acerca das nossas emoções e de nossos valores.

O grande segredo para fortalecermos e disseminarmos a ética é por meio da educação. Com ela podemos construir a competência intelectual, emocional e ética, contribuindo para a formação de uma sociedade mais coerente e equilibrada.

Ao escolher a ética como um princípio de vida estamos tomando a decisão mais inteligente. Se nos dedicarmos a compreender as nossas próprias emoções e também as dos outros, poderemos encarar os acontecimentos de forma mais simples e espontânea, criando um clima positivo e de cooperação em qualquer contexto da vida.



(texto publicado na revista Psique nº 118 - ano IX)

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