sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Cosméticos naturebas - Tatiana Izquierdo


Paulistanas investem na produção artesanal de itens de beleza como xampus, cremes e maquiagens

Durante sete anos, Eloisa Toguchi trabalhou como treinadora da equipe de vendas da Dior. Em 2015, pediu demissão da multinacional francesa para se dedicar a cursos que a levaram a abrir um negócio no mesmo ramos de beleza. Em uma bancada em seu apartamento, na Consolação, reúne ingredientes como vinagre, óleo de oliva, açafrão e açúcar mascavo. Pode até parecer que vai preparar uma receita gastronômica, quando, na verdade, fabrica cosméticos naturais. Sua produção será vendida a partir de agosto em uma loja própria, em Pinheiros. O frasco de xampu de 220 mililitros, com composição personalizada, custará 35 reais. "Passei a comprar matéria-prima em feiras orgânicas e fiz as primeiras fórmulas em casa, até chegar ao ponto ideal", conta.

A exemplo de Eloisa, outras paulistanas começaram a trilhar um caminho semelhante nos últimos tempos. A ideia é atingir um público que, por princípio, foge dos artigos industrializados. Os veganos, cuja filosofia defende o uso de produtos em origem animal, representam boa parte desse pessoal. Em 2014, Ana Luiza Vilela criou o e-commerce Boa Saboaria. Vendia cerca de quinze sabonetes naturais por mês. Hoje, atinge 180 unidades e fatura aproximadamente 4 000 reais. "As pessoas andam mais preocupadas com a procedência daquilo que compram", afirma. A advogada Priscila Hoga também integra o grupo. Desde 2013 fabrica em casa seus itens de beleza. "É muito fácil", garante.

Os adeptos buscam receitas na internet ou frequentam cursos como o da artesã Beth Bacchini, com dezessete anos de experiência na área. "O número de alunos saltou de dez para oitenta neste último ano", comemora. A dermatologista Carla Vidal explica que silicones e parabenos em excesso, bastante presentes em artigos industrializados, oferecem risco até mesmo de câncer. Mas nem tudo o que é natural funciona para todo mundo. "Certos ativos podem causar reações adversas em algumas pessoas ou não ter o efeito esperado", afirma. "Vale testar antes o produto em uma pequena parte da pele ou dos cabelos."




(texto publicado na revista Veja São Paulo de 20 de julho de 2016)

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